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007 – Sem Tempo para Morrer - A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 30/09/2021
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A grande estreia dessa semana, sem dúvida alguma, é 007 – Sem Tempo para Morrer e, bem por isso, irei comentar sobre esse filme. Mas, nessa edição quero, mais uma vez, abrir espaço para o cinema nacional. Há alguns dias eu falei sobre a necessidade de dar espaço e ênfase às produções cinematográficas brasileiras por uma série de razões. Agora, algumas semanas depois, me deparei com várias críticas infundadas sobre a obra nacional que quero destacar hoje, a dobradinha, A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais. Na edição dessa semana o melhor da Sétima Arte nacional e internacional para você.

Começarei comentando sobre a nova história de James Bond. De antemão eu já gostaria de confessar que o Bond de Daniel Craig não é a minha versão preferida do famoso agente criado por Ian Fleming. Você pode até achar estranho, mas meu James Bond favorito é aquele interpretado por Pierce Brosnan entre os anos 1990 e início dos 2000. Eu sei que essa não é a melhor versão, que Sean Connery é icônico nesse papel, mas o Bond de Brosnan fez parte da minha vida, tanto pelos filmes quanto pelo jogo para Nintendo 64 inspirado no filme 007 Contra GoldenEye, de 1995 (eu era viciado nesse jogo!). Bem por isso, eu tenho uma certa memória afetiva dessa fase de 007, que caiu por terra com o reboot empreendido em 007 – Cassino Royale, de 2006, e a chegada de Daniel Craig como o novo James Bond.

Se você é fã da franquia com certeza percebeu a mudança brusca entre esses dois atores, saiu de cena a conversa sedutora e o típico charme inglês e entrou em cena a brutalidade seguida de poucas palavras. A meu ver, Craig era tudo, menos James Bond. Mas, para os olhos do mundo ele era o frescor que a franquia precisava e o ator acabou fazendo história nesse papel e garantindo a estrondosa cifra de 1 bilhão de dólares em bilheteria com o aclamado 007 – Operação Skyfall. Após isso, a interpretação de Craig começou a demonstrar cansaço e o resultado final do próximo filme, 007 contra Spectre, não foi capaz de repetir o mesmo sucesso. A crítica especializada anunciava a pá de cal para a versão Craig de Bond e até o próprio ator concordava com isso.

Mas o estúdio e os produtores não viam as coisas por esse ângulo e resolveram dar um capítulo final digno para a versão de Craig para 007 e assim chegamos à estreia dessa semana, 007 – Sem Tempo para Morrer. Dirigido por Cary Fukunaga, o filme vem conquistando a crítica internacional, que até agora só teceu elogios. Seja pela ação, pelo tom soturno, ou pelos easter eggs estrategicamente distribuídos ao longo da trama para agradar ao público, ele tem tudo para ser um sucesso.

A grandiosidade do filme também se deve a seu elenco competente que, além de Daniel Craig, conta novamente com Léa Seydoux como Madeleine, Ralph Fiennes com M, Christoph Waltz como Blofeld e o grande vencedor do Oscar, Ramy Malek no papel do vilão. Interpretações poderosas e que esbanjam charme e brilhantismo. Nesse ponto, até mesmo Craig, a seu modo, resgata em sua atuação um pouco do charme britânico tão característico de Bond. Vamos à trama!

Nessa história, depois de sair do serviço ativo da MI6, James Bond vive tranquilamente na Jamaica, mas a vida do espião 007 será agitada mais uma vez. Felix Leiter, um velho amigo da CIA, está à procura de Bond para um pequeno favor, ajudá-lo numa missão secreta. O que era para ser apenas uma missão de resgate de um grupo de cientistas acaba se tornando algo muito mais complicado e levando o agente inglês 007 ao misterioso vilão Safin, que utiliza de novas armas fruto de uma tecnologia avançada , extremamente perigosas.

 

Agora que você já sabe o que esperar de 007 – Sem Tempo para Morrer, quero comentar rapidamente sobre uma estreia que aconteceu no streaming da Amazon, o Prime Video, na última semana. Essa estreia nacional tem como objetivo apresentar ao público como foi o desenrolar de um dos crimes mais brutais do Brasil e que chocou muita gente no início dos anos 2000, o assassinato do Casal Von Richthofen. Por que dar ênfase a esse projeto? Porque ele abre caminho para um subgênero de entretenimento muito bem visto no mundo, sobretudo nos Estados Unidos, e ainda pouco explorado no Brasil, o de crimes reais.

 

Tanto na TV quanto no cinema americano, essa abordagem de ficção que tem por base crimes reais e chocantes é um grande sucesso. Prova disso são séries no estilo American Crime Story, ou os filmes Zodiac e sobre Tedy Bundy. A questão é que, por mais que o público muitas vezes já conheça a trama, rever sob a ótica da ficção torna a história não apenas mais interessante, como também mais aceitável. É por esse caminho que trilha A Menina Que Matou os Pais e O Menino Que Matou Meus Pais.

Uma grande dica sobre essa obra é não assisti-los como filmes isolados, isso porque eles se complementam. A meu ver, o melhor é assisti-los com um filme único de longa duração. Isso porque eles são espelhados. O roteiro foi escrito tendo por base os depoimentos dados em 2006 quatro anos após o crime , por Suzane Von Richthofen e por seu namorado Daniel Cravinhos. Por isso, os dois filmes apresentam a mesma coisa, mas são diferentes na forma como cada um narra e revela suas motivações e ações.

Bem por isso, o elenco dá um show de atuação! Há oito meses ninguém diria que a Carla Diaz, que se humilhava num reality show nacional ao se apaixonar por uma cara não tão “legal”, seria uma excelente atriz. Conhecida por ter sido a irritante menina Khadija na novela O Clone e, também, uma das Chiquititas, do SBT, ela nunca teve grande destaque em sua carreira, a não ser no reality show. Mas, nesse filme, ela surpreende como Suzane, isso porque suas duas versões, tanto a inocente quanto a maquiavélica, são muito plausíveis e dão a impressão de ser duas faces de uma mesma pessoa. Se Carla Diaz se vale da canastrice para construir bem o seu papel, o caminho inverso é seguido por seu par na trama, Leonardo Bittencourt. Ele apresenta uma atuação muito segura e comedida, quase natural, fazendo um excelente contraponto com Carla. Além disso, há muita química entre o casal e, tanto em uma versão como em outra, eles convencem a todos que são os pares perfeitos um do outro. Para dar suporte aos protagonistas, um elenco bastante experiente foi escalado.

o eles, Vera Zimmermann, Leonardo Medeiros, Débora Duboc e Augusto Madeira e soma-se a eles o rigorismo estético da direção de Maurício Eça. Não há dúvidas de que filmar duas histórias idênticas a partir de pontos de vista diferentes é um grande desafio, afinal, o risco de se tornar repetitivo ou enfadonho é gigantesco. Maurício Eça tira de letra esse risco ao diferenciar suas histórias a partir de ângulos de câmera e nuances diferentes de seus atores. Além disso, tanto em uma versão quanto em outra ele deixa claro que existe muito mais do que apenas o assassinato em sua narrativa. Existe ali, de maneira muito veladas, as diferenças familiares. Ele insere de forma muito orgânica o abismo entre as duas famílias, ilustrando muito bem o que é o embate entre as classes alta e baixa na sociedade brasileira. Rodado em trinta e três dias o filme tem aspectos técnicos muito apurados, como, por exemplo, a fotografia ou a triha sonora e entrega muito bem o que se propõe.

Vale a pena ser visto muito mais por fazer com que o público analise, reflita e compreenda as motivações humanas e psicológicas por trás dos protagonistas do que para julgá-los como culpados. Até porque isso todo mundo já sabe que eles são! Uma boa história, que poderia muito bem ser contada em formato de documentário, mas que se torna mais leve e interessante nesse formato de narrativa cinematográfica. Aproveite e boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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