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(In)disciplina


Por: Dr. Felipe Figueira
Data: 11/12/2025
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           Meus poucos casos de embates em sala de aula, que alguns poderão chamar de indisciplina por parte dos alunos, eu devo a uma série de fatores, que estão além da minha capacidade individual de ensino. Na verdade, o termo disciplina às vezes possui uma conotação pejorativa, resumindo-se a controle; quanto a isso, não gosto da ideia de disciplina. Já a disciplina que diz respeito a esforço e estudo, que não tem a ver com dominação, eu aprecio. Nesse registro, meus poucos casos de embates se deram contra alunos que não apresentavam quaisquer esforços em aprender, antes gostavam de tumultuar as aulas.

          Conforme dito, tive poucos embates, e isso porque nos Institutos Federais há um bom plano de trabalho que não leva o professor à exaustão de carga horária em sala. Assim, é possível ter tempo para estudar, o que tem como consequência, em regra, aulas melhores, mais bem-sucedidas, e nesse tipo de situação sobram poucos espaços para tumultos.

          Significa, então, que nos meus momentos de embate eu estava com conteúdos mal preparados? Não, mas provavelmente no dia em conflito ou eu ou o aluno não estávamos com um bom ânimo. Significa, também, que o professor é um santo que a tudo se sujeita? Não, até porque dias ruins todos têm, e o professor também não é obrigado ou não aguenta suportar falta de respeito. Geralmente meus embates se deram quando houve falta de respeito, que, conforme destaquei, se deram em poucas, em raríssimas situações.

          Quando a instituição garante um bom plano de trabalho e boas condições materiais, tudo no ambiente é fortalecido. Um profissional gera um bom dia para o outro colega e isso se torna um círculo virtuoso. O clima da instituição fica em um patamar tão elevado que uma que uma coisa positiva chama pela outra. O espaço para embates diminui e a educação adquire um interessante potencial de transformação positiva.

          Portanto, quando alguém ouvir o termo indisciplina, que os alunos são indisciplinados e que o professor não tem mais autoridade, o fundamental é fugir de juízos apressados e responsabilizações individuais. É certo que a individualidade é necessária, até para que alguém possa superar momentos e lugares difíceis, mas temas tão complexos como a indisciplina não podem ser vistos a partir de uma cor só ou de uma visão de curto alcance.

 

Dr. Felipe Figueira

Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.


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