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Artigo: O futuro da educação básica está ameaçado no Brasil pela falta de professores


Por: Dr. Juarez de Oliveira
Data: 29/01/2024
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Ilustrativa/Freepik

O professor exerce um papel fundamental na sociedade para o desenvolvimento e educação nas diferentes faixas etárias, transmitir  conhecimentos, informações, conceitos relevantes e atuando como mentor, orientador e educador, forjando jovens para o  mercado de trabalho e crescimento de uma nação. É uma profissão que deveria ser altamente valorizada pela sua importância.  Mas segundo o Censo da Educação Superior de 2022, o futuro da educação básica no Brasil está ameaçada pela falta de professores. Ao menos 58% dos alunos de cursos de licenciatura, destinados  à formação de docente, abandonaram a universidade antes de receber o diploma, revela o Censo,  que é o mais recente levantamento sobre o tema divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, o Inep, vinculado ao Ministério de Educação. Esta é a maior taxa de desistência da época. Caso persista essa tendência, em apenas 15 anos ou menos, o país não terá profissionais suficientes para lecionar na educação básica, podendo enfrentar um ”apagão” de professores.  Mas não é somente no ensino básico que falta professores, pois num apanhado geral, a falta de mestres também se evidencia no ensino fundamental e no ensino médio, principalmente em áreas que exigem  conhecimento específico, como física, matemática, química, ciência, etc. Fiz licenciatura em Química, fui professor no Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba, e falo sobre o assunto com conhecimento de causa.

Num país onde o acesso ao ensino superior ainda é um  privilégio para poucos, chama a atenção o fato de sobrarem milhares de vagas  nos cursos de licenciatura. Nas universidades públicas, 26,4% das vagas  estão ociosas, porcentual que  atinge 32,45% nas instituições privadas, mostrando claramente o sintoma de desprestígio da carreira de  docente no Brasil, outrora, de grande respeito. Os profissionais mais experientes, não veem a hora de se aposentar (por desilusão, alta carga de trabalho, pressão e jornada exaustiva, estresse, depressão,etc. ),  enquanto  muitos novatos pulam fora do barco por não enxergar boas perspectivas no trabalho de professor, cujos os salários são de fome e  o trabalho massacrante como é hoje no Brasil.

O assunto é bastante complexo, merece um amplo  estudo,  reflexão profunda e vontade política de nossos dirigentes, mas não podemos deixar de assegurar que a questão salarial, precárias condições de trabalho e a falta de concursos públicos, são responsáveis diretos pelo quadro da falta de professores. O assunto é agravado porque  estados e municípios têm optado pelas contratações temporárias, essa precariedade  chamada de Processo Seletivo Simplificado (PSS), sem qualquer garantia de trabalho, contratações sem qualificação, oferecendo salários medíocres,  abaixo do piso. Mais de 60% dos professores em atividades no país trabalham por esses contratos temporários absurdos, o PSS.  O professor precisa  ter estabilidade para exercer a sua profissão, necessita de valorização como qualquer outro profissional  para poder atrair  outros profissionais  mais jovens. Quando vejo o Congresso Nacional dando pouca importância  a educação,  mais preocupado em emendas parlamentares para encherem os seus currais eleitorais de  milhões, as  perspectivas de melhoras da situação ficam mais difíceis pelo desinteresse  político na solução da questão. Precisamos também que a mídia questione as autoridades sobre este importante assunto.  Mas com o seu otimismo, “Lula conclama a população para um pacto com o poder público por uma revolução cultural na educação.”

Juarez de Oliveira é  Médico e ex-professor em Química

Dr. Juarez de Oliveira


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