Racismo: uma realidade a ser combatida
Por Helena Karini Born da Silva*
Ao contrário do que muitos acreditam, o racismo ainda permeia nossa sociedade deixando marcas horrendas na vida de cidadãos negros e familiares (porém, desde já, cumpre dizer que o racismo é uma agressão a todas as pessoas!). Talvez seja difícil sabermos o motivo pelo qual exista discriminação e preconceito contra etnia ou cor, mas o que sabemos é que isto acarreta em agressões, tanto físicas quanto psicológicas.
Ainda convém lembrar que o Brasil foi o último país da América do Sul a extinguir o trabalho escravo por meio da Lei Áurea de 13 de maio de 1888 assinada pela Princesa Isabel. Portanto, a lentidão com que ocorreu o processo de libertação dos escravos acabou desencadeando danos na formação da nação brasileira, os quais ainda se fazem presentes.
Em 2009, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) realizou em 501 escolas públicas de todo o país uma pesquisa sobre atitudes preconceituosas a pedido do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), onde foi identificado que o preconceito com maior índice ocorre contra pessoas com deficiência, mencionados por 96,5% dos entrevistados, enquanto 94,2% têm preconceito étnico-racial, 93,5%, de gênero, 91%, de geração, 87,5%, socioeconômico, 87,3% com relação à orientação sexual e 75,95% têm preconceito territorial. Nota-se que, o racismo é a segunda maior forma de preconceito existente no Brasil, assim como todos os outros citados ele apresenta uma elevada porcentagem de pessoas intolerantes à diversidade, o que nos leva a acreditar que as ações preconceituosas são generalizadas. Por mais que a estatística seja de 2009, ela nos soa enquanto resistente ao tempo.
O racismo está cada vez mais presente nas atitudes de pessoas e lugares que deveriam lutar para combatê-lo e não reproduzi-lo. Um exemplo disso é o caso que teve muita repercussão nos meios jornalísticos, onde o policial Derek Chauvin, de cor branca, mata o homem negro George Floyd asfixiado durante uma abordagem policial nos Estados Unidos. Outro caso é do menino Felipe de 8 anos de idade, o qual foi impedido pela diretora de realizar sua matrícula em uma escola municipal no estado do Maranhão por conta do seu cabelo afro; ela deixou claro que deveriam cortá-lo para seguir o padrão da escola de cabelo curto e social, porém a família se negou a fazer isso e disse que processaria a escola.
Em virtude do que foi mencionado, é perceptível a necessidade de os cidadãos cumprirem os seus deveres e respeitarem os direitos do próximo. Portanto, a existência de projetos e planos criados pelo Ministério da Educação e implantados em instituições estudantis, poderia ser uma ótima opção para a quebra de paradigmas racistas. É preciso, por exemplo, ser ensinado nas salas de aulas a história do povo africano, suas culturas e suas colaborações para a formação do território e da nação brasileira de forma sistemática.
A Lei 10.639/03, que trata da história e cultura afro-brasileira, deu um avanço em matéria curricular, mas ainda carece de efetivações. Ainda é imprescindível o papel da família como agente social capaz de construir um caráter igualitário que respeite a diversidade e que também lute pelo o fim da perseguição contra os negros, criando e dando-lhes oportunidades e acessibilidades. Nas palavras de Nelson Mandela: “Que haja trabalho, pão, água e sal para todos”. É preciso dizer, uma vez mais, que o racismo é uma agressão a toda a humanidade!