A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


A química nossa de todos os dias


Por: Assessoria de Imprensa
Data: 28/07/2020
  • Compartilhar:

*Por Rosilene dos Santos Oliveira

Provavelmente, você já se deparou com alguma situação em que alguém mencionou que um determinado produto fazia mal por “ter muita química”. E o que significa “ter muita química”? Será a química algo ruim? Mas, o que é afinal de contas a química? Já se perguntou sobre isso?

A química, enquanto uma das áreas das Ciências Naturais, possui como objeto de estudo a matéria, sua constituição, bem como as transformações que lhe ocorrem. Indo ao encontro dessa definição, Chassot (2003, p. 92) concebe a química enquanto a ciência “[...] que estuda como as substâncias se transformam e são transformadas em outras substâncias”. Em um livro paradidático, Mark Miodownik (2015) explica a química a partir da seguinte inquietação: “De que são feitas as coisas: as curiosas histórias dos maravilhosos materiais que formam o mundo dos humanos”.

Ela se encontra por todos os lados, está em tudo e em todos. A química está presente no ar que respiramos, na água e nos alimentos que ingerimos, no colorido e perfume inigualável das flores, no sabor das frutas, no processo de combustão que ocorre no motor dos carros e que os faz funcionar, no show de cores dos fogos de artifício, nos raios do sol, na decomposição da matéria orgânica, na elaboração de vacinas, remédios, cosméticos, produtos de limpeza, metalurgia, entre outros. 

Também o funcionamento de nosso organismo é possível graças as várias reações químicas que ocorrem em nosso corpo, desde a digestão, a oxigenação do sangue, o equilíbrio térmico até a sensação de se apaixonar. Esses são apenas alguns exemplos da presença da química em nossas vidas. 

Além disso, é impossível concebermos que algo não tenha química, mas sim que esta pode estar presente naturalmente, como por exemplo, no ar, no odor das flores e no nosso próprio corpo, ou ser sintetizada em laboratórios, como para a elaboração de fragrâncias, medicamentos, plásticos, entre outros. Como se pode verificar a química não é algo distante de nós, muito pelo contrário, é essencial para nossa existência, nos constitui. No entanto, por vezes percebemos que a ela são atribuídas algumas concepções negativas, o que pode ser decorrente das informações veiculadas pelas propagandas, meios de comunicação e até mesmo pelo distanciamento entre a química ensinada na escola e a química presente no cotidiano dos alunos, de modo que estes podem não estabelecer relação entre ambas. 

Nesse sentido, a química produzida nos laboratórios seria ruim? 

Essa indagação nos leva a refletir sobre os benefícios e também os malefícios que podem advir dessa produção, pois a Ciência não é neutra, isto é, consiste em uma construção humana e permeada por interesses, principalmente, políticos e econômicos. Assim, a química desenvolvida nos laboratórios traz inúmeros benefícios para a sociedade, como por exemplo, produção de vacinas, elaboração de produtos menos poluentes, desenvolvimento de produtos alimentícios para pessoas alérgicas ou com alguma restrição alimentar, em tratamentos de saúde, nos utensílios que utilizamos no dia a dia e que facilitam nossa vida. 

No entanto, também pode acarretar malefícios, nesse sentido exemplificamos com a produção de agrotóxicos e de armas bélicas, nos fazendo perceber que existem substâncias químicas nocivas à saúde humana e ao meio ambiente que são produzidas em laboratório. Mas, é importante sinalizarmos, que existem algumas substâncias encontradas no meio ambiente que podem também representar risco biológico, por exemplo, alguns elementos radioativos como o polônio e o urânio. O corpo humano em exposição direta e descontrolada à radioatividade pode ser acometido por graves problemas de saúde e até mesmo risco de vida, dentre esses efeitos mencionamos: mutação genética, danos neurológicos, queimaduras, entre outros. Em contrapartida, a radioatividade, também apresenta seus benefícios em aplicações na medicina, indústria farmacêutica, produção de energia, estudos de datação e até mesmo na conservação e esterilização de alimentos e tratamento de lixo hospitalar (XAVIER et al., 2007).

Diante do exposto, somos impulsionados a compreender a química de maneira mais crítica, tendo em vista que tudo que existe é composto por química, logo, dizer que algo “tem muita química” não é um parâmetro para classificá-la como boa ou ruim. É preciso dimensionar que os empreendimentos da Química, bem como as outras áreas das Ciências, são construtos humanos, logo, influenciam e são influenciados por uma série de interesses, além disso, pode trazer tanto benefícios quanto malefícios, como exemplificado anteriormente. 

Finalizo com uma constatação: “Sim, tem muita química, tudo é química! A química em tudo está”.

 

 

Fonte: http://quimicaparatodosuevora.blogspot.com/2011/06/quimica-e-vida.html

 

 

Referências:

 

MIODOWNIK, Mark. De que são feitas as coisas: As curiosas histórias dos maravilhosos materiais que formam o mundo dos humanos. Tradução de Marcelo Barbão. São Paulo: Blucher, 2015.

 

CHASSOT, Attico. Alfabetização científica: uma possibilidade para a inclusão social. Rev. Bras. Educ., Rio de Janeiro, n. 22, p. 89-100, 2003.

 

XAVIER, Allan Moreira et al. Marcos da história da radioatividade e tendências atuais. Quím. Nova, São Paulo, v. 30, n. 1, p. 83-91, 2007.   


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.