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Artigo: O fruto que espero colher...


Por: Especial para JN
Data: 19/12/2022
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Por Moacir Olivatti

Quando criança, eu entrava nas matas a procura dos frutos de uma árvore chamada Pindaíva. Com sabor inigualável e coloração avermelhada, era uma iguaria também para os pássaros, como periquitos e papagaios.

No dia 21 de setembro (2022), quando se comemora o Dia da Árvore, plantei algumas árvores no sítio Água Cristalina, nosso cantinho, sendo duas Pindaívas, que eram muito comuns em nosso bioma.

Também plantei seis Araucárias, árvore símbolo do Paraná. Mas se ela é o nosso símbolo, por que não a vemos aos montes em nossa região como acontece mais ao sul do Estado?

As araucárias foram dizimadas e estão na lista das ‘espécies em perigo crítico’ pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Estima-se que perdemos 98% das florestas de araucárias e que elas podem desaparecer até 2070.

Elas existiram sim em grande quantidade em nosso município em áreas alagadas (brejos), situados no Ribeirão Paracatu, Anhumaí e Esperança. Tenho lembranças de ter visto alguns exemplares nos anos 60, prova disso são as gralhas azuis que nos visitam todos os anos fugindo do inverno rigoroso do sul. Além disso, em 1983, ao saber que adquiri uma área no Ribeirão Esperança, um pioneiro confirmou a existência dos pinheiros. Outro dado importante é o microclima do lugar: nos dias mais frios, essa região costuma registrar temperaturas dez graus a menos do que observado na sede do município.

Há três décadas venho fazendo experiências ali, plantando espécies de vários biomas do Brasil no entorno do brejo.  Em 2021, a temperatura chegou a 5 graus negativos e espécies de biomas mais quentes morreram, como buriti e cupuaçu. Mais um indício sobre nosso passado.

Em meados dos anos 80 também iniciei o plantio de araucárias, que tiverem desenvolvimento acima do esperado. Hoje temos plantas com várias idades, algumas já adultas.

As araucárias (nome científico: Araucaria angustifolia) podem chegar a 50 metros de altura e têm formato de taça quando adultas. Vive cerca de 200 anos e só produz sementes a partir de duas décadas. Suas folhas verde-escuras não caem no inverno. Sua semente, que se desenvolve nas pinhas, é o famoso pinhão.

Não sei se um dia poderei colher seus frutos, mas o meu principal fruto é o resgate dessa história e, também, do ecossistema do município Nova Esperança.

Talvez não exista fruto mais saboroso a se colher do que contribuir para o futuro do planeta.

O autor: Moacir Olivatti - Prefeito de Nova Esperança (gestões 2017/2020 e 2021/2024)


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