O silêncio depois do palco
Hoje, o artigo traz uma experiência marcante e, mais uma vez, faço a pergunta: Você já conversou com alguém que já foi muito famoso, e hoje vive longe dos holofotes?
Pois foi exatamente isso que aconteceu comigo essa semana.
Esse artigo, será uma sequência dos últimos dois, onde procurei famosos para conversar. Mas, esse por coincidência, caiu em meu colo de forma espontânea. Assim, falo que diferente das vezes anteriores, não precisei procurar.
Foi um conhecido que tendo lido os outros dois artigos no Jornal Noroeste, comentou que um famoso que passou para o esquecimento de seu público, estava morando em nossa cidade, numa chácara simples, afastada da área urbana. Na hora, fiquei curioso. Será que ele toparia conversar?
Esse meu conhecido, conseguiu um contato com um vizinho dele e, com certo receio, mandei uma mensagem educada. Dois dias depois, recebi uma resposta inesperada: "Se quiser vir tomar um café, estarei em casa amanhã às 15h. Mas não espere glamour."
Peguei o carro e fui. A estrada de terra me levou a uma casa simples, com varanda, rede e o som de pássaros no fundo. A chácara não era grande, mas gostei do que vi. Ao chegar, fui recebido por ele que estava de chinelos, camisa surrada e um sorriso tranquilo no rosto. Mal dava para imaginar que, há alguns anos, ele estampava capas de revistas e atraía multidões.
Sentamos em uma grande varanda da casa. Logo veio a lembranças de minha infância, quando visitava minha avó Emília. Ela e minha tia Maria, cuidavam de um hotel em minha cidade natal. Os hospedes eram servidos do café da manhã, em uma varanda parecida com essa. Sem querer tomar o tempo do famoso começamos a conversar. Falei da coluna, do jornal, e ele logo avisou: “Sem nomes, sem detalhes demais, pode ser?”
É claro que concordei, e não demorou muito para que ele começasse a abrir seu coração.
Disse que a fama foi boa, sim. Que viveu momentos incríveis, ganhou muito dinheiro, conheceu o mundo. Mas que pagou um preço alto. “A gente se perde”, confessou. “Tudo é muito rápido. As pessoas te amam até o próximo escândalo. Depois, somem.”
Contou que teve uma queda dura. Cancelamentos, contratos rompidos, amigos que desapareceram. Vieram a bebida e drogas. Aquilo que conseguiu não fazer quando era famoso, agora extrapolou. Passou por depressão e quase perdeu tudo.
“Um dia, acordei e percebi que não sabia mais quem eu era sem as câmeras. Foi aí que decidi sumir.”
Vendeu imóveis, cortou gastos, mudou de cidade e passou a viver com menos se sentindo melhor. Hoje, cultiva hortas, toca violão e lê muito. “Não tenho seguidores, mas tenho paz.”
Perguntei se sente falta. Ele sorriu e disse: “Às vezes, sim. Mas hoje eu me olho no espelho e me reconheço. Isso vale mais do que qualquer aplauso.”
Nos despedimos com um aperto de mão e uma sensação difícil de descrever. Era como se eu tivesse visitado o passado e encontrado, no presente, alguém que finalmente encontrou seu próprio valor.
E você, leitor: Acha que a fama vale a pena, mesmo que seja passageira?
Me conta nas redes sociais do Jornal Noroeste ou nas minhas. Estou curioso para saber a sua opinião.