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Wonka


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 14/12/2023
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Vale a pena iniciar esta última coluna do ano de 2023 comentando um pouco sobre a lista de indicados ao Globo de Ouro 2024. A lista foi anunciada na segunda-feira, 11 de dezembro, e, se em tempos passados os indicados eram aguardados com entusiasmo, pois a premiação da Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood era considerada um termômetro para o Oscar, desta vez o anúncio colheu os frutos da desconfiança que o Globo de Ouro cultivou nos últimos anos.

Desde 2021, a Associação Estrangeira de Hollywood e o Globo de Ouro enfrentaram uma série de polêmicas, que vão desde a falta de diversidade entre os membros da Associação até a possível compra de indicações. Para dissipar essa aura negativa, foram adotadas medidas, desde maior transparência nas indicações até a ampliação do número de votantes na associação, que, por exemplo, duplicou o número de brasileiros votantes.

No entanto, pouco ou quase nada desse esforço se refletiu no resultado final das indicações. O Globo de Ouro permanece o mesmo, previsível e com poucas aspirações para inovar ou ultrapassar as barreiras já impostas. Ao analisarmos as indicações apenas do ponto de vista da Sétima Arte (a premiação também abrange séries e outros tipos de programas de TV), percebemos que o que foi reproduzido nas indicações é apenas aquilo que já foi aclamado pelo público e pela crítica, sem abrir espaço para produções menores ou independentes, que, em geral, contam com esse tipo de premiação para conquistar o gosto do público.

O acúmulo de indicações tanto para Barbie quanto para Oppenheimer indica uma premiação tão morna quanto o ritmo do cinema nos tempos pós-pandêmicos. Isso acende um alerta: será que já precisamos começar a nos preocupar com o futuro do cinema?

Agora, vamos falar do filme mais badalado da semana. Mas antes, gostaria de fazer algumas ressalvas sobre prequelas. Há algum tempo comentei sobre elas, mas vale a penas discutir sobre isso mais uma vez. Uma prequela no cinema é uma obra que se passa antes dos eventos narrados em uma história já existente. Ela explora eventos, personagens ou situações que precedem os acontecimentos retratados em uma obra anterior. Geralmente, as prequelas são criadas para expandir o universo de uma história, fornecer contexto adicional aos personagens ou explicar origens e motivações.

Ao contrário das sequências, que continuam a história de um filme anterior, as prequelas voltam no tempo e exploram o que aconteceu antes do enredo principal. Essas produções têm o desafio de se integrar de maneira coesa ao universo já estabelecido, mantendo a consistência na narrativa e na caracterização dos personagens.

Prequelas podem dar muito certo ou muito errado. Ao considerarmos o histórico recente de obras que seguem o mesmo padrão do filme ao qual esta coluna se dedica, percebe-se que o resultado não foi positivo. Wonka é a grande estreia da semana e certamente a obra mais esperada deste fim de ano, mas ela segue o mesmo padrão utilizado em 2013 para uma outra prequela, Oz: Mágico e Poderoso.

Assim que soube do lançamento de Wonka, meu cérebro associou rapidamente as duas obras. Vamos aos fatos: ambos os filmes não abordam a história de origem de seus protagonistas das obras originais, mas sim de coadjuvantes de luxo. Ambos têm um ar de realismo fantástico muito particular, e nos dois filmes originais, esses coadjuvantes são poderosos, soturnos e ligeiramente instáveis.

Seguindo essa lógica, eu já imaginava que Wonka teria tudo para dar errado, pois Oz: Mágico e Poderoso, por mais interessante que fosse, foi um fracasso. No entanto, minhas previsões particulares se mostraram bastante erradas e, conforme o que foi possível perceber até agora em relação ao público e a crítica, Wonka, como prequela, tem agradado muito mais do que o filme sobre o Mágico de Oz.

Wonka foi dirigido por Paul King, que fez um ótimo trabalho ao mergulhar nas raízes da história de Willy Wonka, personagem clássico da obra A Fantástica Fábrica de Chocolates, um sucesso tanto na literatura quanto no cinema. O filme que está no cinema oferece uma perspectiva encantadora, aconchegante e, ao mesmo tempo, crítica sobre esse personagem icônico. Esta reimaginação se afasta do Wonka sombrio das versões anteriores, adotando uma abordagem mais humanizada, especialmente com a inclusão da astuta co-protagonista Noodle, interpretada por Calah Lane.

Um dos méritos do filme é sua decisão de ser totalmente musical, um contraste notável com a adaptação de 1971, trazendo um olhar mágico e envolvente para a história. Paul King, conhecido por seu trabalho em Paddington 2, tece uma trama que mantém a atmosfera encantadora, mas acrescenta uma camada de crítica social e emocional.

A técnica é outro destaque de Wonka. A produção utiliza uma estrutura de grande espetáculo audiovisual, proporcionando imersão e fascínio. A Galeria Gourmet e os cenários pelos quais Willy e sua equipe transitam são vivos e pulsantes, cativando o espectador com imagens que evocam o imaginário infantil.

A trama se desenrola através de desafios criativos engenhosos, escondendo a complexidade por trás de uma aparente simplicidade. Este é um filme que lida com as contradições de criar algo inovador em um sistema ganancioso e desigual, adicionando uma camada de relevância contemporânea.

O elenco é estelar, com Timothée Chalamet oferecendo uma performance cativante e ingenuamente sonhadora como Willy Wonka. Keegan Michael-Key, Paterson Joseph e Hugh Grant também brilham em seus papéis, adicionando nuances e humor à narrativa.

A trama de Wonka se desenrola na busca de um jovem Willy Wonka por uma oportunidade na prestigiada Galeria Gourmet, revelando a dureza da realidade. Unidos por um objetivo comum, o grupo peculiar liderado por Wonka busca transformar seus sonhos em realidade.

Por que ver esse filme? Além da magia cinematográfica, da qualidade técnica e do elenco excepcional, Wonka oferece uma oportunidade única de explorar as origens do icônico personagem em uma narrativa envolvente e contemporânea. É mais do que uma simples adaptação; é uma experiência que resgata a nostalgia do clássico enquanto introduz novos elementos, convidando o espectador a se perder no encanto da Fantástica Fábrica de Chocolates, uma vez mais. Prepare-se para uma jornada emocionante e inesquecível, que certamente deixará um gostinho doce e duradouro na memória do público. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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