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The Flash


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 15/06/2023
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Mais um feriado em vista (dessa vez municipal) e mais um filme de super-herói no cinema. É, meu amigo a vida aparenta estar meio repetitiva, como se estivéssemos sob o efeito do “dia da marmota” (se você é jovem e não pegou a referência, assista à excelente comédia Feitiço do Tempo). Atualmente super-heróis, multiversos e viagem no tempo se tornaram algo recorrente do gênero heróis no cinema. É claro que isso não é inédito, nos quadrinhos os fãs já haviam enfrentado esse mesmo problema nos longínquos anos 1980, mas parece que na sétima arte o efeito é mais danoso, já que ele vem potencializado pelo esgotamento do gênero junto aos fãs e a crítica. De qualquer forma, a DC/Warner, ciente de tudo isso resolveu voltar à essência, bem por isso, mesmo apresentando uma história que não traz elementos inéditos, possui um resultado que surpreende muito mais do que desaponta. Essa semana você vai saber um pouquinho mais sobre The Flash.

Eu sempre fui suspeito em relação às produções da DC/Warner, isso porque enquanto o mundo exaltava o surgimento do dos Vingadores como referência no cinema de herói eu ainda era saudosista do Batman de Tim Burton, depois veio Christopher Nolan e eu me tornei mais fanboy ainda. Dessa forma, eu sempre sou otimista em relação aos filmes do Unvierso DC e, mesmo quando muita gente fala o contrário, tento manter um olhar positivo.

Atualmente, vive-se um clima de expectativas em torno das produções desse grande estúdio. O projeto de reestruturação do Universo DC pós “era Snyder”, entregue aos cuidados de James Gunn e que agora conta com a ajuda de Peter Safran, é uma grande promessa. Mesmo assim The Flash, que acabou de chegar aos cinemas, manteve-se a contragosto dos haters e dos críticos como um dos filmes mais esperados dessa temporada. Diferentemente de Shazam: Fúria dos Deuses, em que a crítica prévia gerou um tipo muito peculiar de sabotagem, nesse filme o movimento foi inverso e cada dia mais o interesse por esse filme aumentou nas redes e plataformas digitais.

Agora que o filme estreou, é possível afirmar de maneira mais categórica que, independentemente de qualquer projeto do estúdio, The Flash figura como entretenimento de primeira e um retorno às origens dos super-heróis no cinema. Assim a obra é ao mesmo tempo uma despedida digna da “era Snyder”, mas também excelente filme de origem, tudo ao mesmo tempo.

O diretor Andy Muschietti, sabe que não vai inventar a roda e que a trama do seu filme já foi explorada de forma satisfatória anteriormente pela franquia da concorrência. Caso você não saiba do que o filme se trata, é sobre viagem no tempo.  Mas, o legal é que a abordagem dada por ele vem fundamentada não apenas nas grandes responsabilidades para com toda a população do universo, mas sim, para os dramas pessoais do protagonista. Esse tom intimista faz toda a diferença nessa jornada do herói e desperta não só empatia, mas também interesse por parte do público. Algo que o diretor já comprovou que sabe fazer muito bem com seus dois filmes da franquia It – A Coisa.

Muschietti explora o lado humano do personagem principal e o aproxima do público quando expõe seus erros e seu desejo inconsequente de mudar o passado. Pense um pouco, até você, se pudesse voltar no passado, mudaria uma série de coisas independente das consequências e sem nem pensar num possível “efeito borboleta”.

A partir do parágrafo anterior você já descobriu que vai precisar entender um mínimo de física quântica para compreender o que se passa na trama. Isso porque não é fácil absorver a ideia de que uma viagem ao passado pode criar uma realidade paralela perpendicular. Mas não se desespere, The Flash sabe muito bem utilizar o recurso “minuto Ciência” para resolver isso tão rápido quanto é possível comer um prato de macarrão! Assim, você e o público saberão como funciona a viagem no tempo e a criação de universos paralelos (quando você assistir ao filme essa conversa sobre macarrão fará sentido pra você – risos).

Tecnicamente falando o que se apresenta é um filme bem acima do que foi visto recentemente em relação às outras obras da DC/Warner. Seguindo os passos tanto de Mulher-Maravilha, quanto de Aquaman, o filme do Flash tem um tipo de identidade visual muito particular e que é muito bonito de se ver. A trama flui de maneira muito natural e as sequências visuais colaboram para que o filme não tenha um tom arrastado. Nesse sentido, o que também contribui muito positivamente para essa boa fluidez da história é a trilha sonora de Benjamin Wallfisch, ela é limpa, mas ao mesmo tempo tem um ar de grandiosidade, no melhor estilo Hans Zimmer.

Mas nem só de elogios se faz um filme de herói. É claro que o “calcanhar de Áquiles” da maioria dos filmes desse gênero também estaria aqui. Os efeitos visuais, sobretudo o CG, exalam artificialidade, infelizmente. O fato do filme claramente buscar inspiração em filmes anteriores da DC, como por exemplo Batman, de Tim Burton, não dá a ele o direito de utilizar efeitos visuais da década de 1980. Piadas à parte, a maioria de nós cresceu assistindo efeitos desastrosos, pra não dizer mentirosos, no cinema e sobreviveu. Por isso, não deixe esse pequeno problema estragar a sua experiência positiva com The Flash.

Sobre o elenco, é preciso lembrar que Ezra Miller é o novo garoto problema de Hollywood. No melhor estilo Winona Ryder e Lindsay Lohan, ele tem dado muito trabalho por onde passa, envolvendo-se em várias tretas, inclusive com a polícia. Mas, da mesma forma que a dupla de atrizes citadas, ele também é extremamente talentoso e isso apaga toda e qualquer bobeira que ele faça em sua vida pessoal. Miller como protagonista ofusca todo o elenco de peso ao entregar para o público a interpretação perfeita de dois dele mesmo, uma versão mais velha e uma versão mais jovem, ambas completamente distintas. Além dele, Michael Keaton volta à pele do Homem-Morcego. Ele está de volta como Batman e repleto de referências ao herói que ele já havia interpretado anteriormente, sob o comando de Burton, em 1989. Michael Keaton é como vinho, quanto mais velho, melhor! Também Saha Calle está excelente em cena, ela assumiu o papel de Supergirl e é uma pena que tenha tão pouco tempo em tela. Vamos à trama!

Na história, Barry Allen descobre que com seus poderes de Flash poderá voltar ao passado e alterar certos eventos. A partir disso, resolve salvar sua família, mas sua tentativa falha, alterando o futuro e o prendendo numa realidade onde o General Zod está de volta e pronto para aniquilar o planeta.

Por que ver esse filme? Porque é um filme completamente honesto, ou seja, entrega tudo o que prometeu sem se deixar levar pelo hype criado recentemente em torno dele. É divertido e fluído, mas também é pesado, recheado de dramas, feridas e fantasmas do passado. É digno desse fim de fase do Universo da DC e certamente irá agradar aos fãs e aos não fãs. Um excelente filme para conferir na tela grande nesse fim de semana prolongado (pelo menos em Nova Esperança/PR). Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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