Ah, os filmes de jogos! Isso nem mesmo é um gênero ou subgênero, mesmo assim, existem tantos que podemos classificá-los dessa forma tranquilamente. Se há um suposto gênero que tende a dar errado no cinema são os filmes baseados em jogos. Em geral eles causam muito alvoroço, pois já contam antecipadamente com uma legião de fãs e, no final, acabam frustrando muita gente, porque ficam sempre aquém do esperado. Eu poderia fazer uma lista gigantesca de filmes que se enquadram nessa descrição. No entanto, nem tudo são trevas dentre os filmes baseados em jogos. Sempre temos situações fora da curva e mais recentemente a HBO mostrou que, para além da tela grande, até no streaming é possível fazer arte com o material dos games, veja o sucesso estrondoso que foi a primeira temporada de Last Of Us. Tendo isso claro, essa semana temos uma superestreia que promete ser um diferencial dentre os filmes inspirados em jogos. Super Mário Bros.: O Filme já vem encantando o público desde antes da estreia e tende a fazer muito barulho no fim de semana de feriadão.

Anunciado há mais de quatro anos, antes da pandemia, o filme tem causado alvoroço desde então. Um dos pontos que ajudou a gerar esse frisson entorno da obra foi o fato do próprio criador do icônico personagem, Shigeru Miymamoto, estar ativamente envolvido na produção do filme. Super Mário é a menina dos olhos da Nintendo já faz tempo e sobreviveu firme e forte até mesmo à “era Pokémon”. Por isso houve muito esmero e cuidado para fazer algo que realmente valesse a pena como essa adaptação do jogo ao cinema. A própria Nintendo foi a financiadora do projeto e entregou sua galinha de ovos de ouro diretamente na mão da Universal Pictures que assumiu a distribuição global e que, recentemente, fez um ótimo trabalho de marketing. Não há quem, não tenha visto alguma coisa sobre esse filme recentemente! Até minha mãe viu “merchan” do filme do Mário essa semana na novela das sete (risos).

O que interessa dizer é que Super Mário Bros.: O Filme é aquele tipo de filme que não foi feito apenas para crianças, mas que ultrapassa gerações. Dessa forma, desde os mais nostálgicos, que jogavam Mário Bros. no game clássico Super Nintendo e Mário Kart no Nintendo 64, até as crianças mais novinhas e que ainda não tiveram contato com o personagem do encanador irão se identificar, se divertir e adorar a obra. O visual é muito bonito, limpo e repleto de detalhes, o responsável por ele foi a Illumination Entertainment, uma empresa que já havia ganhado fama e respeito por obras de sucesso, tais como Meu Malvado Favorito e Minions. O roteirista Matthew Fogel procurou contar uma história simples, mas plausível, que envolvesse bem o público, sem exigir grandes conhecimentos prévios ou esforços para absorver o andamento da trama. Um grande acerto, pois não é muito adulto para as crianças, nem muito infantil para os adultos.

Além disso, a dupla de diretores, Aaron Horwath e Michael Jelenic rechearam sua animação de muitos easter eggs e, no caso, excelentes easter eggs! Vale muito a pena para você que é fã ficar obcecado tentando descobrir todos eles. A direção também fez um bom investimento no trabalho de som e a na escolha da trilha sonora, o que impõe mais emoção ao ato de ver o filme. Seus personagens, já amplamente conhecidos, são providos de muita personalidade, algo que é potencializado pelos atores que lhes concedem as vozes. Um elenco estrelado empresta suas vozes na versão americana, por exemplo, Chris Pratt dá voz ao Mário, Charlie Day ao Luigi, Jack Black dubla Bowser (ele está ótimo nesse papel) e Anya Taylor-Joy, uma das queridinhas da atualidade em Hollywood, entrega uma princesa Peach para lá de durona. Pena que quem optar pela versão dublada não terá essas vozes. Mesmo assim, essa maestria de interpretação não se perde totalmente na versão brasileira, pois os dubladores nacionais são excelentes e também entregam um trabalho incrível, mesmo não sendo esses atores renomados.

Vamos à trama! Mário e seu irmão Luigi são encanadores no bairro do Brooklyn. Certo dia, os dois vão parar no reino dos cogumelos, um lugar governado pela princesa Peach e que está ameaçado pelo rei dos Koopas, Bowser. Após o rapto de seu irmão Luigi, Mário terá que aprender a viver e sobreviver nesse novo mundo, passando por diferentes situações na companhia de seus amigos Toad e Donkey Kong.

Por que ver esse filme? Porque ele é uma declaração de amor aos jogos que fizeram parte da nossa infância e aos encanadores que divertiram tantas pessoas ao longo do tempo. Não é o melhor filme do mundo, mas é bom o suficiente para ser incrível e agradar tanto os fãs quantos críticos, que tendem a malhar filmes desse tipo. Aproveite, você vai gostar! Uma última dica, fique para os créditos. Boa sessão!