A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


Sétima Arte: Duna: Parte 2


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 07/03/2024
  • Compartilhar:

Estamos às vésperas da tão aguardada cerimônia do Oscar 2024, agendada para este domingo (10), e, por conseguinte, a atmosfera de expectativa atinge patamares crescentes. Com palpites fervendo sobre os prováveis vencedores, este modesto colunista ousa destacar o favoritismo de Oppenheimer, dirigido por Christopher Nolan, que retrata a figura icônica do físico Robert Oppenheimer, conhecido como o “pai da bomba atômica”. A obra conquistou a posição de longa-metragem mais indicado do ano, competindo intensamente na história do Oscar, já angariando vitórias em categorias cruciais, como melhor filme em premiações renomadas como PGA, SAG, Globo de Ouro (Melhor Filme de Drama) e BAFTA. Entretanto, como é característico do universo cinematográfico, sempre há espaço para surpresas de última hora, e é impossível descartar os demais candidatos, como Pobres Criaturas e Assassinos da Lua das Flores, que têm potencial para surpreender. Resta-nos aguardar o desfecho do fim de semana e as possíveis reviravoltas que o Oscar nos reserva.

Mas, se você quer outro tipo de entretenimento, eu sugiro uma ficção científica de primeira, que acabou de estrear e que tem conquistado tanto o público, quanto a crítica. Essa semana, a Coluna Sétima Arte trará para você informações relevantes sobre Duna: Parte 2, a sequência muito esperada dessa obra icônica de ficção científica.

A década de 1960 marcou um período áureo na ficção científica, abrindo caminho para obras que transcendem o tempo. Nesse cenário, Frank Herbert concebeu sua obra Duna, uma narrativa rica em nuances políticas e filosóficas que se tornaria uma influência duradoura. Recentemente, a responsabilidade de adaptar essa epopeia para as telas foi conferida ao diretor Denis Villeneuve, que, em Duna: Parte 2, demonstra uma maestria extraordinária ao dar continuidade a essa jornada iniciada em 2021 nas telonas.

Villeneuve enfrenta o desafio monumental de transformar o vasto romance de Herbert em uma experiência cinematográfica grandiosa. Este segundo capítulo, que serve como uma ponte para a próxima sequência, não só mantém a fidelidade à obra original, mas expande os horizontes do universo de Duna. Ao retornarmos ao deserto de Arrakis após três anos, somos recebidos por uma narrativa que não apenas avança na trama política, mas também mergulha profundamente na jornada messiânica do jovem Paul Atreides, interpretado magistralmente por Timothée Chalamet.

A evolução de Chalamet como protagonista é evidente. O ator, que já se destacou em outras produções, como, por exemplo, no recente musical Wonka, mergulha nas complexidades de Paul Atreides, oferecendo uma performance multifacetada que cativa o espectador. O cuidado de Villeneuve em explorar não apenas a trama principal, mas também os arcos de personagens secundários, é notável. A decisão de reduzir o foco em certos personagens, como o Barão Harkonnen e Rabban, em favor de Feyd-Rautha, interpretado por Austin Butler (aquele, que interpretou o Elvis magistralmente), pode ser controversa, mas adiciona uma camada intrigante ao enredo.

O elenco como um todo desempenha um papel crucial na imersão do espectador no universo de Duna. Rebecca Ferguson, que brilhou no primeiro capítulo, compartilha agora o espaço com Zendaya, que esteve em cena no primeiro filme por menos de dez minutos (para minha total frustração) e cuja presença ganha destaque na narrativa. Villeneuve habilmente equilibra as interações entre os personagens, criando uma dinâmica fascinante que reflete as complexidades políticas e sociais de Arrakis.

A parte técnica do filme é verdadeiramente deslumbrante. A equipe de design, em colaboração com Villeneuve, dedicou um tempo significativo para criar os imponentes vermes da areia. Essas criaturas, fundamentais para a trama, são apresentadas de maneira espetacular, capturando a grandiosidade e a imponência que os fãs da obra original tanto esperavam. As paisagens de Arrakis são uma pintura em movimento, proporcionando um cenário deslumbrante para essa jornada épica.

A abordagem de Villeneuve em Duna: Parte 2 vai além do espetáculo visual. A narrativa se aprofunda em questões filosóficas, políticas e religiosas, elevando-se acima das expectativas comuns do gênero. A exploração do dilema de Paul, suas visões do futuro e a dinâmica com o povo Fremen acrescentam uma camada de profundidade, transformando a trama em uma reflexão sobre o livre arbítrio, idolatria e destino. Em tempos de extremo fundamentalismo não só no Brasil, mas no mundo, esse tipo de crítica e reflexão são muito bem-vindos.

Entretanto, a densidade do texto original de Herbert pode tornar o filme desafiador para alguns espectadores. A tentativa de abranger toda a riqueza da mitologia e dos questionamentos filosóficos, em um filme de quase três horas, pode resultar em uma experiência intensa que exige total atenção. E todos nós sabemos que nem sempre o público está disposto ir ao cinema para pensar, em geral apenas para se entreter. Por isso, fique atento e vamos à trama!

Nesta emocionante sequência, embarcamos em uma jornada mítica ao lado do Duque Paul Atreides, cujos poderes de clarividência o capacitam a liderar a humanidade em direção a um futuro promissor. Agora aliado a Chani e aos Fremen, Paul está imerso em uma guerra de vingança contra aqueles que conspiraram para destruir sua família. À medida que assume o controle do império, Paul se vê diante de uma escolha crucial entre o amor de sua vida e o destino do universo conhecido. Num esforço hercúleo para evitar um futuro terrível que apenas ele pode prever, ele enfrenta dilemas complexos e desafios que testarão sua coragem e determinação.

Por que ver esse filme? Duna: Parte 2 é uma continuação épica que combina maestria técnica com performances envolventes e só isso já vale o valor do ingresso ao cinema. Villeneuve não apenas continua a saga com confiança, mas expande os limites do que a ficção científica pode oferecer. Este capítulo não só mantém a chama acesa para os fãs de longa data, como também atrai novos adeptos para as dunas de Arrakis, garantindo que a influência de Duna continue a se estender por gerações. Por isso, mesmo que você não tenha visto o primeiro, ainda vale a pena conferir para poder contemplar a parte 2 na tela grande do cinema. Prepare-se para uma jornada cinematográfica que transcende as expectativas e mergulha nas profundezas intrigantes do universo dessa obra de ficção tão relevante desde os longínquos anos de 1960. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.