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Robô Selvagem


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 17/10/2024
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Não é de hoje que a DreamWorks tem se posicionado no mundo da sétima arte como a principal concorrente da todo-poderosa Disney. Ao longo das últimas décadas ela emplacou grandes sucesso e elevou a qualidade de roteiro e imagem das animações. Desde Príncipe do Egito, de 1998, passando por Shrek, em 2001 — que ia completamente na contramão dos contos de fadas —, até chegar na aclamada franquia Como Treinar seu Dragão, a DreamWorks soube utilizar muito bem as brechas deixadas pela Disney e bater de frente com ela tanto na conquista do público, quanto da crítica. Dessa vez, o novo filme desse estúdio chegou recentemente aos cinemas e tem recebido elogios rasgados por parte da crítica. Na coluna dessa semana, você saberá um pouco mais a respeito da nova animação da DreamWorks, Robô Selvagem.

Robô Selvagem é uma daquelas animações que aparecem de vez em quando e conseguem nos surpreender com sua sensibilidade e profundidade. Dirigido por Chris Sanders, que entregou ao mundo clássicos como Lilo & Stitch, o filme adapta o livro infantil de Peter Brown, trazendo uma história que vai muito além de um simples robô tentando sobreviver em uma ilha selvagem. Aqui, encontra-se uma narrativa cheia de camadas, onde temas como maternidade, pertencimento e o impacto das ações particulares no meio ambiente se entrelaçam de forma comovente.

A trama segue Roz, uma robô que, após ser abandonada em uma ilha remota, se vê forçada a adaptar-se para sobreviver. O contraste entre o seu corpo metálico e o ambiente natural é explorado de maneira exemplar pela animação, com visuais que lembram um livro infantil ilustrado com aquarelas. É impossível não se encantar com a beleza das imagens — cada cena parece pintada à mão, com cores vibrantes e detalhes impressionantes. A ilha ganha vida na tela, quase como se fosse um personagem, e o visual é tão impactante que, mesmo sem som, a história ainda teria muita força.

Mas quando se fala de Robô Selvagem, é importante lembrar que o filme não é apenas uma obra de arte visual. A história é profundamente emocional, especialmente no que diz respeito à relação entre a Robô protagonista e um pequeno pássaro órfão que ela adota como seu próprio filho. Essa dinâmica materna é o núcleo do filme e proporciona alguns dos momentos mais emocionantes da trama. Roz, que começa como uma máquina sem emoções, passa por uma transformação gradual ao longo da história, aprendendo o que significa amar e proteger alguém. É difícil não se emocionar com os sacrifícios que ela faz para garantir a segurança do pássaro, e o filme acerta ao tratar essa evolução de forma natural, sem apelar para os clichês e os sentimentalismos superficiais.

Outro aspecto que se destaca é como o filme lida com temas urgentes, tais como as questões ambientais e sociais. A história é um convite para refletir sobre os efeitos das nossas ações no mundo, abordando questões como desmatamento, poluição e mudanças climáticas. Temas recorrentes na atualidade e que precisam ser pensados e refletidos também no âmbito do entretenimento. Os animais da ilha são forçados a colaborar para sobreviver ao inverno, o que traz um tom quase socialista para a narrativa, onde a cooperação se torna essencial. É uma forma inteligente de inserir uma mensagem importante sem parecer didático, pesado ou político, algo que muitas animações tentam, mas poucas conseguem.

A trilha sonora de Kristopher Bowers desempenha um papel crucial no filme. Ela não está lá apenas para preencher o silêncio, a música se integra ao ambiente da ilha, intensificando as emoções e ajudando a contar a história. A mixagem de som é muito bem feita, praticamente perfeita. Não é exagero dizer que o som contribui para criar uma experiência verdadeiramente imersiva.

O roteiro de Robô Selvagem também é digno de elogios. Ele consegue equilibrar momentos de leveza e humor com discussões mais profundas, evitando cair nos clichês típicos de filmes do gênero. Há um toque de humor ácido, quase cruel, em alguns momentos, algo que dá um frescor à narrativa, mantendo o público envolvido sem subestimar sua inteligência. A história busca recordar ao público que, mesmo em um contexto fantasioso, as lutas e os desafios da protagonista têm um pezinho na realidade. É fácil se conectar com a jornada dela, porque ela reflete algo que todos enfrentamos: o desejo de encontrar nosso lugar no mundo.

A animação também acerta em cheio ao abordar a questão da adoção e da formação de famílias por laços escolhidos. A relação entre Roz e Bico-Vivo não é apenas uma lição de amor maternal, mas também uma bela representação de como as famílias podem ser formadas de maneiras diferentes, com laços tão fortes quanto os biológicos. Isso adiciona mais uma camada de profundidade ao filme, que se torna relevante para espectadores de todas as idades.

Nos minutos finais, é difícil não se emocionar com o desfecho. A transformação do personagem central — de uma robô fria e funcional para uma figura maternal cheia de amor e sacrifício — é tratada com tanto cuidado que é impossível não acreditar que ela realmente desenvolveu sentimentos reais. Cenas completamente envoltas em emoção, que poderão arrancar lágrimas de muita gente. Isso porque o filme nos lembra que mesmo máquinas, quando inseridas em um contexto de convivência e cuidado, podem nos ensinar muito sobre o que significa ser humano.

Por que ver esse filme? Robô Selvagem não é apenas uma das melhores animações do ano; é uma daquelas histórias que ficam com a gente, nos fazendo refletir sobre o que realmente importa na vida. Combinando uma direção inspirada, visuais deslumbrantes e uma narrativa emocionante, Chris Sanders e a DreamWorks entregam uma obra que certamente será lembrada por muito tempo. Em uma temporada cheia de grandes produções neste seguimento, essa animação se destaca não apenas pela qualidade técnica, mas pela capacidade de tocar o coração de quem assiste. Pelo jeito, Divertidamente 2 encontrou um rival de peso pelo Oscar de Melhor Animação para o ano que vem! Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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