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Órfã 2: A Origem


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 15/09/2022
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Existem filmes que marcam seu tempo, tornam-se clássicos e dispensam sequências. A qualidade inferior de uma sequência, inclusive nas franquias mais bem-sucedidas, é um fato inegável. Poucos são os filmes que conseguem apresentar uma sequência tão boa quanto seu antecessor, talvez o mais ilustre detentor desse feito seja O Poderoso Chefão 2, do mais o que sempre temos é o bom e velho “mais do mesmo” sem grandes surpresas. Numa época em que aproveitar o sucesso de uma obra para embalar uma sequência se tornou praxe, é de surpreender que a estreia da semana tenha demorado tanto para ser arquitetada. De qualquer forma, vale a pena ressaltar que veio tarde, pois se a intenção fosse produzir mais um filme, a maior urgência em relação ao aclamado Órfã, de 2009, deveria ter sido o tempo. Na edição dessa semana você conhecerá um pouco mais sobre Órfã 2: A Origem, que acabou de chegar aos cinemas.

No ano de 2009, o diretor Jaume Collet-Serra responsável pelo já famoso A Casa de Cera, de 2005, chamou a atenção de todos com um filme que trazia uma incrível reviravolta. Órfã era aquele tipo de filme que as pessoas assistiam de maneira descomprometida e que eram avassaladoramente surpreendidas com as revelações de seu final. O filme de terror/suspense conquistou grande parcela de público, de maneira que há muita gente que o considera como um dos divisores do terror moderno. A meu ver, o filme não chega a tanto, mas é inegável que o desfecho final (alerta de spoiler do filme de 2009) que revela Esther, a criança psicopata, como uma maníaca homicida, adulta e com nanismo é no mínimo brilhante.

Agora, treze anos depois, o diretor William Brent Bell entrega ao público uma prequela, ou seja, uma história que acontece antes do que já foi visto no filme original. A ideia é tapar os buracos deixados pelo filme anterior e entregar uma história à altura do filme original. Nesse meio tempo o diretor, que não é o mais brilhante de sua geração, terá a difícil tarefa de fazer com que o um terror que tinha como grande trunfo sua revelação final se torne um suspense envolvente. Para mais, uma decisão muito pouco lógica também dobrou seus cuidados e atenção, no caso, a escolha da mesma atriz para interpretar a protagonista.

Para comentar sobre esses dois fatos inusitados a melhor coisa a se fazer é irmos por partes. Vamos falar primeiro sobre o roteiro, escrito por David Coggeshall, David Leslie Johnson-McGoldrick e Alex Mace. Os roteiristas, cientes de que o público conhece a verdadeira face de Esther, buscaram gerar ao longo do novo filme um constante clima de tensão, o que lhe confere uma característica muito maior de suspense do que de terror. Nesse sentido eles realizaram um bom trabalho, pois o público está sempre envolto na ideia de descobrir qual o próximo passo de Esther e quem será sua possível vítima. Mas isso por si só não se sustenta, pois, uma reviravolta estrategicamente mal posicionada no meio da trama, para dar um pouco mais de emoção ao expectador, coloca todo esse clima de tensão por terra. Uma decisão controversa, pois irá dividir o público entre os que estavam curtindo o suspense e os saudosos do filme anterior que estavam mais interessados em revelações.

Agora, o outro problema. Não há dúvidas de que a decisão mais coerente seria a escolha de uma nova atriz mirim para interpretar Esther, já que o filme se passa antes do filme original e que treze anos separam um e outro. No entanto, possivelmente com a intenção de chamar a atenção dos fãs mais fiéis, a atriz original está de volta. Isabelle Fuhrman — na época com onze anos — exibiu uma atuação impactante, mas isso não fez dela um dos grandes nomes de Hollywood, tanto que esse foi seu papel de maior destaque. Agora, com 24, ela está de volta para interpretar uma criança com menos de dez anos e é óbvio que isso não é nada convincente. A melhor opção seria fazer como grandes estúdios tem feito e carregar a cara da atriz de CG para rejuvenescê-la digitalmente. Mas o diretor tomou o caminho mais difícil e resolveu fazer tudo do jeito mais tradicional possível. Para isso, lançou mão de cenas abertas com a protagonista de costas ou com o rosto encoberto, revelando sempre que ali está a dublê e não a atriz. Outro subterfúgio foi colocar salto alto nos demais atores para que Esther aparentasse ser menor, o que também acaba soando bem falso. No final, a escolha faz o filme se tornar constrangedor, mas também cômico devido a esses fatos.

Vamos à trama! Logo após fugir de uma clínica psiquiátrica na Estônia, Esther viaja para o Estados Unidos com o intuito de se passar pela filha desaparecida de uma família rica. Já ambientada na nova família e com os devidos cuidados financeiros e psicológicos que a família pode oferecer, ela se vê à vontade para mostrar suas reais intenções. No entanto, a presença constante de um detetive pode expor sua verdadeira identidade. Falar mais que isso seria estragar a inesperada reviravolta do filme.

Por que ver esse filme? O filme, por mais que flerte muito mais com o suspense do que com o terror, ainda é um bom representante desse tipo de história macabra, caótica e transgressora que o público tanto ama. O diretor William Brent Bell não tem como característica de seu trabalho a ousadia, por isso, seu filme é seguro, apresenta o que se espera para esse tipo de obra e tende a agradar em cheio os expectadores menos exigentes. Vale a pena ser visto pela tensão e pela surpresa, mas, quem é saudosista do primeiro filme, de 2009, deve vê-lo principalmente para matar as saudades. Boa sessão. 

 Assista ao trailer:

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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