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Jurassic World: Domínio


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 02/06/2022
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Vamos começar falando sobre revisitar lugares. Recentemente, numa viagem de férias, voltei para uma das cidades mais icônicas que eu já havia conhecido, Sevilha. Em minha primeira viagem internacional, em 2011, fui direto para essa cidade no sul da Espanha, aquele lugar concentra em si todo costume, cultura e tradição que representam esse país ibérico no restante do mundo. Rapidamente Sevilha se tornou uma das minhas cidades preferidas, tanto que dez anos depois eu resolvi revisitá-la e a experiência não foi mais a mesma. Eu aprendi na pele que uma segunda experiência nunca é tão boa e mágica quanto a primeira, independente de quão positiva tenha sido essa segunda. O mesmo pode ser aplicado a outras experiências, como, por exemplo, o cinema! Ainda envolta na névoa nostálgica de reboots, remakes e sequências, Hollywood entrega ao público, essa semana, o sexto filme da franquia Jurassic Park, agora chamado de Jurassic World. Na minha humilde opinião, tanto a franquia quanto o novo filme, Jurassic World: Domínio, são como uma segunda visita a um lugar que marcou nossa vida. É bom, mas não é tão mágico quanto esperávamos.

Steven Spielberg mudou a história do cinema em 1993 ao apresentar ao mundo seu fascinante Parque dos Dinossauros. Num momento em que o CG não era feijão com arroz” na indústria cinematográfica, ele mostrou que os sonhos poderiam ganhar forma e que animais extintos poderiam ser reproduzidos de maneira crível e plausível pela Sétima Arte. O tempo passou, o CG se consolidou e ver monstros na tela grande já não é mais uma novidade. No entanto, a boa experiência de quem foi ao cinema e se encantou com os dinossauros permaneceu na memória de muitas pessoas, que, em sua maioria, retornaram para a parte dois e três da franquia Jurassic Park. Com o passar dos anos os dinossauros saíram de moda, mas, mesmo assim, em 2015, o diretor Colin Trevorrow assumiu a missão de revisitar esse lugar mágico dos anos 1990 por meio de uma nova franquia jurássica, que deu destaque novamente para as criaturas há muito extintas.

Ciente da responsabilidade que tinha e sabendo que — por mais competente que fosse — não seria fácil ser comparado a Steven Spielberg, ele fez o melhor que pode para entregar uma continuidade com bom conteúdo, embasada em excelentes questões morais/sociais e com novos personagens. Mas, independentemente disso, a experiência ainda não era a mesma. Faltava magia!

Bem por isso, para fechar sua trilogia ele apelou de forma positiva para muitos elementos do filme de 1993. Dentre esses elementos, o mais notável certamente é o retorno do elenco original, agora amadurecido pelo tempo. Esse revisitar a obra de 1993 toca profundamente na memória, desperta saudades e permite uma retomada de vínculo com os fãs, principalmente com aqueles que acabaram se decepcionando com o rumo que a trama tomou.

De maneira muito respeitosa o diretor dá vida ao roteiro construído por ele em parceria com Emily Carmichael, que conta com uma narrativa simples, mas envolvente. Assim, o roteiro busca fechar o arco tanto dos novos quanto dos antigos personagens da franquia. Ao fazer isso, constrói uma sutil homenagem ao primeiro filme e levanta questões claras sobre problemas atuais, como, por exemplo, os megabilionários que, na ânsia por se assemelharem a deuses, costumam jogar no lixo a ética e o bom senso.

A simplicidade do roteiro, já destacada, é muito positiva, porque abre espaço para o que mais interessa nesse tipo de filme, a aventura e a ação. Em Jurassic World: Domínio o público irá conferir cenas realmente empolgantes de ação, diferentes de todas as já exibidas na franquia. Inclusive a cena em Malta está de igual para igual com qualquer blockbuster de ação, tais como Missão Impossível ou 007.

Nas questões técnicas a decisão de mesclar CG com animatronics (robôs desenvolvidos para simularem seres vivos) foi mais que acertada. Pois por mais que o CG seja a cara do cinema atual, ver, em determinados momentos, a interação da câmera com elementos práticos, concretos e ainda assim fantasiosos, como os dinossauros, concede muito mais veracidade para o resultado final. A iniciativa de conceder protagonismo ao elenco antigo também foi muito bem-vinda. Diferente de muitos filmes que revisitam seus antecessores, nesse o elenco original não fará apenas uma pequena participação, mas dividirá espaço na trama com os personagens da nova franquia.

Sobre o elenco, Bryce Dallas Howard está absoluta em cena e se firma como a grande atriz que sempre foi. A evolução de sua personagem ao longo da trilogia é muito clara e sempre que aparece ela é como um furacão na tela. Essa grande potencialidade da atuação de Howard faz com que o outro protagonista, Chris Pratt fique cada vez menor e acabe não entregando ao público tudo o que se espera, mesmo com o upgrade que ele ganhou nessa última sequência, agora ele está muito mais parecido com o um agente secreto do que com um tratador de dinossauros de parque. Mas dentre as estrelas, quem brilha de verdade são Sam Neill, Laura Dern e Jeff Goldblum. Cada cena com eles é uma explosão de nostalgia na tela. Vamos à trama!

Quatro anos depois da destruição da Ilha Nublar, a humanidade se encontra vivendo e interagindo lado a lado com os dinossauros ao redor do mundo. A questão é que nem todo tipo de dinossauro se adaptou de forma harmônica para com a humanidade, o que gera muita dor de cabeça, principalmente para os governantes. Claire e Owen, ex-funcionários do Parque dos Dinossauros, contarão com a ajuda de cientistas experientes na busca por uma solução para esse grande problema.

Por que ver esse filme? Porque é pura diversão. Ação, aventura e muita interação entre humanos e dinossauros, muitos dinossauros. Isso porque esse filme, que marca o fim da nova trilogia, leva aos cinemas uma infinidade de novas espécies que é de encher os olhos. Uma trama simples para ser compreendida e apreciada ao máximo tanto por adultos quanto por crianças. Dessa forma, por mais que Jurassic World: Domínio seja uma revisita à mágica e fantástica história de Jurassic Park, ainda assim encanta na medida certa, indo muito além do puro e já saturado fan-service. Boa sessão!

Assista ao trailer:

 

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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