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Besouro Azul


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 24/08/2023
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Após uma semana sem Coluna Sétima Arte devido a alguns compromissos de trabalho, essa semana estamos de volta e prontos para dar destaque ao novo filme da DC/Warner, Besouro Azul, antes é claro, é preciso fazer algumas considerações a respeito do gênero ao qual o filme pertence, os filmes de super-heróis.

Certamente, nos últimos anos tem havido discussões sobre um possível desgaste do gênero de super-heróis no cinema. Embora os filmes de super-heróis ainda sejam populares e continuem a arrecadar grandes bilheterias, há algumas tendências que levaram as pessoas a debater sobre a saturação do mercado e a necessidade de inovação.

Uma das preocupações é a fórmula previsível que alguns filmes de super-heróis parecem seguir, com estruturas narrativas semelhantes e cenas de ação grandiosas. Isso pode levar à sensação de repetição e falta de surpresa para o público, o que eventualmente gera uma certa perda de interesse. Além disso, a presença constante de filmes de super-heróis nos cinemas pode diminuir a sensação de novidade, especialmente quando muitos filmes são lançados em um curto período de tempo. Veja, há pouquíssimo tempo estávamos discutindo aqui sobre ShazamFúria dos Deuses, despois Flash e agora Besouro Azul, só para ficar entre os lançamentos da DC/Warner.

Outra questão é a dificuldade de manter um nível consistente de qualidade em um gênero tão diversificado. Nem todos os filmes de super-heróis são iguais, e alguns têm sido aclamados tanto por público quanto pela crítica, enquanto outros não tiveram o mesmo sucesso. Filmes de baixa qualidade podem manchar a reputação do gênero como um todo e afetar a confiança do público. Não apenas o baixo orçamento pode comprometer o gênero, como também o empobrecimento dos roteiros em busca de um tom mais satírico e popular, numa tentativa clara de tornar o filme mais palatável ao maior número de pessoas.

No entanto, é importante notar que apesar dessas preocupações, filmes de super-heróis continuam a atrair multidões e a gerar entusiasmo. Os estúdios estão cientes das questões de desgaste e têm buscado abordagens criativas para manter o gênero relevante, como explorar diferentes estilos (como filmes de gênero misto, como Logan e o premiado Coringa), introduzir novos personagens e tramas, e experimentar com tonalidades diferentes.

Portanto, enquanto há discussões sobre o desgaste do gênero, os filmes de super-heróis ainda têm espaço para evoluir e surpreender o público, desde que haja uma busca constante por inovação e qualidade. Um dos caminhos trilhados para superar o desgaste do gênero foi a introdução de questões de diversidade cultural abordando heróis que tragam e exaltem em suas histórias a grandeza de seus povos, países e costumes. Foi assim com Pantera Negra e Shang-chi e a Lenda dos Dez Anéis da Marvel e agora, a DC/Warner também envereda pelo mesmo caminho com Besouro Azul.

O filme que traz o primeiro super-herói latino ao cinema acerta em cheio ao focar seu roteiro nas particularidades do jeito de ser do povo latino-americano, algo que traz coração ao filme em questão e faz ele ficar um tom acima do que todos esperavam, já que ele surpreende por ser um filme de estreia que, mesmo revisitando vários clichês, consegue cativar, emocionar e divertir o público.

Além disso, existe a nuvem negra que paira sobre todo e qualquer lançamento da DC/Warner antes do prometido reboot do Universo Cinematográfico encabeçado por James Gunn. Muitos apontam desinteresse nos filmes pré reboot, no entanto as obras desse quase extinto Universo da DC iniciado por Zack Snyder ficaram conhecidas por trazerem abordagens distintas, variando de tom e estilo, demonstrando a diversidade de histórias que podem ser contadas dentro do gênero de super-heróis no cinema. O Besouro Azul não foge à regra e traz uma abordagem inédita dentro desse Universo, com um filme de estreia iluminado, colorido, ao mesmo tempo que impõe acontecimentos dramáticos e emocionantes à trama.

O diretor Ángel Manuel Soto explora ao máximo a latinidade de seu protagonista e de toda a sua família. Diferente de outros heróis, a identidade do Besouro Azul já é revelada logo de cara, tanto que ele descobre seus poderes junto com sua família e a mesma torna-se parte inerente da história e só isso já dá um ar de novidade ao filme. O roteiro aproveita as qualidades do bom elenco que compõe essa família para fazer com que o público se identifique e torça por ela tanto quando por Jaime. Quando eles estão em cena sobra carisma, amor e falta de noção, como toda e qualquer família latina, inclusive as nossas brasileiras.

Falando em Brasil, nosso país está muito bem representado nesse filme por Bruna Marquezine, que faz sua estreia no cinema hollywoodiano em grande estilo. Sua personagem é marcante e ela apresenta uma interpretação segura e poderosa. Existe quem diga, como o New York Times, que não há química entre ela e o protagonista interpretado por Xolo Maridueña (famoso por seu papel na série Cobra Kai), no entanto dificilmente você irá encontrar alguém que viu o filme e que ateste o mesmo, pois o casal funciona muito bem juntos e entregam excelentes intepretações. Por outro lado, quem deixa a desejar é Susan Sarandon e isso nem é por culpa dela, que entrou para o seleto grupo de atores renomados que interpretaram vilões medianos e sem motivação.

Outro aspecto que tem ajudado o novo filme da DC/Warner a fazer mais sucesso entre o público do que a crítica são as lutas desenvolvidas ao longo do filme, elas são muito bem coreografadas e algumas delas são claramente inspiradas em jogos on-line, tokusatsus (refere-se às séries japonesas em live-action repletas de monstros e transformações no estilo Changeman) e animes. Algo que empolga e que ao mesmo tempo é muito bonito de ver. Além disso, as referências da cultura pop mexicana contidas no filme fazem muito mais sentido para os latinos, inclusive para nós brasileiros, do que para os críticos especializados americanos. Digo isso porque é impossível ouvir eles fazerem referência ou cantarem a música de abertura da novela Maria do Bairro e não se identificar, ou mesmo se emocionar quando o atrapalhado herói mexicano Chapolin Colorado aparece na tela. Ou seja, o filme foi feito para todos, mas agrada em especial aqueles que tem sangue latino. Vamos à trama!

O adolescente Jaime Reyes ganha superpoderes quando um misterioso escaravelho se prende à sua coluna e lhe fornece uma poderosa armadura alienígena azul. Após isso, ele passa a ser perseguido pelo exército de uma corporação que pretende utilizar os segredos do artefato para produzir armas mortais. Nesse embate, Jaime receberá ajuda, da brasileira Jenny Kord, herdeira da corporação, e de sua própria família que lhe auxiliará a despertar o verdadeiro poder do Besouro Azul.

Por que ver esse filme? Eu poderia dizer que o melhor motivo para ir ver Besouro Azul no cinema é a presença de Bruna Marquezine, mas isso é meio óbvio, já que como brasileiros, nada mais justo do que prestigiar nossa atriz alçando voos internacionais. Mas, existem outros motivos que justificam essa ida ao cinema, dentre elas, a autenticidade, o humor gratuito, sem ser cínico como em algumas obras da Marvel, e latinidade à flor da pele, que faz todo o diferencial nesse filme. Aproveite, enquanto ele ainda está em cartaz nos cinemas e boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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