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Frio é psicológico?


Por: Rhuana Moura Pacheco
Data: 19/06/2023
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Nesta semana adentramos de verdade no friozinho paranaense do meio do ano e com ele, nos deparamos com a frase popular muito conhecida, que você já deve ter ouvido ou falado quando esquece aquela blusa a mais que devia ter posto e achou que não precisava: “frio é psicológico”. Mas afinal, psi: é?

Para responder, seria interessante contextualizar o que “psicológico” advindo do grego psique significa alma. Ou seja, ao tratarmos o frio como psicológico, dizemos que ele vem da alma e não do corpo. Outra informação interessante é a de que, para a ciência, o frio aparece como reação do corpo às temperaturas baixas, dessa forma, essa sensação se dá como proteção do organismo que busca um equilíbrio térmico. A cultura e o gosto pessoal também podem influenciar no frio. Pessoas que nascem no Sul tendem a ser mais resistentes ao frio em comparação às que vivem no Nordeste, já que são menos acostumadas com baixas temperaturas, assim como as que gostam mais do inverno que do verão, podem se adaptar melhor.

Com esses três conhecimentos explícitos, entendemos que pela ciência e semântica, o frio não é psicológico, entretanto, pela visão cultural e gosto pessoal, o frio pode sim ser psicológico. E agora? Façamos uma experiência: ao sair do banho em um dia bem frio, cante uma música ou preste atenção em uma música, mudando o foco sensorial do corpo. Provavelmente você lidará melhor com o frio que está sentindo pois o foco sensorial agora se concentrou na audição.

Dessa forma, podemos e entender que o frio, cientificamente, não é psicológico. Entretanto, como altera nossa percepção sensorial e é influenciado culturalmente, ele pode ser psicológico sim. Claro que isso não significa que você resolverá a sua dificuldade com baixas temperaturas por meio da terapia ou que poderá sair sem se agasalhar e trabalhar com o “poder da mente” para se manter aquecido. Mas pode ser uma forma de compreender o porquê de você sentir mais ou menos frio que o outro.

Além do mais, não é sinal de que uma pessoa que sente mais frio esteja com o psicológico abalado ou com algum tipo de transtorno mental. Existem algumas patologias de aspecto emocional e pessoas que realmente sofrem com esses transtornos, inclusive patologias que são influenciadas pela relação com o inverno, como a depressão de inverno. Há também as doenças psicossomáticas – psico: mente, alma, emoção; soma: simbologia corporal, funcionamento do organismo – em que diversos fatores emocionais somatizados podem desencadear sintomas e doenças como enxaqueca, síndrome do intestino irritado, alergias etc. Porém, esse não é o caso do frio.

Por fim, concluímos que o frio não é psicológico, mas pode ser influenciado pelo nosso contexto cultural e psicológico, ou seja: se agasalhe para sair de casa, pois depois não haverá mantra suficiente que te esquente. Para nós que apreciamos o frio, vivamos intensamente o inverno e tudo o que ele pode nos proporcionar de bom, como não transpirar, comer comidas específicas de inverno, nos vestir de maneiras elegantes – ou não; já para você que não gosta das baixas temperaturas, que você encontre o quentinho do aconchego e do amor ou pelo menos de um bom cobertor, blusa ou quentão.

Finalizo o texto desta semana debaixo de um cobertor quentinho e desejando que o frio não termine logo, afinal, o meu psicológico o ama.

REFERÊNCIAS:

SOUZA, Felipe. O frio é psicológico? O Psicólogo responde. [S. l.], 2013. Disponível em: https://www.psicologiamsn.com/2013/05/o-frio-e-psicologico-o-psicologo-responde.html. Acesso em: 18 jun. 2023.

Rhuana Moura Pacheco

Habla mesmo, psi


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