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Déjà vu – já vivi?


Por: Rhuana Moura Pacheco
Data: 03/07/2023
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Aposto que em algum momento da sua vida você já teve a impressão de que esteve antes em algum lugar ou que passou pelo mesmo episódio anteriormente. Essa sensação é nomeada pela expressão francesa “Déjà vu”, que quer dizer, “já visto”. Existem diversas explicações e posicionamentos sobre esse fenômeno, desde crenças populares até religiosas e científicas. Há quem diga que é fruto da reencarnação, portanto em outra vida você já esteve ali, por exemplo; ou que seja um “curto-circuito” do cérebro. Entretanto, hoje trabalharemos com a visão da psicologia e principalmente, da psicanálise Freudiana.

De acordo com os estudos postulados por Freud em Psicopatologia da Vida Cotidiana (1901), temos em uma primeira explicação que esse fenômeno se dá por uma fantasia inconsciente. “Mas como assim, psi?”

Certa vez, passado muitos anos, uma mulher relatou que ao adentrar em uma casa de campo de colegas da escola, teve a sensação de já conhecer o local e inclusive, saber qual era o próximo cômodo. Ao analisar a fundo a situação e o contexto ao qual ela vivia na época, se pôde perceber que havia algumas semelhanças: 1) o irmão das colegas estava doente, assim como seu irmão esteve meses atrás; 2) havia a sensação de que o irmão das amigas morreria, como quando o seu irmão estava doente. Esses dois pontos, de maneira resumida, levaram à conclusão de que, inconscientemente, ela retornou à mesma sensação que havia passado meses atrás com a doença do irmão e ao invés de se recordar – impedida pelo recalque – transferiu a sensação para o ambiente que a cercava. Por isso, ao invés de acessar o seu desejo com relação à situação do irmão, ela acessou somente o externo e palpável da situação, ou seja, a sensação sob o ambiente.

Em uma segunda explicação, Freud apresenta que o Déjà vu é, na verdade, aquilo que já foi sonhado. Para maior clareza, cito uma parte da obra:

“Num de meus pacientes aconteceu algo aparentemente diferente, mas, na realidade, inteiramente análogo. Esse sentimento retornava nele com muita frequência, mas mostrava regularmente ter-se originado de um fragmento esquecido (recalcado) de um sonho da noite anterior. Portanto, parece que o ‘déjà vu‘ não só pode derivar-se dos sonhos diurnos, como também dos sonhos noturnos.” (FREUD, p. 269).

Essas duas explicações constituem um pedacinho da vastidão que é o Déjà vu e por meio delas, concluímos que, para a psicanálise, esse fenômeno se dá pelo sentir consciente de um conteúdo inconsciente que passou pela consciência em um sonho ou em uma fantasia diurna. Fruto do recalcamento – repressão – ele sai da consciência e passa a aparecer somente nesses episódios.

Alguns termos apareceram pela primeira vez e precisam de uma explicação mais ampla, como: recalque, fantasia e transferência. Ao longo dos textos vou apresentá-los com mais detalhes para vocês, principalmente quando trabalhar diretamente com a psicanálise, abordagem à qual me baseio. Com esse detalhamento, espero que vocês tenham não só a sensação, mas a certeza de que já se familiarizam com o tema.... um “Déjà vu” psicanalítico talvez?!

REFERÊNCIAS:

FREUD, Sigmund. Sobre a psicopatologia da vida cotidiana. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Vol. VI Rio de Janeiro. Imago, 1970.

Rhuana Moura Pacheco

Habla mesmo, psi


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