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Transtornos de eliminação


Por: Luiza Graziela Santos Dias
Data: 18/08/2020
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Mais comumente conhecidos como escapes de xixi e retenção das fezes. Atualmente a sociedade busca pela independência e autonomia infantil cada vez mais cedo e com o desfralde não é diferente. As marcas de fraldas produzem tamanhos cada vez menores e a sociedade cobra dos pais cada vez mais cedo a retirada das fraldas, as escolas que não permitem fraldas ou que realizam desfraldes coletivos. Toda essa cultura fere o desenvolvimento saudável da criança. Ignorando assim a maturação física e mental da criança, lhes negando o direito de determinar quando estão prontas para sair das fraldas. A criança precisa se mostrar pronta, seja com 2, 3, 4 anos. Respeite o tempo do seu filho, ignore os julgamentos sociais e diga não ao desfralde forçado e idealizado pelo adulto, escute sua criança, observe e respeite seu tempo. O desfralde é um ponto importante a ser destacado nos transtornos de eliminação, mas é claro que não é o único fator, para que entendam melhor do que estou falando, vamos falar aqui sobre a enurese e a encoprese e suas possíveis causas.

No caso da enurese devemos observar com atenção quando a criança começa a apresentar escapes frequentes de urina, em uma idade que já deveria saber controlar quando e onde fazer suas necessidades. Podemos observar isso tanto na criança, que nunca conseguiu controlar e já passa dos 5 anos de idade, como naquelas que já possuem o controle, mas de repente começam a não ter mais. Os episódios ocorrem à noite e a criança faz o xixi na cama, podem ser chamados de enurese noturna. Esses escapes de urina noturno são sinais de alerta após os cinco anos de idade, que é quando a parte fisiológica da criança já deve ter se consolidado.

A enurese pode ser causada por fatores genéticos, atrasos no desenvolvimento do esfíncter urinário, deficiência hormonal e também pelo psicológico. Falando no lado psicológico, a enurese é muito comum em casos de alto estresse como:

-Separação dos pais;

-Nascimento de um irmão;

-Falecimento de um ente querido;

-Traumas que a criança venha vivenciar;

-Entre outras questões que possam gerar sofrimento.

Já na encoprese ou dificuldades em fazer cocô é importante que eu destaque aqui qual a influência do cocô no desenvolvimento. A criança de 2 a 4 anos aproximadamente passa pela fase anal. Essa fase é marcada pelo poder de criação da criança, é ela que vai estimular sua criatividade. Neste período ela passa a adquirir o controle dos esfíncteres. E descobre que pode controlar as fezes que sai de seu interior, oferecendo-o à mãe de forma simbólica, ora como um presente, ora como algo agressivo. O cocô é a primeira produção da criança, sendo assim, muito importante para o seu desenvolvimento, a criança o vê como algo que consegue produzir sozinha.

Quando a criança não tem uma boa relação com sua primeira produção pode apresentar problemas para evacuar, que pode ir de uma pequena prisão de ventre a um transtorno de eliminação, que é o vazamento de fezes nas roupas íntimas após retenção crônica.

Assim como a enurese, existem diversos motivos, podendo ser fisiológico ou psicológico, mas geralmente estão mais relacionados a questões psicológicas, como medo de evacuar em local inapropriado, nojo das fezes, estresse elevado, ansiedade, desfralde inapropriado, entre outros.

Muitas dessas dificuldades em evacuar estão relacionadas à relação e visão da família sobre o seu cocô, lembrando que este é a sua primeira produção independente. Muitas crianças vivenciam verdadeiros traumas causados pelas ofensas e broncas ao evacuar, como quando os pais dizem que suas fezes fedem, são sujas, feias, entre outras nomenclaturas, nesse momento é importante lembrar que está desvalorizando a primeira produção do seu filho.

Em qualquer um dos casos é importante buscar ajuda de uma equipe multiprofissional para auxiliar de um modo geral a criança e a família, como pediatra para avaliação fisiológica, psicólogo para ajudar nas questões psicológicas. Se seu filho possui algum sinal de transtorno de eliminação procure ajuda. 

Luiza Graziela Santos Dias


Anuncie com Jornal Noroeste
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