Transtornos de eliminação
Mais comumente conhecidos como escapes de xixi e retenção das fezes. Atualmente a sociedade busca pela independência e autonomia infantil cada vez mais cedo e com o desfralde não é diferente. As marcas de fraldas produzem tamanhos cada vez menores e a sociedade cobra dos pais cada vez mais cedo a retirada das fraldas, as escolas que não permitem fraldas ou que realizam desfraldes coletivos. Toda essa cultura fere o desenvolvimento saudável da criança. Ignorando assim a maturação física e mental da criança, lhes negando o direito de determinar quando estão prontas para sair das fraldas. A criança precisa se mostrar pronta, seja com 2, 3, 4 anos. Respeite o tempo do seu filho, ignore os julgamentos sociais e diga não ao desfralde forçado e idealizado pelo adulto, escute sua criança, observe e respeite seu tempo. O desfralde é um ponto importante a ser destacado nos transtornos de eliminação, mas é claro que não é o único fator, para que entendam melhor do que estou falando, vamos falar aqui sobre a enurese e a encoprese e suas possíveis causas.
No caso da enurese devemos observar com atenção quando a criança começa a apresentar escapes frequentes de urina, em uma idade que já deveria saber controlar quando e onde fazer suas necessidades. Podemos observar isso tanto na criança, que nunca conseguiu controlar e já passa dos 5 anos de idade, como naquelas que já possuem o controle, mas de repente começam a não ter mais. Os episódios ocorrem à noite e a criança faz o xixi na cama, podem ser chamados de enurese noturna. Esses escapes de urina noturno são sinais de alerta após os cinco anos de idade, que é quando a parte fisiológica da criança já deve ter se consolidado.
A enurese pode ser causada por fatores genéticos, atrasos no desenvolvimento do esfíncter urinário, deficiência hormonal e também pelo psicológico. Falando no lado psicológico, a enurese é muito comum em casos de alto estresse como:
-Separação dos pais;
-Nascimento de um irmão;
-Falecimento de um ente querido;
-Traumas que a criança venha vivenciar;
-Entre outras questões que possam gerar sofrimento.
Já na encoprese ou dificuldades em fazer cocô é importante que eu destaque aqui qual a influência do cocô no desenvolvimento. A criança de 2 a 4 anos aproximadamente passa pela fase anal. Essa fase é marcada pelo poder de criação da criança, é ela que vai estimular sua criatividade. Neste período ela passa a adquirir o controle dos esfíncteres. E descobre que pode controlar as fezes que sai de seu interior, oferecendo-o à mãe de forma simbólica, ora como um presente, ora como algo agressivo. O cocô é a primeira produção da criança, sendo assim, muito importante para o seu desenvolvimento, a criança o vê como algo que consegue produzir sozinha.
Quando a criança não tem uma boa relação com sua primeira produção pode apresentar problemas para evacuar, que pode ir de uma pequena prisão de ventre a um transtorno de eliminação, que é o vazamento de fezes nas roupas íntimas após retenção crônica.
Assim como a enurese, existem diversos motivos, podendo ser fisiológico ou psicológico, mas geralmente estão mais relacionados a questões psicológicas, como medo de evacuar em local inapropriado, nojo das fezes, estresse elevado, ansiedade, desfralde inapropriado, entre outros.
Muitas dessas dificuldades em evacuar estão relacionadas à relação e visão da família sobre o seu cocô, lembrando que este é a sua primeira produção independente. Muitas crianças vivenciam verdadeiros traumas causados pelas ofensas e broncas ao evacuar, como quando os pais dizem que suas fezes fedem, são sujas, feias, entre outras nomenclaturas, nesse momento é importante lembrar que está desvalorizando a primeira produção do seu filho.
Em qualquer um dos casos é importante buscar ajuda de uma equipe multiprofissional para auxiliar de um modo geral a criança e a família, como pediatra para avaliação fisiológica, psicólogo para ajudar nas questões psicológicas. Se seu filho possui algum sinal de transtorno de eliminação procure ajuda.