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A intolerância nossa de todos os dias


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 03/06/2024
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O título desta nova exposição de ideias, apresenta uma questão que persiste em nossa sociedade ainda hoje. Que se mantém como atualidade em nosso cotidiano: a intolerância religiosa. Destaque-se inclusive o aumento de práticas de intolerância nos últimos anos em nosso país. Registra-se que em 2018, foram registrados pelos menos 615 denúncias de intolerância em nosso dia a dia brasileiro. Em 2023, houve aumento para mais de 1.418 casos envolvendo denúncias contra atos de intolerância religiosa, assim como as violações passar de 624 para mais de 2.130. São dados registrados pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Devemos refletir esta situação como muito séria, pois um país como o nosso, com a diversidade de crenças muito rica, não pode mais conviver com ataques ao outro por professar crenças de modo diferentes as minhas. Nossa constituição protege o livre exercício de cultos religiosos e a liberdade de crença, no entanto, os casos de desrespeito e violência expressando a intolerância religiosa em nosso dia a dia, têm se tornado cada vez mais frequente.

Registra-se também que as religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda, são as religiões mais atacadas e inteiradas, encontrando-se infelizmente ainda cercadas de racismo e estigmas. Pode-se afirmar que a intolerância expressa-se enquanto atitude odiosa e agressiva, a culturas, grupos e opiniões diferentes das suas próprias, materializando-se em condutas de deslegitimarão de crenças e religiões que diferem das suas.

Desta forma, busca-se estigmatizar, excluir, desqualificar segregar e silenciar as crenças e rituais considerados inferiores e negativos, tentando-se colocar um grupo religioso como superior e visando manter-se no exercício de um poder socialmente hegemônico. Ao longo de nossa história, as religiões de matrizes africanas foram e continuam sendo desumanizadas e demonizadas, assim como seus praticantes, são socialmente marginalizados.

Devemos então refletir que apesar da evolução de proteção aos direitos humanos, a violação intensa e permanente ao direito de liberdade religiosa no Brasil, mantem-se constante, principalmente contra adeptos do Candomblé, Umbanda e outras expressões, de fé de origem africana, resultando em contínua perseguição religiosa, convertendo-se muitas vezes n a prática de violência e crime de ódio. Assim sendo, se faz necessário ao final das contas, sermos intolerantes contra a intolerância religiosa. Destaco aqui, sermos contrários a violência intolerante a qualquer religião, combatendo a indução e incitação à discriminação ou preconceito que ameace o direto a prática livre das formas de crença em nossa sociedade. Algo por sinal, imoral e que legalmente é interpretado e punido como um ato criminoso.

 

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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