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A Educação, o Racismo e a Câmara de Gás


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 15/06/2022
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Começo esta nova exposição de ideias, com uma situação concreta ocorrida comigo: um aluno me questionou como uma sociedade pode lidar com a questão do racismo. Algo tão grave e ao mesmo tempo tão naturalizado, permitindo que um ser humano possa ser asfixiado na traseira de um veículo, procedimento próprio de uma câmara de gás e ser aceito como “normal”, levando-se em conta que a sua raça denota um tipo de estereótipo que o caracteriza enquanto um criminoso? E que fosse, o que não parece ser o caso, assim deveria ser tratado pelo Estado e pela sociedade? Ser executado de modo tão bárbaro e cruel? A pergunta do aluno me colocou em situação difícil, pois aparentemente temos as propostas, contudo não se constroem soluções de fato.

Penso e defendo que a questão das relações étnico-raciais numa sociedade como a brasileira, marcada pelo colonialismo, escravidão e racismo, necessita ser debatida e tratada no âmbito de uma educação pautada para tratar diretamente das relações raciais. Não como algo específico de um grupo ou população, mas na condição de uma sociedade em seu todo que se pretende mais democrática e equitativa. Neste aspecto, uma abordagem do papel do Movimento Negro que desenvolveu de modo relevante ações de caráter político, informativo, recreativo e educacional importantes para a emancipação e estabilização das ações educacionais no Brasil, torna-se essencial para colocarmos o problema do racismo nas escolas e consequentemente no espaço público de modo mais direto, aberto e efetivo.

Traçar também uma discussão histórica e filosófica com o objetivo de debater a função essencial, exercida por uma educação voltada para as relações étnico-raciais, que apresente como proposta principal, a integração da população negra na vida social, política e cultural, denunciando as mais variadas formas de discriminação racial estruturadas na sociedade brasileira e atuando como estratégia antirracista, apresenta-se como mais do que urgente para tratarmos de questões colocadas pelo meu aluno.

Desta forma, talvez as futuras gerações possam atuar de tal modo que impeçam e coíbam execuções semelhantes a uma câmara de gás, improvisadas e abertamente praticadas em traseiras de carros, simplesmente por alguém ser classificado como inimigo ou indivíduo perigoso, podendo assim ser facilmente e brutalmente exterminado, devido a uma prática de racismo epidérmico estrutural, naturalizado e institucionalizado

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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