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A Boneca Consumista e a Imagem Capitalista de Ser


Por: Roberth Fabris
Data: 02/12/2021
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Reconheço que o título desta nova exposição de ideias, soa muito estranho. Também, não seria a primeira vez, mas necessito esclarecer o que proponho tratar nesta oportunidade: Tudo começou quando assistindo televisão, aparece na tela o comercial de uma boneca. Nada de incomum, inicialmente pode-se indagar com razão. Entretanto, para minha surpresa, ao final do comercial, a boneca aparece segurando um celular de brinquedo, para falar com a família. Neste ponto, ressalto o que me chamou a atenção: pertenço a uma geração, onde uma boneca comumente aparecia, segurando uma mamadeira ou um peniquinho.

Partindo deste esclarecimento, segundo minha percepção, gostaria de discutir como esta propaganda expressa não apenas uma mudança na relação de uma criança com o lúdico, mas transparece a imagem capitalista de ser, que marca nossa atualidade, ao se incentivar o consumo cada vez mais precoce. Destaco ainda um duplo cenário: não apenas o de se incentivar a uma possível compra da boneca, mas também a necessidade de se obter o mais rápido possível, um produto como o celular.  

Admito que não estou expondo nenhuma grande novidade. O consumismo, desde a denominada fase infantil, aumentou e sofisticou-se bastante. Outro ponto: Uma menina brincar de boneca hoje, torna-se um acontecimento mais e mais raro, pois estará ocupada, se entretendo ou melhor dizendo, “brincando” com um celular ou tablet. Recordo que minha sobrinha mais nova, aos oito anos de idade, já possuía um conhecimento do mundo virtual, superior à de muitos adultos. Porém, o que gostaria de chamar a atenção é para a imagem que se constrói, a partir de algo tão simples e inocente: uma boneca com um celular em sua mão inanimada. A imagem de uma boneca consumista.

Ora! Inegavelmente, tem-se toda a construção de uma imagem do modo de ser própria do capitalismo atual, que transmite a seguinte mensagem, exemplificada no citado comercial: “Ora! Se minha boneca, tem um celular para falar com papai, mamãe e comigo, também vou querer um celular para falar com minha boneca e meus pais!” Obviamente que poderá não ser tão cedo, contudo o desejo de se conseguir um celular não tardará. E com o celular, outras formas e alvos de consumo, serão constituídos na subjetividade desta então criança, perdurando na fase adulta. Claro que há exceções, mas a execução da regra é muito mais comum.

Não desejo fazer nenhum juízo de valor, referindo-me a se tal situação é negativa ou positiva. Obviamente, a total neutralidade é difícil, mas parto do princípio de que esta condição, demostra-se totalmente concreta e irreversível. Posso ser acusado de saudosista ou retrógrado? Sim! Até posso! Todavia, garanto que conseguirei me defender, afirmando que intenciono tecer apenas uma reflexão crítica positiva e real, junto com vocês.

 

Roberth Fabris

Roberth Fabris é crítico de cinema e artes, Mestre em Letras, arte educador, autor da obra aclamada pela crítica e público O Retorno do Pequeno Príncipe, e da obra prima Xeque Mate, que agrada gregos e troianos, e idealizador do projeto cultural Mundo Gee


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