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O Antigo Testamento: Adão, o primeiro homem criado


Por: Fernando Razente
Data: 26/05/2025
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“No dia em que Deus criou o homem, à semelhança de Deus o fez;”

– Moisés, Gênesis 5.1

 

“[...] devem-se observar na criação do homem três gradações: que seu corpo inerte foi formado do pó da terra; que ele foi dotado com uma alma, e onde receberia movimento vital; e que nessa alma Deus esculpiu sua própria imagem, à qual acrescentou a imortalidade.”

– João Calvino, Gênesis Volume 1, p. 78.

 

Adão é apresentado em Gênesis 1.26-27 como o primeiro ser humano criado por Deus, formado à Sua imagem e semelhança (imago Dei), o que confere à humanidade dignidade, racionalidade, relacionalidade, espiritualidade e a capacidade de exercer domínio responsável sobre a criação. A imagem de Deus no ser humano – segundo a teologia reformada – compreende aspectos estruturais e funcionais, isto é, o homem foi criado com verdadeira justiça, santidade e conhecimento (cf. Efésios 4.24; Colossenses 3.10), além de ser chamado a refletir o senhorio de Deus sobre a criação, como mordomo de todas as coisas.

Materialmente, Adão foi formado do pó da terra (cf. Gênesis 2.7a), evidenciando sua natureza criada e dependente. Contudo, sua vida não veio da matéria em si, mas do sopro divino: “e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem passou a ser alma vivente” (cf. Gênesis 2.7b). Este sopro divino aponta para a relação pessoal e vivificante entre o Criador e a humanidade. Deus é a fonte e origem da vida da alma!

Deus então colocou Adão no Jardim do Éden, com um mandato cultural, ou seja, de cultivá-lo e guardá-lo (cf. Gênesis 2.15), num contexto de obediência e adoração. Essa vocação laboral não era uma maldição, mas parte da expressão da imagem divina no homem, trabalhando como coroa da criação.

A responsabilidade moral de Adão foi estabelecida por Deus por meio de uma ordem direta:“De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás...” (cf. Gênesis 2.16-17), o que configurava um pacto de obediência — teologicamente chamado de Pacto das Obras.

Eva foi criada como auxiliadora idônea, formada da costela de Adão para compartilhar da mesma natureza e dignidade (cf. Gênesis 2.21-23). O casamento entre Adão e Eva, instituído ainda no estado de inocência, é também reflexo da imagem divina em sua dimensão relacional e comunitária (cf. Gênesis 2.24). Entretanto, ao desobedecer ao mandamento de Deus e comer do fruto proibido, Adão transgrediu o pacto estabelecido.

Essa queda trouxe o pecado e a morte ao mundo (cf. Gênesis 3.6; Romanos 5.12), afetando não apenas a sua natureza, mas a de toda a humanidade. Em Adão, toda a humanidade pecou, pois ele era o cabeça federal da raça humana (cf. Romanos 5.12-19; 1 Coríntios 15.22). A maldição do pecado resultou em sua expulsão do Éden (cf. Gênesis 3.23-24) e no início da experiência humana de sofrimento, trabalho penoso, dor e morte física.

Mesmo assim, Deus dispensou a sua misericórdia – estabelecendo o Pacto da Graça – ao prometer a redenção por meio da semente da mulher, que haveria de esmagar a cabeça da serpente (cf. Gênesis 3.15), apontando para Cristo, o segundo Adão (cf. 1 Coríntios 15.45-49). Enquanto Adão trouxe condenação e morte, Cristo, o último Adão, traz justificação e vida.

Em Cristo, a imagem de Deus é restaurada nos que são regenerados pelo Espírito (cf. Romanos 8.29; 2 Coríntios 3.18), conforme o propósito eterno de Deus de reunir todas as coisas em seu Filho (cf. Efésios 1.10).

Por fim, Adão ainda teve filhos: Caim, Abel e Sete (Cf. Gênesis 4.1-2, 25), e viveu ao todo 930 anos (cf. Gênesis 5.5).

No próximo artigo, se Deus permitir, iremos analisar a vida de Noé.

Que Deus o abençoe!

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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