Para onde vai os nossos resíduos?
Cada brasileiro gera em média 1,035 kg de resíduos sólidos urbanos por dia, o que corresponde a 378 kg de resíduos por habitante por ano, ou um total de 78 milhões de toneladas/ano. Mas o que são os resíduos sólidos urbanos?
Esse termo corresponde aos resíduos gerados nas residências urbanas, somados àqueles gerados pelos serviços de limpeza e varrição de vias e logradouros públicos.
E para onde vai esses resíduos?
Bom, depende. Hoje vamos falar APENAS sobre os resíduos sólidos urbanos que são coletados pelos municípios. Esses resíduos podem ter vários destinos, mas vou explorar aqui o que comumente acontece com eles.
Nas cidades onde há coleta seletiva, os resíduos recicláveis são encaminhados para associações de catadores, onde passam por uma triagem antes de serem encaminhados para empresas que fazem a recuperação desses materiais.
Entretanto, os resíduos recicláveis secos (plástico, papel, metal e vidro) representam cerca de apenas 30% dos resíduos sólidos urbanos gerados em nosso país, e nem todo esse material é realmente reciclado. Mas, o que acontece com eles então?
Os materiais recicláveis que por diversos motivos não são encaminhados para reaproveitamento ou reciclagem, juntamente com os resíduos orgânicos e rejeitos, normalmente são encaminhados para disposição final em lixões, aterros controlados ou aterros sanitários. A forma de disposição considerada ambientalmente adequada são os aterros sanitários, entretanto, ainda hoje mais de 40% dos resíduos encaminhados para disposição final vão para aterros controlados ou lixões.
Os lixões são depósitos de lixo a céu aberto – poluem o ar, o solo e a água. Representam a forma mais inadequada de disposição de resíduos e, ainda assim, recebem quase 13 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano.
Os aterros controlados são pouco melhores do que os lixões. A diferença entre eles é que nos aterros controlados os resíduos são cobertos por material inerte, não ficando a céu aberto. Portanto, produzem menos mau cheiro e atraem menos vetores transmissores de doenças, mas ainda assim poluem o solo, o ar e a água.
E os aterros sanitários? O que seria essa forma ambientalmente adequada de disposição?
Os aterros sanitários são construídos de acordo com critérios técnicos de engenharia, que visam permitir que os resíduos sejam confinados de maneira segura. O solo é protegido por meio de impermeabilização, os resíduos são compactados e aterrados, e o chorume produzido durante o processo de decomposição dos resíduos é coletado e tratado. Além disso, o biogás produzido pela decomposição dos resíduos também é coletado, podendo ser reaproveitado energeticamente ou queimado, a fim de reduzir seu potencial poluidor.
Mas apenas 59,1% dos resíduos sólidos urbanos encaminhados para disposição final vão para aterros sanitários. E, ainda assim, por mais que essa forma de disposição seja considerada ambientalmente adequada, ela ainda polui. Mais um motivo para reduzir os nossos resíduos, não é mesmo?! Portanto, ecocientize-se! ;)
Referência:
ABRELPE (Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais). Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2017. Disponível em: http://abrelpe.org.br/panorama/
Jaqueline Pirão Zotesso é Doutora em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pesquisadora da área ambiental. Atualmente cursando Especialização em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Instituto Federal do Paraná (IFPR).