Ao construir esta nova exposição de ideias, reconheço que a temática exposta possa encontra-se um tanto saturada. Contudo, exatamente pela saturação da discussão, percebo a necessidade de mais e mais reflexão, discussão e principalmente ações mais diretas e efetivas. Alerto que ao colocar o nome do jogador Vinícius Jr no título, não represento nem como vítima ou muito menos um herói, mas sim como a expressão e exposição do racismo nosso de cada dia. Como assim

Bem! Vinícius Jr., jogador do Real Madri, um dos principais clubes de futebol no mundo e atuando na Espanha, tem sua origem comum de vida humilde e dura, experimentada no Brasil. Desta forma, Vinícius Jr, ao reagir do modo como fez, coloca a seguinte questão: pelo dinheiro e fama que ganha, qual o motivo da reação com o que aconteceu no último jogo da Liga espanhola, com episódios de racismo contra o jogador brasileiro. Ora! O que motiva esta atitude se mesmo sendo negro, de origem pobre e oriundo de uma sociedade periférica, Vini Jr. é pago para jogar em uma Liga de Futebol riquíssima e localizada na Europa, além de ganhar muito bem para isto. Em outros termos: cale-se Vinícius Jr e jogue! Como se fosse uma tentativa de coisificação do corpo negro. Algo bem característico de uma visão colonialista de mundo, sobre corpos colonizados.

Penso que tal episódio e consequente reação praticamente global, revela o nosso racismo de cada dia. Racismo presente em praticamente todas as sociedades, com diferenças e características próprias e particulares, mas que se demonstra globalmente comum. Exatamente o não calar-se do jogador, rompe com o silencio do racismo atuante mas escondido ou pelo menos, tentando-se escondê-lo.

Este episódio de racismo nosso de cada dia, deve ser pensado para além do âmbito futebolístico, sendo necessário refletir e discutir mais diretamente e abertamente, o tema do racismo. Deve-se fugir do mero vitimismo e repudiar completamente os oportunismos de plantão, mas indubitavelmente, o episódio de Vinícius Jr, só demonstra a necessidade em se adotar medidas efetivas e concretas contra o ódio racial e exatamente contra as formas de discriminação e coisificação dos corpos não brancos, ainda emudecidos pelo racismo que sofrem no nosso dia a dia.