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Uma avaliação heterodoxa


Por: Dr. Felipe Figueira
Data: 17/11/2025
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         Ao longo dos meus anos de magistério, as minhas avaliações costumaram (costumam) ser tradicionais. Em uma prova escrita, por exemplo, mesclo questões objetivas com dissertativas. Em uma apresentação oral, geralmente disponibilizado um assunto e/ou texto de base e depois exijo esse material. Nada extraordinário.

 

          Todavia, eu sempre soube que o que realmente importa na avaliação não é o conceito em si, mas o caminho que o aluno levou para atingi-lo. Às vezes o conceito é baixo, mas a preparação não foi trivial. É pensando nesse tipo de situação que farei, um dia, uma avaliação heterodoxa, que tem por base uma interpretação livre do pensamento de Masschelein e Simons (2019): “A preparação para o exame é fundamental, sendo o esforço e não o resultado o que conta. O (processo para o) exame, muitas vezes, cria um período de estar liberado (de outras tarefas) e um espaço em que os alunos podem se aplicar à matéria de uma forma concentrada. Durante esse intensivo período de estudo e prática, a preparação como tal é o que está em risco. O exame é, portanto, uma ferramenta pedagógica para exercer pressão” (p. 62).

          Apresentada a referência bibliográfica anterior, agora apresentarei a minha proposta heterodoxa de avaliação: ao invés de cobrar os assuntos em si, cobrarei que os alunos relatem sobre como foi o processo de preparação para o exame. E essa proposta será de surpresa: portanto, os alunos não serão avisados. A pergunta será: “descreva detalhadamente como foi o processo de preparação para a avaliação sobre Egito Antigo”. Logo se vê que essa diferente proposta pode ser aplicada para quaisquer disciplinas.

          Por fim, uma história. Certa vez fui a uma palestra com Celso Antunes e ele comentou o seguinte: antes de aplicar a avaliação, em um dia qualquer, ele percebeu o tanto que os alunos falavam sobre o exame, assuntos que o professor sequer cobraria. Foi nesse momento que o experimente docente percebeu que os alunos tinham estudado muito além do que seria exigido. Daí veio a proposta dele: uma questão livre, elaborada pelos próprios estudantes, a ser integrada à avaliação. O resultado foi interessante, pois revelou assuntos que o professor só de relance havia mencionado. Esta palestra me fez aplicar a mesma ideia em várias de minhas avaliações. Agora, eu já um pouco mais experiente, e também radical, espero levar a heterodoxia avaliativa a um outro parâmetro.

Dr. Felipe Figueira

Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.


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