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Um ano de Brumadinho


Por: José Antônio Costa
Data: 24/01/2020
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Amanhã, sábado, 25 de janeiro completa um ano do desastre em Brumadinho (MG). O município localizado na região metropolitana de Belo Horizonte com população estimada em pouco mais 39 mil habitantes se tornou notícia no mundo todo quando uma barragem da mineradora Vale na Mina Córrego do Feijão ruiu e provocou uma onda de lama com morte e destruição.

Durante a semana, li uma triste matéria enfatizando que Brumadinho convive com adoecimento mental um ano após a tragédia da Vale. O texto destacava que de acordo com o secretário municipal de saúde, em 2019, o uso de ansiolíticos aumentou quase 80% em comparação a 2018.

Tratar como tragédia o caso de Brumadinho é uma forma de amenizar a reincidência de um crime grave cometido contra a população daquele local. Talvez as qualificadoras fiquem por conta da omissão, ambição, ganância, descaso com a natureza, falta de fiscalização. Tudo isso narrado anteriormente custou a vidas de muitas pessoas e famílias devastadas. É importante lembrar também a tragédia de Mariana em 2015.

A então vida pacata dos moradores de Brumadinho foi transformada após o dia 25 de janeiro de 2019. Houve crescimento no número de suicídios e de tentativas de autoextermínio, aumento do consumo de antidepressivos e ansiolíticos, elevação de afastamento entre profissionais da saúde.

Dados da Secretaria Municipal de Saúde apontam que em 2019, o uso de antidepressivos cresceu 56% e o de ansiolíticos aumentou 79% em comparação com 2018. Os casos de suicídio passaram de 1 para 5, sendo 3 no município e dois na região. Já as tentativas saltaram de 29 para 47. 

De acordo com a Vale, cerca de 600 famílias estão sendo acompanhadas por profissionais do Programa Referência da Família, como forma de garantir assistência às pessoas diretamente atingidas pelo rompimento.

“Como se trata de um luto coletivo, os esforços voltados à saúde emocional devem envolver não só um trabalho direcionado aos familiares, mas à população como um todo”, afirma mineradora por meio de nota.

Ainda segundo a Vale, a empresa assinou acordo de cooperação com a prefeitura para repasses que já totalizam R$ 32 milhões destinados, exclusivamente, à ampliação da assistência de saúde e psicossocial no município. Em 2019, foram realizados mais de 18 mil atendimentos médicos e acolhimentos psicossociais à população.

Há um ano ficamos comovidos com o sofrimento das vítimas. Admiramos a coragem e determinação das equipes de socorro, como os bombeiros, policiais, defesa civil e voluntários. A rápida mobilização dos brasileiros de todos os lugares com doações e ajuda humanitária, além da colaboração dos 130 militares israelenses.

Mas, tudo isso passou. As multas pagas são irrisórias. Indenizações nem se fala. Nada de prisões. E vai ficando por isso mesmo. É sempre assim com atingidos por desastres ambientais, balas perdidas, queda de avião, incêndio em boate (completa 7 anos no dia 27/01). No Brasil muitas vezes a aposta dos causadores é o “esquecimento”. Porém é necessário questionar: Quais medidas protetivas foram tomadas para proteger a população e o meio ambiente? A resposta é muito difícil.

Lá em Brumadinho as pessoas estão sofrendo as consequências do que talvez seja um dos maiores crimes ambientais. A “tragédia” é ambiental, ecológica, econômica e hídrica. As consequências serão sentidas ainda por muitas décadas. Vidas que não voltam. Famílias destruídas. Desolação total. O lucro acima de tudo.

“Há riqueza bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição”.

Mahatma Gandhi (1869 a 1948), foi um advogado, nacionalista, anticolonialista e especialista em ética política indiano, que empregou resistência não violenta para liderar a campanha bem-sucedida para a independência da Índia do Reino Unido

José Antônio Costa


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