Trombose, antes mais incidente nos idosos, também tem feito vítimas entre os jovens
Por Dr. Juarez de Oliveira – Médico E.S.F.
Doença que obstrui os vasos sanguíneos, a trombose ocorre quando se forma um coágulo de sangue (trombo) em uma veia ou artéria, o que pode bloquear o fluxo sanguíneo, impedindo a circulação e o transporte de oxigênio, água, nutrientes, hormônios, células de defesa (leucócitos) e moléculas envolvidas na coagulação para nutrir os tecidos. Além disso, impede a eliminação de resíduos metabólicos. Segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, cerca de 180 mil brasileiros são diagnosticados com trombose a cada ano.
A doença pode atingir tanto artérias quanto veias. A trombose arterial normalmente é precedida de aterosclerose (placa de gordura que se acumula na artéria, estreitando-a e endurecendo-a). Como exemplo de trombose arterial, temos:
- Trombose da artéria carótida, que pode causar derrame cerebral;
- Trombose da artéria coronária, que pode causar infarto do miocárdio;
- Trombose das artérias das pernas, que pode levar à amputação e comumente se desenvolve em fumantes crônicos.
As tromboses venosas também têm grande importância clínica. É o caso da trombose das veias das pernas, que pode causar embolia pulmonar. Vale destacar que a trombose em veias profundas das pernas é bastante comum em pessoas que realizam viagens longas, com muitas horas de duração, de avião, ônibus ou carro. A trombose venosa também é comum em ambiente hospitalar, especialmente após cirurgias ortopédicas, oncológicas ou ginecológicas. A imobilidade do paciente favorece a formação de coágulos, que podem se desprender e migrar para os pulmões, ocasionando uma embolia pulmonar — um quadro grave.
Possíveis causas e fatores de risco da trombose:
- Uso de anticoncepcional ou tratamento hormonal;
- Tabagismo;
- Permanecer muito tempo sentado ou deitado;
- Hereditariedade;
- Gravidez;
- Lipídios elevados;
- Presença de varizes;
- Flebite (inflamação de uma veia superficial), que pode evoluir para trombose;
- Obesidade;
- Imobilidade prolongada (pós-cirurgia, viagens longas, fraturas, acamados);
- Insuficiência cardíaca;
- Tumores;
- Distúrbios na coagulação do sangue;
- História familiar de trombose;
- Alterações na parede vascular.
Sintomas da trombose:
- Edema na área em que se formou o coágulo;
- Dor ou desconforto na área afetada;
- Vermelhidão e calor na região afetada;
- Alteração da cor da pele;
- Rigidez da musculatura na região do trombo;
- Em casos graves, pode haver falta de ar, dor no peito e aceleração dos batimentos cardíacos, indicando uma possível complicação: a embolia pulmonar.

Foto 01: (Divulgação) Trombose deixa de ser exclusividade dos idosos e acende alerta com aumento de casos entre jovens
Diagnóstico
Geralmente, o diagnóstico inicial é clínico, baseado nas informações do paciente. Outros exames que podem confirmar o diagnóstico incluem:
1. Eco Colorido Doppler dos vasos possivelmente comprometidos;
2. Ultrassonografia;
3. Venografia;
4. Tomografia e Ressonância magnética;
5. Exame de sangue.
Tratamento da Trombose
Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento da trombose tem três objetivos principais:
1. Impedir o crescimento do coágulo;
2. Evitar que o coágulo se desloque para órgãos vitais, como pulmões e cérebro;
3. Reduzir o risco de novos coágulos.
É uma doença que tem cura, desde que haja precaução com as complicações. Portanto, não demore a procurar a UBS ou seu médico.
Medidas Preventivas
Não se esqueça de beber bastante água, praticar exercícios físicos regularmente, manter as pernas elevadas, adotar uma dieta balanceada, evitar o tabagismo e o consumo de álcool, além de controlar doenças como hipertensão e diabetes. Em viagens longas, caminhe um pouco dentro do avião ou ônibus, ou pare o carro para se movimentar. Use meias de compressão e realize exercícios simples, como mexer os pés e flexionar joelhos e coxas.
Uma boa dica é utilizar, antes e depois de viagens longas, um comprimido de Rivaroxabana 10 mg (como o Xarelto, por exemplo), para prevenir a formação de coágulos. Demais orientações devem ser dadas na UBS ou pelo seu médico.
O risco em mulheres também é elevado, devido à exposição a fatores hormonais, uso de anticoncepcionais e gestações.
A Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular tem alertado a classe médica sobre o crescimento de casos de trombose em jovens. Os motivos seriam a predisposição genética, obesidade, tabagismo (cigarros ou vapes), sedentarismo, uso de anticoncepcionais, gravidez precoce, doenças autoimunes, imobilidade prolongada, varizes, doenças cardíacas, longas viagens, cirurgias e hospitalizações.