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Todos estão de acordo?


Por: Alessandra Macon
Data: 20/12/2021
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A Língua Portuguesa passou por muitas mudanças desde sua origem até chegar à forma como conhecemos hoje. Como muitos sabem, o Português é uma língua de origem latina. Por esse motivo, chamamos a Língua Portuguesa de língua neolatina.

No Brasil, o Português chegou com a colonização portuguesa e, como uma das formas de dominação de um povo ocorre por meio da imposição da língua, ele foi exigido e, com o tempo, passou a ser o idioma falado por todos que habitavam no país.

A primeira vez que as normas da Língua Portuguesa foram registradas foi em 1904, com o livro Ortografia Nacional, de Gonçalves Viana. Como a educação em Portugal estava à frente do Brasil naquela época, eles decidiram dar início aos ensinamentos da língua com essa obra, mas a Academia Brasileira de Letras, no Brasil, se opôs a isso e, por aqui, adotou-se uma ortografia simplificada.

Esse movimento de imposição cultural fez com que houvesse um grande conflito entre os escritores e poetas. Os governos desses países resolveram entrar nesse conflito e decidiram criar um Acordo Ortográfico Brasil-Portugal, em 1911.

Quando Brasil e Portugal viveram ditaduras, nas décadas de 20 e 30, e o governo não precisava da autorização do parlamento para aprovar os acordos, um grande caos foi gerado. Esta foi, inclusive, uma época em que mudaram muito a ortografia da Língua Portuguesa. Isso ocorreu duas vezes, em 1943 e em 1945.

Em 1943, foi criado um Novo Acordo Brasil-Portugal, que foi usado até 1971, com bases que foram usadas até o último acordo proposto, mas isso eu vou explicar daqui a pouco. Depois disso, Portugal fez mais duas mudanças no Acordo, em 1945 e 1946, mas essas mudanças não aconteceram no Brasil, pois o regime, nessa época, era democrático e as mudanças deveriam ser aceitas pelo parlamento.

A demora foi tanta, que só 16 anos depois as mudanças propostas foram aplicas no Brasil. Ainda assim, nem todas foram realizadas; a única mudança que ocorreu foi na acentuação gráfica.

A história que envolve a criação do Acordo Ortográfico que está em vigor atualmente teve seu início há muito tempo, na década de 80. Em 1987, José Sarney era presidente do Brasil e fez a abertura da assembleia da ONU no mesmo ano. Ao final do discurso, ele pediu uma cópia da íntegra de seu discurso, que o foi entregue em três versões: em Francês (língua oficial da ONU), em Inglês e em Espanhol. Ele não recebeu uma cópia em Português.

Isso ocorreu porque o Português não era considerado uma língua internacional pela ONU porque havia muitas divergências de escrita entre Portugal e Brasil. Buscando resolver essa questão, Sarney propôs e criou a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que existe até hoje. Nessa época, foi proposto também um Novo Acordo Ortográfico para que o idioma fosse, finalmente, unificado em todos os países que têm o Português como idioma oficial.

Esse acordo foi escrito em 1990 e aprovado em 1995, mas não entrou em vigor porque havia a exigência de unanimidade entre todos os países, porém, isso não ocorreu, porque dois países africanos não aceitaram o Novo Acordo. Em 2002 esse acordo foi novamente proposto, mas não exigia mais unanimidade; se a maioria aceitasse, seria aprovado.

Em 2009, o acordo foi aprovado e passou a ser usado no Brasil. Até 2015 era permitido, no Brasil, o uso dos dois acordos para que houvesse a familiaridade com as novas regras. A partir de 1° de janeiro de 2016, apenas as regras do Novo Acordo Ortográfico seriam aceitas.

É importante ressaltar que todos os acordos foram ortográficos. Toda mudança que ocorreu, desde o primeiro acordo até o último, não causou nenhuma mudança na fala, na pronúncia das palavras. Cada país – ou cada região de um país – tem sua forma específica de falar.

Curiosidade: Com a reforma de 1971, Aurélio Buarque de Holanda publicou seu dicionário, em 1972. Esse passou a ser o único dicionário que existia no Brasil nessa época.  Com a proposta do acordo de 1990, Antônio Houaiss escreveu seu dicionário.

 

Alessandra Macon


Anuncie com Jornal Noroeste
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