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Tempos de violenta banalização da vida


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 01/07/2024
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Tornou-se uma espécie de modismo, apontar-se que vivemos tempos disto ou daquilo, utilizando este termo de modo crítico quando nos referimos para nossa atualidade. Porém, obviamente com referência a essa temática proposta nesta nova exposição de ideias, estamos refletindo e debatendo a respeito de nosso tempo presente ou atualidade. Indubitavelmente, a banalização da violência que banaliza e destrói a vida, apresenta-se enquanto questão presente em nosso quotidiano, seja este localizado em nossa sociedade e país ou mais amplo, quanto a questão da violência das guerras banalizadoras da vida em partes deste mundo globalizado como ocorre na Ucrânia e Faixa de Gaza.

Guerras permeadas por táticas de banalização das vidas de tal modo, que sub-humanizam a vida humana para assim destruí-la de diferentes modos. Também faz parte desta banalização, a nossa agressão cada vez mais constante, violenta, intensa e irresponsável contra a vida da natureza em seu todo, fato verificável facilmente em nosso Pantanal sendo queimado de forma implacável e constante. Quero destacar mais diretamente, a violência banalizadora da vida humana no dito quotidiano de nossas grandes cidades, como o exemplo do Rio de Janeiro, que nos tempos mais recentes, tem se destacado por acontecimentos de atos de violência letais, demonstrando uma banalização da vida e a sua descartabilidade a partir de violências que até de certo modo, se tornam inexplicáveis quanto o porquê de suas práticas.

Aparentemente inexplicáveis, pois de certo modo, pode-se observar o panorama social, relacional e ético de uma sociedade atravessada por conflitos de intensa origem étnico-racial-social. A predominância do tráfico nas comunidades, intensifica demais esta banalização, no sentido de que para a sociedade e por consequência, também para a estrutura policial do Estado, os moradores das comunidades são em seu todo “marginais em potencial”. São percebidos e classificados enquanto ameaças à vida da população de bem. Neste aspecto, são banalizados na condição de vidas criminosas, sendo necessário eliminá-las. Assim sendo, tal ação do Estado policial, só acirra a resposta de mais violência. Neste quadro de guerra urbana, vidas são destruídas de modo praticamente banal.

 Situação que se tornou diária e quotidiana, cuja resposta imediata passa por mais violência e repressão por parte do corpo armado policial e também jurídico do Estado. Em tal quadro, fica difícil pensar em como lidar com esta banalização, promotora de eliminação de vidas quase em série. Como se fosse um tipo de processo industrial de destruição de vidas.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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