Em média o tempo de uma aula é de cinquenta minutos. Em média cada turno de aulas tem quatro horas. Em média um professor trabalha oito horas por dia. O tempo de intervalo (recreio) costuma ser de quinze minutos. O tempo de concentração de todo ser humano costuma ser curto. O tempo é fundamental para a sociedade e, por consequência, para a educação.

Sempre tive o privilégio de trabalhar em lugares que não se importavam tanto com a rigidez do tique-taque. Isso me possibilitou e possibilita concluir as aulas uns cinco ou dez minutos antes do que deveria acabar. Ao invés de usar toda a extensão do meu tempo, dou uma margem de “vazio”, de liberdade, que é quando termino a aula antes.

O tempo que dou para os alunos, na verdade, possui algumas vantagens. Primeira, eu próprio consigo um descanso maior entre uma aula e outra. Na docência, assim como em qualquer outra profissão, é preciso ter estratégias de sobrevivência – no caso, descanso um pouco. Segunda, os alunos se veem mais motivados diante de um professor que lhes dará maior descanso – e a motivação é um excelente elemento do aprendizado.

Não é demais lembrar que os alunos passam um período inteiro em um espaço minúsculo cercado por uma cadeira e uma mesa. O desconforto é mais do que evidente. Assim, se não é possível conceder mais recreios, talvez seja possível oferecer um tempo menor nas aulas, este destinado ao descanso. Com essa estratégia estou a reduzir a quantidade e a qualidade das aulas? Não, mas viso enxugar e potencializar, dizer o essencial, porque não é no muito falar que alguém é ouvido.

Eu sei que em muitos estabelecimentos de ensino não é possível flexibilizar o tique-taque, e isso por inúmeros fatores. Porém, já que esse texto faz parte da minha utopia docente, talvez fosse possível que as escolas pensassem um pouco mais em termos de tempo e ânimo. Talvez isso se refletiria em mais motivação.