SORRIA, VOCÊ ESTÁ SENDO FELIZ
Pode não parecer, mas o simples fato de sorrir exerce uma grande influência no organismo. Quando ele se torna hábito, aí a vida toma um outro sentido, mesmo diante das adversidades
POR ALDERI RABÊLO
Problemas todo mundo tem. Uns mais, outros menos, mas é improvável que alguém passe por este plano material sem ter acessos a esses eventos. Uma coisa, porém, é certa, ficar chorando e se lamentando pelos quatro cantos da casa não resolve absolutamente nada. Ao contrário, a lamúria só enfraquece a pessoa e a impede de ver o lado bom dos fatos supostamente ruins. Supostamente, sim, porque as dores e as perdas sempre transmitem um aprendizado. Também ninguém precisa sofrer calado ou ostentar uma aparência de todo-poderoso. Aliás, esse é outro comportamento nocivo.
A questão comprovada é que o entusiasmo pela vida e o bom humor exercem papéis fundamentais, não só para vencer os problemas como também na preservação da saúde física e mental. Ah, um sorrisão estampado no rosto com frequência ajuda ainda na manutenção de uma boa aparência e na prevenção de rugas e outros problemas da pele. Quem pratica isso como uma rotina no dia a dia, tem tudo.
Basicamente, os pensamentos e atitudes dizem muitos sobre quem somos e como nos posicionamos diante da vida. Dizem que ser proativo é não deixar a peteca cair, mesmo diante da pior circunstância. Ao seguir em frente, o otimista contagia e irradia pensamentos favoráveis, que acabam retornando para si, como uma via de mão dupla. Turbinar os hormônios da alegria (dopamina, serotonina e endorfina), por exemplo, não é fácil, mas necessário nos dias de hoje. Aliás, hoje, e sempre. E, claro, para quem quer viver feliz. O bom é que possuímos recursos para deflagrar boas doses dessas importantes substâncias.
O bom humor é contagiante, provoca uma reação efeito dominó. Se num ambiente conturbado, o riso pode promover boas melhoras, uma boa gargalhada, então, é capaz até de queimar calorias. O sorriso ativa e desencadeia a produção e a liberação de muitos hormônios responsáveis pelo prazer. Eles são capazes de produzir uma ação de bem-estar, o mesmo que é liberado quando fazemos exercícios físicos. Esses neurotransmissores são chamados de “hormônios da alegria e da felicidade”. Portanto, ganhamos muito ao cultivar bons pensamentos e atitudes compatíveis.
BOM HUMOR
Estudos científicos comprovam que as substâncias citadas estão relacionadas ao humor. Em desequilíbrio, podem alterar as suas funções, o que costuma acontecer num processo depressivo ou na ansiedade, por exemplo. Resgatar o equilíbrio é possível por meio da medicação, exercícios físicos, ajuda da psicoterapia, além do resgate das atividades prazerosas.
“Vários antidepressivos estimulam maior ação na transmissão de um neurotransmissor a outro. Em processos depressivos, é importante fazer um acompanhamento psicoterápico porque mexe com o circuito cerebral neuroquímico e uso dos referidos medicamentos”, explica o psiquiatra Luiz Antonio Dias. Quando o sofrimento está instalado, é preciso uma ação ampla.
Esse é um assunto complexo que vai além de uma abordagem de um livro de autoajuda ou um bate-papo com um amigo. Tais alternativas podem ajudar, mas não vão resolver o problema porque se trata de uma questão neuroquímica que precisa ser corrigida, segundo explica o especialista. Não que a literatura voltada para a promoção do bem-estar como a autoajuda não funcione. Ela age mais como um paliativo em todo processo, em que a medicação e a psicoterapia são os protagonistas.
Vivemos numa época em que tempo é dinheiro. Ganhamos pouco, trabalhamos muito, nossos sonhos são achatados e engavetados, ficando num porão cheio de poeira. No sistema tradicional, o ganha-pão está cada vez mais difícil. Ainda que o dinheiro não traga felicidade, de uma maneira assim resumida, a falta dele redunda em muitos problemas, na esfera pessoal, conjugal e profissional.
REME O BARCO
Mas, o que fazer para continuar remando o barco numa maresia repleta de correntezas? Não deixar o barco correr ao sabor da onda é uma delas. De nada adianta uma atitude passiva. Uma das frases de autoajuda que mais causa impacto é essa: “Sua atitude determina sua altitude”. Afinal, motivos para o choro sobram. O que diferencia um vencedor é sua maneira de agir, inclusive e, principalmente diante das adversidades.
Não se trata de querer ostentar uma postura de invulnerabilidade aos outros. Mas é mostrar para si mesmo que o bom humo e o entusiasmo fazem sim toda a diferença diante de toda e qualquer situação, por mais caótica que ela se apresente. Ás vezes, um medicamento ameniza uma dor ou outra manifestação. Determinadas situações, entretanto, é o enfrentar com coragem, força e um belo sorriso no rosto que, efetivamente, vai resolver o caso.
O uso da palavra proativo deve-se à psicologia experimental. Grande parte desta teoria, elaborada na década de 30 do século passado, foi formada nos campos de concentração nazistas. Foi lá que Viktor Frankl, tendo perdido sua esposa, pai, mãe e família, decidiu que, mesmo sob as piores circunstâncias, as pessoas podem criar e encontrar um significado para a existência. Quer ensinamento maior do que este? Sim, você irá dizer que as pessoas assim existem na teoria e não na prática. Ledo engano. O dia a dia mostra quão isso é possível.
Talvez a chave da questão esteja na Programação Neurolinguística, na qual o livro “O Segredo” – de Rhonda Byrne – é baseado. A lei da atração, segundo a obra, sempre está agindo em todos nós. É uma lei que explicaria o porquê de tudo que acontece em nossa volta. Ela explica que nossas emoções são produtos de nossos pensamentos. E são eles, os pensamentos, que produzem os acontecimentos. Ou seja, se tivermos boas emoções, então teremos bons acontecimentos. Do contrário, se tivermos más emoções, então o resultado será uma sucessão de maus acontecimentos.
POSITIVAR O PENSAMENTO
Basicamente assim: “Você atrai aquilo que transmite”. Assim sendo, positivar o dia com pensamentos otimistas é o X da questão, mas como fazê-lo se não sentimos? Promover uma reforma íntima em nosso cérebro, vencendo os obstáculos. Trata-se de um processo diário que nunca termina. Afastar-se de pessoas negativas, ter atividades que promovam o bom astral, ter lazer, entretenimento que renda qualidade de vida. Utilizar bem o tempo. De nada adianta mergulhar no trabalho para tentar um ganho a mais, sem desenvolver as práticas sugeridas.
Pessoas mal humoradas, que levam a vida na base da amargura e seriedade em excesso padecem do déficit de alegria, segundo definiu o médico e homeopata Eduardo Lambert, autor de “A Terapia do Riso”. Não é à toa que muitos hospitais ganharam artistas voluntários para trabalhar o riso diante de pacientes condenados com o câncer, por exemplo. Com a visita dos palhaços do bem, o ânimo dos pacientes revigora as defesas do organismo. Resultado: eles melhoram.
O riso conforme o autor e idealista da alegria é um ‘medicamento’ 100% orgânico, gratuito e contagiante, idealizado pela fisiologia humana para ser consumido sem moderação. Porque promove o relaxamento do corpo e da mente, fortalecendo as defesas do organismo, melhorando a circulação e a pressão arterial. E mais: libera endorfina. O neurotransmissor responsável pela sensação de bem-estar protege o coração contra infarto, trombose e acidente vascular. Dizem até que muitas emoções negativas estariam por trás da origem de alguns tumores e até do câncer. Emoções mal trabalhadas, não sentidas, podem contribuir para o adoecimento.
TREINAR É PRECISO
Como tudo na vida é uma questão de treino, vai aí uma importante informação àqueles que fazem de suas vidas um muro de lamentação. Sorrir, adotar o bom humor e ser otimista em todas as circunstâncias são atitudes que podem ser desenvolvidas, mesmo para aquelas pessoas carrancudas que só veem o lado turvo da vida. Fomentar o entusiasmo tem tamanha importância, capaz de mudar o mundo e a si mesmo. Isso tudo resulta em saúde física, mental, fortalecimento das defesas do corpo e prevenção de doenças. Acredite, mais qualidade de vida e disposição.
Vale a pena trocar a lamúria pela gratidão; a cara carrancuda por um baita de um sorriso e a amargura pela leveza. Afinal, enquanto há vida, há esperança e não há mal que dure para sempre. Tudo tem um prazo de validade e, sobretudo, um propósito supremo. Nada é por acaso. Portanto, você que é especialista em chorar e reclamar de tudo, tente virar o disco e fazer o contrário. Não de uma forma automática, mas consciente que tais atitudes podem mudar sua vida radicalmente, para melhor, é claro.