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“Bienvenidos al Estado Plurinacional de Bolívia”


Por: Assessoria de Imprensa
Data: 25/09/2020
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Por Itamar Sateles de Sá* 

Em novembro de 2016 tive a oportunidade de fazer uma viagem pelo estado de Mato Grosso do Sul e Bolívia. Conheci as cidades brasileiras de Bonito, Ladário e Corumbá, essa última no coração do Pantanal sul-mato-grossense, além da cidade boliviana de Puerto Quijarro, na fronteira com o Brasil. Na época, eu cursava o segundo ano do curso de Geografia da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), em Paranavaí. 

Essa viagem realmente me marcou. Primeiro porque eu não podia arcar com os custos, portanto, não iria. No entanto, ganhei-a de presente de um professor da graduação. O ônibus sairia no sábado e, na sexta-feira, um dia antes, ele entrou em contato comigo. Disse que, por motivos pessoais, não poderia ir à viagem, apesar dela já estar paga. Decidiu então presentear um aluno e, felizmente, eu fui o escolhido. 

Segundo porque, um dia antes, na quinta-feira, eu havia chegado de uma viagem à Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), em Curitiba. Essa viagem também foi fruto da generosidade de uma professora da graduação que, à época, lecionava a disciplina de Políticas Educacionais. Portanto, em uma semana, fui de Curitiba a Puerto Quijarro, percorrendo pouco mais de 1.400 km. Tratou-se de uma semana excepcional, uma vez que gosto de conhecer qualquer lugar ou município que não conheço, independente do seu tamanho, fama ou posição na hierarquia urbana. Com isso, recordo-me do título de um livro, o qual me identifico muito, de um professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Rogério Haesbaert: “Por Amor aos Lugares”. 

Além disso, essa viagem me marcou pois foi a primeira vez que sai do território nacional e entrei em um país estrangeiro. Até hoje, 2020, continua sendo a única vez que sai do Brasil. Ficamos pouco mais de quatro horas na Bolívia. Lembro-me de ter observado cada detalhe na fronteira: o posto da Polícia Federal, uma pequena ponte sobre um córrego que atravessávamos para cruzar a fronteira, dentre outras coisas. Atravessamos a fronteira a pé, sem apresentar nenhum documento, tanto na ida quanto na volta. De início isso me surpreendeu: pensava que o fluxo de pessoas entre os dois países fosse mais fiscalizado.

Ao entrar no território boliviano fiquei ao mesmo tempo surpreso, feliz e perplexo. Lembro-me do primeiro pensamento que me veio: “Aqui a soberania brasileira já não tem mais vez. O presidente Temer já não exerce autoridade alguma sobre esse território. Quem exerce poder aqui é o presidente Evo Morales.” Um pensamento talvez normal na mente de um amante de Geografia Política e Relações Internacionais que sai pela primeira vez de seu país.

Nesse dia, foi a primeira vez que me vi na posição de estrangeiro.  Foi um sentimento que gostei . Uma por causa da experiência de conhecer um país e povo que antes só conhecia pelos noticiários. Outra porque, se eu era estrangeiro, era porque eu estava fora do território brasileiro. Ou seja, estava fazendo uma das coisas que mais gostava, mas nunca tive oportunidade: conhecer novos países. Acredito que todos têm o “emprego dos sonhos”. No meu caso, o emprego dos sonhos seria o de diplomata do Ministério das Relações Exteriores, o famoso Itamaraty. Não por questões financeiras, mas sim pela oportunidade de viajar todo o mundo e conhecer várias culturas e povos. 

Na Bolívia aprendi a querer conhecer a América Latina, tanto sua história quanto cultura. Algumas situações, que ainda serão narradas em outros textos, me fizeram refletir o quão pouco nós sabemos sobre nossos vizinhos e até sobre nós mesmos, brasileiros. Ao voltar dessa viagem, estava decidido que, assim que terminasse minha graduação, iria cursar o Mestrado em Estudos Fronteiriços da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), na cidade de Corumbá. Infelizmente não foi possível, por inúmeros motivos, mas continuo lendo e estudando acerca da temática, a fim de me aprofundar e conhecer minha história como latino-americano. 


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