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Parar e dedicar escuta ao outro nesse mundo de impaciência é algo a ser pensado na atualidade. Hoje vivemos em tamanha correria que esse ato exige muito esforço e por certo falar a respeito de si mesmo talvez seja menos custoso, afinal, sempre temos alguma coisa que queremos anunciar à alguém.

O fato da vida estar em constante movimento e com intensa velocidade, percebe-se que os laços afetivos antes eram mais duradouros e mais sólidos, agora, não mais.  É bem verdade o que diz o sociólogo Zigmunt Bauman, a humanidade em suas relações sociais caminha a passos largos imersos em uma vida líquida. Para ele, liquidez é entendido como aquilo que vaza, esvazia, escorre entre os dedos, portanto, difícil de se solidificar.

O conceito de liquidez e porque não dizer de fluidez atrelado ao comportamento do ser humano, traz uma clara visão de que não há mais consolidação muito menos disposição para manter relações pessoais, o que caracteriza uma fragilidade dos laços humanos, diz Bauman.

Em meio a essa efemeridade, atribui-se importância ao trabalho do psicólogo que se dispõe a oferecer a escuta àquele que, mergulhado nesse cenário, necessita realizar um movimento contrário em busca de sentido para sua vida que aos poucos está se perdendo em meio a liquidez.

Por isso, no contexto da escuta, Bauman vai dizer que “quando o sujeito percebe que sua voz é ouvida, que sua opinião é importante ou que sua presença é sentida, ele entende que é único, especial e digno de amor”.

Escutar está intrinsicamente ligado à atenção e requer dos ouvidos a retenção do discurso do outro. Ou seja, é preciso aplicar os ouvidos para perceber, sentir e refletir sobre o que o outro falou. Nesse sentido, o psicólogo trabalha principalmente com esta ferramenta terapêutica enquanto forma de minimizar as angústias e diminuir o sofrimento, pois o simples falar e ser ouvido terapeuticamente, causa a sensação de alívio ao paciente.

O paciente passa a repensar a sua história e nesse processo possibilita ao psicólogo uma melhor compreensão do sofrimento humano. Sob este preceito, escuta-se para além do que é dito, escuta-se com a alma, sem julgamento para então fornecer acolhimento e apoio emocional ao que está em sofrimento.

Ao psicólogo cabe silenciar por dentro, se ausentar de pensamentos, de ruídos, silenciar para escutar... Silenciar para que o outro se escute.

 

Cecília Akemi Izui Kobayashi


Anuncie com Jornal Noroeste
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