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Sétima Arte - The Old Guard


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 17/07/2020
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Semana passada a Netflix lançou mais um filme de ação original e mais que depressa ele se tornou uma das obras mais vistas nessa plataforma de streaming em vários lugares do mundo, inclusive no Brasil. É lógico que a carência de outras formas de entretenimento tem animado a Netflix para que cada vez mais coloque novos títulos a disposição do público e, dessa forma, veja os números de sua audiência se tornarem astronômicos. Por outro lado, essa necessidade de manter um ritmo ascendente de novidades impõe um maior cuidado para a qualidade do que se apresenta. Essa semana a Coluna Sétima Arte se dedica a comentar sobre esse novo sucesso da Netflix, The Old Guard.

Primeiro, preciso informar que The Old Guard é um tipo de filme que chama muito a minha atenção, pois envolve elementos que me são muito caros, tais como, HQs (histórias em quadrinhos), Mitologia, História e Ação. Por outro lado, esse fato me torna um pouco mais crítico e talvez meus comentários não sejam do agrado e da concordância de todos.

Se formos analisar pelo aspecto da diversão, ele é um filme excelente, entretém e diverte na medida certa, tem cenas de ação muito bem coreografadas e não impõe ao público nenhum desafio para a compreensão da trama. Mas se a análise for técnica, muita coisa está fora do padrão. Digo isso, porque a Netflix elevou seu nível e as expectativas do público ao fazer um filme de Ação recentemente que estava acima da média (eu estou falando de Resgate), mas o mesmo não acontece com The Old Guard.

Vamos começar pelo roteiro, ele foi escrito pelo autor original da história, o quadrinista Greg Rucka, que fez fama na DC Comics com suas histórias. Essa é a primeira vez que ele se aventura a roteirizar para o cinema e escolheu justo uma obra sua, a HQ homônima que foi lançada em três partes. A trama de The Old Guard aborda praticamente, ipsis litteris, apenas a primeira parte da miniessérie que foi lançada originalmente pela Image Comics. Nesse ponto você deve estar pensando, “poxa então o roteiro é bom, o dono da história foi quem a roteirizou”, mas não é o que acontece. The Old Guard é um ótimo exemplo de como uma história pode se desenvolver perfeitamente numa mídia e não funcionar em outra.

A adaptação para o formato de longa metragem exigiu alguns macetes da profissão que não fazem parte do know-how de Rucka, bem por isso, você vai perceber que apenas cenas de ação bem coreografadas não sustentam uma história e que a construção de personagens exige muito mais cuidado e esmero. Pois apresentar um grupo de pessoas que estão vivas há séculos, alguns há milênios, exigiria no mínimo uma abordagem mais extensa dessa experiência de vida, o que não acontece com The Old Guard. Além disso, seu vilão é fraco em argumentos e a falta de reviravoltas tenderia a levar o público ao marasmo se não fosse as cenas de ação.

Sobre a direção, que ficou a cargo da diretora Gina Prince-Bythewood, apresenta-se uma intensa exploração do aspecto visual, algo que é positivo e impacta num primeiro olhar, mas que se esvai devido à falta de complexidade da trama. Parece que tudo já está muito bem definido, os momentos de perigo não impõem risco real e até as reviravoltas não causam impacto. Falta humanidade em seus personagens centrais para que suas dores, angústias e sofrimentos sejam partilhadas pelo público ao longo do filme. Mesmos as questões afetivas que poderiam humanizar e enriquecer a personalidade de cada um são tratadas de forma muito rápidas, como por exemplo a relação inter-racial da protagonista na antiguidade ou o romance entre os guerreiros cruzados que lutaram em lados opostos. Tudo isso deixa muito claro que a intenção do filme nunca foi problematizar nada, mas sim oferecer diversão simples e gratuita, características que fazem dele um grande sucesso, independente de questões técnicas!

Já o elenco tem altos e baixos, há quem brilhe muito e quem fique aquém do esperado. A dupla de protagonistas da trama, Charlize Theron e Kiki Layne são ótimas, há muita sintonia e química em cena e elas demonstram excelentes atuações, é claro que não poderíamos esperar menos de Theron, uma ganhadora do Oscar. A atuação de Chiwetel Ejiofor é muito rápida e poderia ser melhor explorada, mas ele entrega um trabalho convincente. Eu gosto muito da atuação do ator belga Matthias Schoenarts, ele soube trabalhar muito bem as multifacetas de seu personagem. Mas, infelizmente, mais uma vez, Marwan Kenzari deixa a desejar. Eu já havia comentado que ele poderia ter feito mais na sua participação em Aladdin, da Disney, e aqui a sensação é a mesma, caricato até mesmo nas horas mais sombrias de seu personagem, ele infelizmente não convence.

Vamos à trama! Em The Old Guard, Andy e seus companheiros formam um grupo de soldados que possuem a inestimável virtude da vida eterna. Eles vivem através dos anos oferecendo seus serviços como mercenários para aqueles que podem pagar, se passando como seres humanos comuns dentre os demais. No entanto, tudo muda com a descoberta de que existe uma outra imortal que atua como fuzileira naval.

Por que ver esse filme? Porque é divertido, porque é rápido e porque tem muita ação. Ele tem aquele ar de filme de domingo à tarde, que você assiste de forma descomprometida e que melhora seu dia. Também tem um toque de violência gratuita que se aproxima de um estilo “tarantinesco”, de certa forma isso é bom. O fato de ser um filme baseado em HQs não quer dizer que ele seja aconselhável para crianças, fique atento a isso. Fique atento também à cena pós-créditos, por mais que não haja uma confirmação oficial para uma sequência, essa cena deixa claro que a intenção da diretora é dar continuidade a história de The Old Guard em outros filmes. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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