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Sétima Arte : Tenet


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 29/10/2020
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O tempo passa muito rápido e em tempos de pandemia parece que passa mais rápido ainda. Mal piscamos e lá se foram sete meses desde que os cinemas foram fechados, infelizmente muitos ainda não abriram, mas, para nossa alegria, aqui em nossa região os cinemas voltaram (pelo menos em Paranavaí). Na última semana eu fui conferir pessoalmente como estão sendo as sessões nesse retorno pós pandemia e me surpreendi tanto com a eficiência, quanto com a segurança, já o filme que eu vi foi bom, mas não excelente. Para quem estiver curioso, a minha primeira experiência de volta ao cinema foi com o filme Novos Mutantes na semana passada, esse foi o último filme da promissora saga X-Men, que após vinte anos entre nós chegou ao fim. Isso porque a Fox foi vendida para a todo-poderosa Disney e tudo o que for produzido sobre eles de agora em diante será novo e sem um real elo com as produções anteriores.

Mas, hoje, não irei me dedicar a comentar sobre os Novos Mutantes, mas sim sobre o grande blockbuster que inaugura essa nova temporada de cinemas abertos, Tenet, o mais recente filme de ninguém menos do que o “senhor do tempo” de Hollywood, Christopher Nolan. Parece exagero, mas dar a Nolan o título de “senhor do tempo” é algo muito coerente, pois ele ganhou o mundo intrigando a todos por meio desse elemento no excelente Amnésia, em 2001. Depois ele adicionou à suas tramas realidades paralelas ao somar espaço + tempo em seus filmes A Origem (que a meu ver ainda merecia o Oscar de Melhor filme de 2011) e Interstellar, de 2017. Agora ele volta a nos confundir e intrigar com seu Tenet.

O simples fato de ser um filme de Christopher Nolan já faz dessa obra um evento cinematográfico, mas, eu diria que, Tenet tem uma função muito mais nobre do que isso, é papel dele relembrar a todos nós - que estamos fatigados de tantos dias em casa, ou no máximo do trabalho para casa -, como é bom separar um tempinho para fugir do mundo numa tela grande no cinema. Além disso, assistir a um filme de Nolan em casa é quase uma ofensa, pois a TV nunca conseguirá oferecer nem um terço de toda a grandiosidade que um filme desse diretor alcança no cinema.

Dito isso, já posso adiantar que tecnicamente o filme é perfeito e com certeza será lembrado nas premiações do ano que vem por seu visual incrível. Nolan consegue, como ninguém, entregar um trabalho cheio de precisão e realismo. Concretizando tudo o que sua imaginação fértil pode conceber. Por outro lado, vemos que o diretor amadureceu na concepção de sua obra, pois, se muita gente, anteriormente, reclamava do exagerado didatismo em seus roteiros complexos, agora, cada um que se esforce e assista ao filme quantas vezes for necessário para entende-lo, pois Nolan não deu colher de chá nenhuma nesse quesito. Essa é uma tendência que já havia sido notada anteriormente em Interstellar. Diferente do que aconteceu em A Origem, ou Amnésia, em Interstellar ele já havia deixado boa parte dos expectadores sem compreenderem o que estava acontecendo no final do filme e agora isso vai acontecer de novo. Por isso, você precisa assistir ao filme com o máximo de atenção possível e ficar antenado em todos os comentários para saber o que realmente está em jogo na guerra firmada entre o futuro e o passado.

Se a falta de didatismo coopera para a arte, por outro lado, desfavorece os desatentos e, para piorar, o ritmo do filme também não colabora, pois ele é extremamente rápido e repleto de ação. Dessa forma, como as coisas acontecem de maneira muito ágil e em sequência, você não tem tempo algum para dirigir nenhuma informação. Por isso, minha dica é: coloque seu raciocínio rápido para funcionar a todo vapor durante o filme!

Repleto de pontos fortes e cenas de encher os olhos, em grande parte devido às excelentes coreografias de lutas, efeitos especiais exuberantes e uma trilha sonora fantástica, Tenet também apresenta pontos fracos, no caso, apenas dois. O primeiro, o roteiro, ele tem suas qualidade, é muito inteligente e engenhoso, mas não favorece nenhuma personagem ao longo da história, faltando explicitar a motivação da ação, sem falar nos furos de roteiro que estão aqui e acolá, mas com tamanha complexidade, muita gente nem irá percebê-los. O segundo ponto fraco é o elenco. Nolan, em geral, é sempre muito assertivo na escolha de elenco, mas dessa vez, poderia ter sido mais criterioso. Ninguém tem carisma em cena e, pasmem, quem mais exibe presença e carisma ao longo da trama é o insosso Robert Pattinson, que ultimamente tem me surpreendido positivamente (lembram que comentei bem sobre ele recentemente em O Diabo de Cada Dia?!). Mas os demais, tem suas atuações que trilham o caminho da falta de empatia, das forçadas básicas ou da caricaturização. Estão nesse grupo o vilão caricato de Kenneth Branagh, a pouco natural Elizabeth Debicki e o fraco Protagonista de John David Washington.

Mas, graças a Deus, nem só de atores e roteiros se faz cinema e mesmo diante dessas falhas, o filme se sustenta e o que se apresenta ao público é um show visual. Vamos à trama!

Um agente da CIA conhecido como O Protagonista é recrutado por uma organização misteriosa, chamada Tenet, para participar de uma missão de escala global. Eles precisam impedir que Andrei Sator, um renegado oligarca russo com meios de se comunicar com o futuro, inicie a Terceira Guerra Mundial. A organização está em posse de uma arma de fogo que consegue fazer o tempo correr ao contrário, acreditando que o objeto veio do futuro. Com essa habilidade em mãos, O Protagonista precisará usá-la como forma de se opor à ameaça que está por vir, impedindo que os planos de Sator se concretizem.

Por que você deve ver esse filme? Porque ninguém cria universos particulares tão incríveis quanto Christopher Nolan. Além disso, ele consegue fazer um thriller empolgante repleto de elementos de ficção científica como ninguém. Agitado, cheio de ação e visualmente impactante, esse é um ótimo blockbuster para comemorar a sua volta às salas de cinema. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


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