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Um Príncipe em Nova York 2 e Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 11/03/2021
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Minha expectativa essa semana era comentar sobre Raya e o Último Dragão, a mais nova animação da Disney, que estreou no dia 04 de março, mas, por incrível que pareça, eu vou esperar até o dia 23 de Abril para assistir e comentar sobre esse filme. Isso porque o serviço de streaming da Disney cobrou a bagatela de R$69,90 (isso mesmo, setenta reais!) como taxa para liberar o filme, mesmo eu já pagando mensalmente pelo serviço de streaming. Parece piada, mas é verdade! Essa taxa chamada de “Premier Access” foi a maneira que a Disney encontrou para suprir a falta do dinheiro das bilheterias nesse tempo em que os cinemas estão fechados devido a pandemia de COVID-19. Quando você coloca na ponta do lápis, percebe que o tal “Premier Access” saí muito mais caro do que uma entrada no cinema, inviabilizando completamente essa alternativa. Por outro lado, o que não faltou nesse início de mês foi filme bom estreando nos streamings. Bem por isso, hoje, eu comentarei sobre dois! A esperada comédia e continuação do clássico dos anos 1980, Um Príncipe em Nova York 2, da Amazon Prime Video, e o inspirador Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta, da Netflix.

Vamos começar falando sobre a comédia. Um Príncipe em Nova York 2 estrou no dia 05 de março e estava sendo aguardado por uma legião de fãs. Não era para menos, pois o primeiro filme, lançado em 1988, é um clássico em muitos sentidos. Esse filme foi responsável por ser uma das primeiras produções que contava com um elenco completamente negro, além disso, numa época em que os Estados Unidos da América e o mundo olhavam para a África como um lugar miserável e assolado pela fome, essa obra rompeu o estereótipo, exibindo riqueza, cultura e diversidade. Para mais, os brasileiros nutrem um verdadeiro caso de amor com Um Príncipe em Nova York, isso devido as inúmeras vezes em que ele foi exibido na Sessão da Tarde. Dificilmente você encontrará alguém que não conheça a história do príncipe Akeem de Zamunda que foi procurar seu verdadeiro amor na periferia da cidade de Nova York. Um verdadeiro conto de fadas.

Mais de trinta anos depois, num mundo que aprendeu a amar a África admirável do reino fictício de Wakanda, sucesso em Pantera Negra da Marvel, a história de Um Príncipe em Nova York retorna, com a missão de encontrar um herdeiro para o trono de Zamunda. Diferente do primeiro filme, sua sequência tem pouquíssimas cenas em Nova York e todo o desenrolar da trama se passa no reino fictício em continente africano, nada mais justo. Além disso, o roteiro de Kenya Barris faz inúmeras referências ao filme anterior, trazendo de volta personagens ou mesmo recriando momentos icônicos, algo que fala diretamente à memória afetiva do público.

O diretor, Craig Brewer, foi muito habilidoso em mesclar nostalgia, homenagem e inovação. Ao mesmo tempo em que ele mata a saudade do público em relação a muitos personagens, ele introduz questionamentos e reflexões sobre questões muito atuais, tais como a manutenção de tradições ultrapassadas e sem sentido ou a necessidade urgente de empoderamento feminino.

O elenco está quase todo de volta e a dupla Eddie Murphy e Arsenio Hall brilham mais que todos, principalmente porque, igual ao filme anterior, interpretam mais de um papel na trama, fique atento. Além deles, outros personagens ganham destaque, como o talentoso Wesley Snipes, no papel de rival de Akeem, e o jovem Jermaine Fowler, que ficou com o desafio de interpretar um nova-iorquino que assumirá o trono de Zamunda. É Fowler quem mais contribui para o tom de leveza e descontração da trama, o que nos recorda outro clássico do passado, a série icônica Um Maluco no Pedaço, isso porque a personagem de Fowler em muitos momentos vai fazer você lembrar do Will Smith daquela época. Atores de primeira grandeza que entregam personagens carismáticos e hilários, com um ótimo timing e caricaturas fascinantes. Vamos à trama!

Em Um Príncipe em Nova York 2, no luxuoso país da realeza de Zamunda, o recém-coroado Rei Akeem descobre que tem um filho que ele não conhece e que pode ser herdeiro do trono — apesar do nobre já ter uma filha preparada para assumir o governo. Dessa forma, Akeem e seu confidente Semmi embarcam em uma hilária jornada que os levará de sua grande nação africana, de volta ao Queens, bairro famoso de Nova York.

O segundo filme que vale a pena ser visto nesse fim de semana é Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta. O filme é uma produção original da Netflix e baseado no livro homônimo de Jennifer Mathieu. Um drama adolescente que tem como tema principal o feminismo. É uma obra leve, com alguns pontos divertidos, mas bem pesado em outros, algo interessante, pois reproduz essa inconstância tão típica da adolescência.

Na trama, uma garota de uma cidade pequena do Texas se junta a um grupo de amigas da escola para dar início a um movimento feminista. Inspirada pelo passado da mãe que era uma antiga integrante do feminismo punk dos anos 90, Vivian decide começar uma mobilização na própria escola.

Dirigido por ninguém menos que a talentosíssima Amy Poehler, que também atua no filme, a obra introduz de maneira muito didática os conceitos de feminismo e sororidade, tanto para meninas quanto para meninos. Isso é muito bacana, pois, se para elas o filme é um ato de empoderamento, para eles serve como exame de consciência para práticas e atitudes que são internalizadas nos homens ao longo da vida e que são altamente tóxicas para as mulheres.

Se por um lado a premissa e a mensagem central são boas, o desenvolvimento deixa um pouco a desejar e isso não é culpa da direção de Poehler. Digo isso porque pelo que ouvi de pessoas que leram o livro, a trama está bem fiel e o roteiro de Tamara Chestna reproduz em cena os mesmos desenvolvimentos e desfechos apressados do livro. Ou seja, volta e meia o público terá a sensação de que algumas questões relevantes poderiam ter sido melhor trabalhadas ou que as respostas deveriam ser mais claras, já que será o expectador que deverá refletir e se posicionar sobre o que foi apresentado. Mas aí, surge a pergunta: será que todo o público tem maturidade o suficiente para encontrar repostas para essas questões?

Além disso, essa pressa em desenrolar os acontecimentos acaba não dando a devida importância a alguns eventos inaceitáveis, como por exemplo a predileção por esportistas masculinos, mesmo quando as mulheres são mais aptas que eles, ou a seriedade em relação à denúncia do caso de estupro, que não apresenta no filme um desfecho legal (no sentido jurídico da palavra) contra esse crime abominável.

Para mais, outras situações também terão uma aparência de exagero ou desconexão, como o surto da melhor amiga de Vivian ao descobrir que ela tem novas amigas e um novo projeto em comum, ou o ataque de raiva da protagonista contra sua mãe e namorado na noite de um jantar importante. Caso cada personagem tivesse sido trabalhado com tempo e espaço na trama, tudo isso aconteceria naturalmente e não geraria espanto algum.

Por que isso acontece? Porque após a personagem central dar o pontapé inicial para a mudança social que espera ver na escola e se unir a um grupo de amigas, essas amigas passam a dividir o protagonismo da trama. Algo que é muito legal, pois amplia o leque de situações a serem repensadas, por outro lado, reduz a possibilidade de desenvolver de maneira satisfatória a personagem central.

Esse elenco, que coloca em prática a ação do despertar de todos para o respeito à mulheres é formado por excelentes profissionais, ganhando destaque a protagonista, Hadley Robinson, sua mãe, interpretada por Amy Poehler, a aluna nova que é o estopim dos acontecimentos, Alycia Pascual-Pena e o pseudo-vilão, Patrick Schwarzenegger (sim, filho do Arnold).

 

Por que ver esses filmes? O primeiro, Um Príncipe em Nova York 2, porque é divertido, nostálgico e funciona bem como entretenimento eficaz para assistir sem precisar pensar muito ou se preocupar. Já o segundo, Moxie: Quando as Garotas Vão à Luta, vale a pena ser visto porque, mesmo com algumas falhas em sua execução, ainda é um grito de empoderamento e de mudança contra uma sociedade patriarcal e repleta de machismo tóxico. Serve tanto para o despertar as mulheres ao feminismo, quanto para que os homens revejam seus atos e posicionamentos na sociedade. Escolha um ou outro, ou mesmo os dois e divirta-se no fim de semana. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu

 

Odailson Volpe de Abreu


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