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Sétima Arte - I Wanna Dance With Somebody


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 20/01/2023
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Essa semana quero comentar sobre I Wanna Dance With Somebody – A História de Whitney Houston, o filme estreou semana passada, mas como ele chegou juntamente com Os Fabelmans nos cinemas brasileiros, acabei comentando sobre o filme de Spielberg primeiro. Isso não quer dizer que o filme sobre a trajetória meteórica de Whitney Houston não seja interessante, pelo contrário, mas foi apenas uma questão de escolhas. Por isso, essa semana trago alguns pontos relevantes a respeito da cinebiografia dessa que foi uma das maiores cantoras de sua geração.

Vamos começar falando sobre essa onda de cinebiografias de astros da música que tem tomado conta de Hollywood. Já faz um tempo que essa temática está na moda e, ao que tudo indica, ela ainda permanecerá. Só a título de curiosidade recentemente tivemos Rocketman, contando sobre a vida de Elton John, depois tivemos o aclamado Bohemian Rhapsody e há poucos meses nos deslumbramos com Elvis no cinema. Agora, abrindo muito bem o ano, temos I Wanna Dance With Somebody A História de Whitney Houston.

A meu ver, de todos esses o que mais destoa dentro do gênero é o filme em questão. O público se acostumou com filmes sobre cantores que tragam detalhes de suas vidas narrados em arcos muito bem definidos e que incluem personagens coadjuvantes que colaboram na forma emocionante como se conta a história. No entanto, Anthony McCarten, ao escrever o seu roteiro sobre Whitney Houston abre mão dessa forma de contar a vida da estrela e constrói uma trama leve, que foca no que há de mais positivo na vida da cantora, seu talento e legado. É claro que essa escolha não agradou muita gente, principalmente os críticos, mas, por outro lado, acertou em cheio no gosto dos fãs.

O filme é muito honesto e traz ao longo de suas duas horas todos os acontecimentos desconcertantes da vida da cantora, ele não poupa o público disso, mas também não utiliza essas situações como motor emocional para o desenvolvimento da trama. O foco está principalmente na voz da protagonista, em sua musicalidade e sobre o quanto ela contribuiu para a música ao longo de três décadas, entre os anos de 1980 até o início da década de 2010. A história poderia muito bem ter se tornado um drama, expondo de forma exagerada a relação da protagonista com as drogas e com um o marido abusivo, mas escolheu outro caminho. É muito prazeroso ver as várias faces de Whitney ao longo da vida, começando pela garota inocente e sonhadora, passando pela mulher de negócios, até chegar na sua fase de mãe e guerreira contra as dificuldades impostas pela vida. Tudo isso mostra o que Whitney Houston tinha de melhor!

Outro ponto interessante do filme é a dicotomia entre os personagens femininos e masculinos que fazem parte da vida de Whitney Houston. Salvo seu mítico empresário Clive Davis, os outros homens da vida dela são retratados como interesseiros, pessoas que buscam tirar o máximo que podem do talento da cantora. Essas pessoas são seu pai e seu marido Bobby Brown. Por outro lado, as mulheres de sua vida são fortes e demonstram a todo momento que só querem seu bem. É assim com sua mãe, com sua namorada e posteriormente com sua filha.

São essas relações que irão permitir ao expectador experimentar a complexidade da vida de uma celebridade da grandeza de Whitney. Outro ponto que também chama atenção é a pouca atenção dada aos temas polêmicos, como, por exemplo, as cobranças da comunidade negra em relação ao papel e a representatividade de uma mulher negra como um dos maiores nomes do mundo da música. Esse é um aspecto que poderia muito bem ser explorado e gerar boas reflexões, mas é deixado de lado e no filme tudo se resolve apenas com o lançamento de um álbum de R&B. Uma pena, mas McCarten se manteve fiel a sua proposta.

Nesse sentido, se a obra busca enaltecer a contribuição de Whitney Houston para a música e para as artes no mundo, o filme cresce e se torna emocionante realmente quando apresenta isso em cena. Começando por seu primeiro single, passando por sua apresentação do Hino Nacional Americano no intervalo do Super Ball, até o lançamento de seu longa metragem O Guarda-Costas, momentos que fazem do filme um estouro de emoção. Cada grande show, cada música, cada vitória da protagonista é sentida profundamente pelo público e esse é o grande mérito da obra.

Mérito também da atriz que dá vida a Whitney na tela grande. Uma novata em Hollywood, seu papel anterior de maior sucesso foi no último filme da trilogia Star Wars. Em I Wanna Dance With Somebody — A História de Whitney Houston Naomi Ackie convence em cada sequência, ela é puramente Whitney, com seus penteados, com sua grandeza, com seu carisma. Sua presença de palco é marcante e um expectador mais desavisado pode até mesmo acreditar que é ela que está cantando e não que seja a voz lendária de Whitney Houston de fundo, tamanha a perfeição do lipsync. Quem também brilha forte é Nafessa Willians que interpreta Robyn, a melhor amiga e por vezes amante de Whitney. Seu papel é um verdadeiro contraponto nas relações da protagonista. Dentre o elenco, destaque também deve ser dado a Stanley Tucci, que interpreta Clive Davis, como sempre ele é competente e profundo em seu papel. Vamos à trama!

O filme mostra a trajetória de Whitney Houston desde sua juventude, quando ainda cantava num coro de Igreja até quando ela se torna backing vocal de sua mãe e recebe a oportunidade de fechar um excelente contrato com uma grande gravadora. No mundo musical Whitney se torna uma das artistas mais premiadas de todos os tempos, emplacando inúmeros sucessos de vendas. Nessa viagem através do tempo os desafios e os dramas da vida da cantora são intercalados por grandes shows e muitas conquistas.

Por que ver I Wanna Dance With Somebody — A História de Whitney Houston? Porque é emocionante e porque é uma bela homenagem para essa grande cantora. O filme não chega a ser épico como foi o sublime Elvis, mas encanta na medida certa e empolga em cada música e em cada show. Com destaque para a apresentação final, que retrocede no tempo, até uma incrível apresentação feita por ela no American Music Awards em meados dos anos 1990. Vale a pena fazer um esforço e prestigiar o filme na tela grande. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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