Se fores moradia de palavras, grite
JACILENE CRUZ – Mestra em Educação e Professora de Língua Portuguesa em Roraima.
Gosto quando elas chegam
Tomando conta do pensamento
Rompendo as manhãs
Venham me habitar.
Sinto frescor quando gotejam sobre mim
Uma a uma
Chuva impiedosa de sons e ritmos
Venham me habitar.
Derreto-me diante das imagens que prendem
Esse velho cérebro quase cansado
São figuras in
dizíveis
decentes
venham todas me habitar.
Orgulho-me do que vejo transfigurado
Sinto prazer em acordar emoções adormecidas
Pelo obscuro tempo da ignorância
Pelo fugidio tempo da urgência
Venham sem demora me habitar.
Desfaço-me esgotada
Esfacelada
Lançada ao vento
Rodopiando ao sol
Arco-íris de sensações
Louca
Leve
Morada de seres vis, infames, germes do prazer de possuir
Nascida da terra fecunda
Habitada.
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