A páscoa é uma festa que tem sua origem no Antigo Testamento, palavra de origem hebraica “pesach”, que significa passagem e que está relacionado à narrativa dos eventos do livro do Êxodo que é o segundo livro da Bíblia e que também narra à saga da saída dos hebreus do Egito. Liderados por Moises, o maior líder que os hebreus tiverem, após séculos de escravidão e sofrimento no Egito, eles  finalmente conquistam sua liberdade. O termo “pesach” pode ser aplicado ao fato de que eles “passaram” da condição de escravos para homens livres ou até mesmo pode estar relacionado à passagem pelo mar vermelho. 

O fato é que na noite da libertação, Deus enviaria a ultima praga que assolaria o Egito, essa seria a morte de todos os primogênitos (Êxodo 11). Para que a praga não atingisse os hebreus, um cordeiro teria que ser morto e com o sangue do mesmo um sinal seria feito nas laterais e nas vigas superiores de cada porta da casa de cada hebreu (Êxodo 12: 7). Esse seria o sinal para que o anjo da morte passasse e não entrasse nas casas dos hebreus. 

Está data foi comemorada pelos hebreus durante todo o Antigo Testamento até os dias em que Jesus andou entre os homens e tudo mudou. 

De acordo com a Teologia cristã, a libertação do povo hebreu já era uma simbologia do que Cristo faria pela humanidade na cruz, da mesma maneira que os hebreus foram libertos da opressão do Egito, Cristo nos libertou do pecado e da morte. 

E assim como um cordeiro foi morto naquela noite em sinal de sacrifício para que os hebreus fossem poupados da morte e depois libertados, da mesma forma Cristo foi o nosso cordeiro que deu sua vida para nos poupar da condenação eterna e da prisão eterna e foi por meio do seu sangue que derramou na cruz que fomos beneficiados com essa dádiva. 

Jesus ressuscitou no domingo de Páscoa, justamente quando os judeus comemoravam sua libertação do Egito, antes de ser preso, Jesus falou aos seus discípulos acerca de uma nova aliança (Lucas 22: 20), ou seja, uma a uma nova forma de se relacionar com Deus. Isso só é possível porque Ele ressuscitou e também nos da à chance de sermos novas criaturas uma vez que cremos nele. Por isso a Páscoa passou a ser a comemoração da ressurreição de Cristo. 

A morte de Cristo na época da páscoa era considerada significativa pela igreja primitiva. Paulo chama Cristo de “nossa Páscoa” (1 Coríntios 5: 7). A ordem de não se quebrar nenhum osso do cordeiro da páscoa (Êxodo 12: 46) é aplicada por João à morte de Cristo “Nenhum dos seus ossos será quebrado” (João 19: 36). O cristão deve lançar fora o “velho fermento” da maldade e da malícia, e colocar no lugar dele “os asmos da sinceridade e da verdade" (1 Coríntios 5: 8), isso porque na noite da libertação do Egito o pão servido na ceia era sem fermento, mais um elemento simbólico. 

Jesus é o cordeiro de Deus, pois, Ele é, ao mesmo tempo, a vítima sacrificial apresentada a Deus como também a vítima providenciada por Deus. Neste relacionamento, Ele carrega o pecado do mundo e remove-o ao tomá-lo sobre Si. Assim como em Isaias 53: 6-7 vai “sobre ele a iniquidade de nós todos, quando como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha, muda perante os seus tosquiadores, ele não abriu a sua boca”.

Mas como quase tudo na vida acaba perdendo o sentido, o verdadeiro significado da páscoa também foi esquecido por muitos. O cordeiro sacrificial tornou-se um lindo coelhinho, o sofrimento agonizante da cruz, hoje é lembrado com muito chocolate, ao leite, branco, amargo, tem para todos os paladares. Como de praxe, o que era para ser uma celebração acerca do maior evento da humanidade, ou seja, o Filho de Deus viveu entre os homens, foi pregado em uma cruz, morreu, mas ao terceiro dia ressuscitou, foi ofuscado por uma jogada mercadológica para vender chocolate. 

E aí nos esquecemos do cordeiro e nos apegamos aos coelhos e aos “ovinhos” de chocolate. Mas lembre-se, se você está lendo esse artigo, e vai degustar o doce do chocolate na páscoa, é porque um dia Cristo experimentou o gosto amargo da cruz, mas Ele ressuscitou, Ele vive!

Feliz Páscoa!