No ano de 1973, Raul Seixas lançou o álbum Krig-Há, Bandolo, um dos sucessos desse álbum foi a musica “Metamorfose Ambulante”. A letra fala de uma filosofia de vida onde o ouvinte é convidado a ter consciência de que as ideias podem ser mudadas e modificadas conforme as experiências e a forma de se relacionar com os outros e com o mundo.
O termo Metamorfose significa mudança, pode ser entendido como a transformação de um ser em outro. De uma forma em outra. No sentido figurado metamorfose é a mudança considerável que ocorre no caráter, no estado ou na aparência de uma pessoa. Também pode ser compreendida como uma transmutação física ou moral.
A humanidade vive uma crise que podemos chamar de a “crise da metamorfose”. Hoje somos verdadeiras metamorfoses ambulantes. Essa é uma das características do homem “Pós-moderno” sempre tentando inovar, se reinventar. Para que haja uma melhor compreensão, primeiro vou resumidamente definir o que é pós-modernidade.
Pós-moderno é o resultado do colapso da “modernidade”. É difícil estabelecer quando iniciou esse período que chamamos de pós-modernidade, mas, a maioria dos historiadores e sociólogos concorda que a pós-modernidade teve inicio quando a humanidade percebeu que o mundo não seria um lugar melhor.
Essa ideia “utópica” de um mundo melhor vinha dos avanços da ciência, tecnologia e do aumento da riqueza gerada pelo capitalismo. No inicio do século XX essa era a grande expectativa das nações, um mundo melhor para todos. Tudo isso caiu por terra ainda na primeira metade do século. Na década de 50 o mundo se recuperava da destruição das duas grandes guerras que destruiu a Europa e matou milhões de pessoas. Ou seja, o avanço da tecnologia e da ciência levou o homem a produzir armas e a lutar por territórios e poder.
Isso ruiu com o projeto “modernidade” e é a partir dai que os estudiosos do assunto dizem que teve inicio a Pós-modernidade. O homem pós-moderno nasce da ruptura com as velhas ideias, é por isso que o “Raulzito” diz que devemos rejeitar “aquela velha opinião formada sobre tudo antes”.
As ideias antigas não deram certo, então, viva o novo, o aqui e o agora, mas é só até aparecer uma novidade e se isso for daqui a cinco minutos, pronto, o novo já se tornou velho, caiu em desuso e não serve mais, viva o “novo” de novo. Ou seja, somos verdadeiras metamorfose ambulantes.
A sociedade pós-moderna é marcada pela urbanização, ou seja, atualmente a maioria da população mundial vive nos grandes centros urbanos e é na agitação das grandes metrópoles que as pessoas lutam para se destacar e não ser apenas mais um rosto na multidão. Isso explica a busca implacável pelo “novo”, pois, ninguém quer ficar para traz e ser taxado de ultrapassado.
O homem pós-moderno é um ser fragmentado e vive na indagação se existe verdade ou valores absolutos. Ele possui um tremendo esvaziamento de significado e vive em busca de uma identidade. Isso explica o porquê da ascensão de temas como a Ideologia de gêneros, conceitos antigos como “homem e mulher” já se tornaram ultrapassado para os pós-modernos.
A busca incessante pelo novo gera nas pessoas uma espécie de crise existencial, levando-as a um sentimento de extrema insatisfação e por fim a depressão. Não é a toa que a indústria farmacêutica enriquece cada vez mais com as vendas dos antidepressivos. Ou seja, somos uma sociedade maluca, ou como diria o Raulzito, maluco beleza. Enquanto fico aqui contemplando a “maluques” dessa sociedade, misturada com a minha “lucidez”, me pergunto até onde vai essa “maluques”? Será que voltaremos à lucidez?