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Anos atrás, o então presidente norte-americano George Bush, recomendou às famílias Americanas que se parecessem mais com os Waltons do que com os Simpsons; o problema é que o cidadão médio insiste em sentir-se melhor retratado pelos últimos.O ex-presidente não se conformava com o fato de que os bons tempos de seriados como os Waltons não existiam mais. Naquela época (Waltons) a ficção imitava a vida, o pai era um patriarca exemplo e a reserva moral da família, a mãe, era equilibrada e ponderada que acolhia com sabedoria as demandas dos filhos.Nos desenhos animados, a família continua em voga, mas certamente não é a mesma, e talvez os Simpsons sejam o melhor exemplo para nos demonstrar isso.Os Simpsons brincam com políticos, celebridades, ideais, nações, cultura contemporânea e clássica. Tampouco poupa a si mesmo, seu humor desnuda a pequenez dos ideais e dos valores de uma família média.Os episódios geralmente partem do cotidiano tedioso que nos é comum, giram ao redor de pequenos dramas e terminam sem transcendência nem esperança, tampouco com alguma lição, a não ser a constatação da dose de afeto imprescindível para superar a imbecilidade de uns e outros. São apenas humanos, demasiado humanos, como diria Nietzsche, arranjando confusão e tropeçando nas coisas mais simples da vida.O pai dessa família é Homer Simpson: meia-idade, calvo e obeso, sem nenhum dom, fanático por TV e cerveja e que trabalha como supervisor de segurança em uma usina nuclear.Sua total falta de autocrítica o impede de se deprimir, ele não tem alcance para perceber sua parca envergadura, talvez disso venha certa força psíquica de perseverar em seus desígnios, que raramente não são tolos.Se esperamos viver não só cada momento, mas ter uma verdadeira consciência de nossa existência, nossa maior necessidade e mais difícil realização será encontrar um significado em nossas vidas. É bem sabido que muitos perderam o desejo de viver, e pararam de tentá-lo, porque tal significado lhes escapou.Homer Simpson é o tipo de pessoa incapaz de perder o desejo de viver, pois, ele não possui a devida compreensão da sua existência. Sua falta de maturidade psicológica o impede de ter e uma compreensão segura do significado da própria vida.Como disse no inicio, os Simpsons nos representam melhor do que os Waltons, e a filosofia do Homer é vivida por muitos.Encontrar o significado da vida é algo trabalhoso, exige reflexão, autocrítica, autoconhecimento e ninguém quer “perder” tempo com esse tipo de coisa.Ao contrário do que diz o mito antigo, a sabedoria não irrompe integralmente desenvolvida como Atenas saindo da cabeça de Zeus; ela é construída por pequenos passos a partir do começo mais irracional. Apenas na idade adulta podemos obter uma compreensão inteligente do significado da própria existência neste mundo a partir da própria experiência nele vivida.Homer é o exemplo típico de um funcionário que no trabalho é incapaz de qualquer responsabilidade, e na cidade é um medíocre egoísta, mesmo quando tenta se envolver em causas sociais; em casa o pobre homem não sabe nem abrir seu iogurte e se desespera como um bebê frente a qualquer desafio doméstico.Não acredito que a maioria das pessoas se identifique com Homer, é provável que nós vejamos nesse ser amarelo menos as nossas fraquezas e mais as dos nossos pais, amigos, vizinhos, e colegas de trabalho. Nesse sentido, nosso ódio a eles sai canalizado em ridicularizá-los. Possivelmente nossa identificação passa pelos filhos, assim sentimo-nos superiores a eles, inteligentes como a Lisa, ou sendo livres e debochados como Bart.

Alison Henrique Moretti


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