Caríssimos e Caríssimas, leitores(as). O título deste novo texto, traz indubitavelmente uma questão muito atual, tanto de cunho ético e político, quanto intensamente própria, ao campo dos direitos humanos: a situação crítica dos refugiados. Estes seres humanos, que devido as guerras, agressões e destruições de seus lares e dos seus corpos, necessitam fugir de suas “casas”. Abandonar suas vidas. Nesta condição, muitos se tornam párias ou apátridas. São literalmente exilados de suas terras, necessitando de acolhida em outros territórios. Tornam-se os “estrangeiros” que precisam de hospitalidade em outros lugares, mas que na maioria das vezes, nestes locais de hospedagem, são vistos com desconfiança e possível ameaça.

Refugiados que buscam escapar de conflitos como testemunhamos na Faixa de Gaza e na região da Ucrânia. Fogem buscando uma nova vida a ser vivida em paz e segurança. Cito a filósofa judia-alemã, Hannah Arendt, ela mesma uma refugiada, pois teve de fugir do nazismo e se refugiou nos EUA: “O sentido do termo “refugiado” mudou conosco. Agora “refugiados” são aqueles de nós que chegaram à infelicidade de chegar a um novo país sem meios e tiveram que ser ajudados por comitês de refugiados.”¹ Arendt destaca a acolhida na terra estrangeira aos refugiados, algo ainda muito difícil em nossas relações contemporâneas. A pensadora destaca que: “Queríamos reconstruir as nossas vidas, isso era tudo. De modo a reconstruir a vida tem que se ser forte e otimista.”²

Finalizo o texto, com as seguintes reflexões: será possível pensarmos em refugidos ou pessoas em refúgio, no interior de suas sociedades? Pessoas alijadas dos seus direitos mais básicos e carentes das necessidades mais essenciais? Que em suas moradas, encontram-se em meio ao conflito urbano entre o Estado, através da força policial e as facções criminosas, como acontece nas comunidades das periferias, em cidades como a do Rio de Janeiro? Creio que são questões a serem refletidas e enfrentadas.

Arendt, Hannah. “Nós, os Refugiados”, LusoSofia:Press, 20013.