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Ordem e Imparcialidade


Por: Fernando Razente
Data: 13/05/2024
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Romanos 2.10b-11:(...) ao judeu primeiro e também ao grego. Porque para com Deus não há acepção de pessoas.”

 

“(...) quando você lê que Deus não faz acepção de pessoas, entenda que o que ele considera é pureza de coração ou integridade interior; e que ele não tem respeito por aquelas coisas que costumam ser altamente valorizadas pelos homens, como parentesco, país, dignidade, riqueza e coisas semelhantes.”

 

  João Calvino (1509-1564), pastor e teólogo francês.

 

O termo “acepção” (προσωπολημψ?α), segundo o Léxico Analítico do Novo Testamento Grego de William D. Mounce, significa favoritismo (2013, p. 526). O termo grego aparece no Novo Testamento outras vezes (At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9; Cl 3.25) fazendo referência ao caráter do juízo de Deus; enquanto que em Tiago (Tg 2.1), está relacionado com um tipo de fé que faz acepção de pessoas que os cristãos devem evitar.

A ideia subjacente ao termo é que existe uma ação fundada num tipo específico de juízo de valor. Esse juízo de valor está direcionado a pessoas, e julga tais pessoas de acordo com as aparências e as características externas, e tal juízo intelectual leva a uma ação de favoritismo distorcida e pecaminosa, condenada nas Escrituras.

O que tais passagens do N.T. nos ensinam é que tanto o juízo de Deus (para o bem ou para o mal) como a genuína fé cristã relacional não são marcados por esse tipo de avaliação moral chamada “acepção de pessoas”, pois Deus não avalia as pessoas pelo estado e condição externos delas, “(...) como nacionalidade, sexo, riquezas ou sabedoria.”, conforme declarou o comentarista Geoffrey B. Wilson.

É importante lembrar, como enfatizou o teólogo, exegeta da Reforma e pastor francês João Calvino, que a palavra “pessoa”, é “(...) usada nas Escrituras para todas as coisas exteriores, que costumam ser consideradas como possuidoras de qualquer valor ou estima.”

Ser judeu ou grego, ser homem ou mulher, ser pobre ou rico, ter um mestrado ou não, todas essas coisas de caráter externo não influênciam em nada no juízo divino, pois o juízo do Senhor Deus é reto, marcado pela imparcialidade, equidade, retidão e igualdade Seu caráter é puro, e seu julgamento é segundo o coração e não com base em aparências e externalidades. Não há como subornar o justo Juiz com argumentos de proeminência ou descendência, como tentaram fazer os fariseus (João 8.33).

Como Paulo diz na parte “b” do versículo 10, não importa se o indívíduo é judeu ou grego (separação comum no mundo antigo baseado em etnia); mas, se tal indivíduo faz o bem pela graça ou o mal pelo estado natural de seu coração corrompido, será julgado de acordo com suas ações, imparcialmente.

No entanto, esse julgamento — como vemos pelo termo “primeiro” — tem uma ordem. Os judeus serão os primeiros a serem julgados, tanto para a salvação como para condenação, mas não pelo fato de serem judeus e sim por terem recebido primeira e incondicionalmente da parte de Deus as promessas e alianças (Atos 3.25; Rm 9.4).

Apesar da ordem, reiteramos que —  como diz Calvino —  não há plausibilidade na “(...) objeção de que haja uma diferença entre eles [judeus e gentios], mas que ambos estão sem qualquer distinção expostos à morte eterna. Os gentios fingiam ignorância como defesa; os judeus se gloriavam na honra de ter a lei: dos primeiros ele [Paulo no capítulo 1] tira seu subterfúgio e priva os últimos [no capítulo 2] de sua ostentação falsa e vazia.”

As verdadeiras classes que dividem o mundo inteiro (e que são a base do juízo divino) são fundadas no caráter humano: seja daqueles que pela graça são capazes de fazer o bem de coração, sempre visando a glória de Deus, seja daqueles que fazem o mal e não se arrependem genuinamente de seus pecados e ofensas contra o Criador.

O fato de que o juízo divino é e será justo de acordo com as nossas ações e caráter, e imparcial, sem favoritismo baseado em etnia, riqueza ou sexo, será a seguir, desenvolvido por Paulo nos versículos 12 a 16 em relação a lei mosaica, o que, se Deus permitir, veremos com mais detalhes.

Que Deus o abençoe!

 

 

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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