O Espectro Pandemônico da Guerra em Tempos de Pandemia
A proposta que apresento, para esta nova exposição de ideias, ilustrada pelo título um tanto conturbador, reúne questões envolvendo acontecimentos em nosso tempo presente: a pandemia da Covid-19 que permanece conosco, após dois anos e a ameaça da eclosão de uma guerra, que aparentemente poderá trazer consequências drásticas de grandes proporções, envolvendo a todos nós. Permito afirmar que temos então, dois “espectros”: o da pandemia e o da ameaça da guerra.
A noção de espectro pode ser empregada em nossa discussão como uma “sombra” no que se refere à guerra. Um espectro que ao longo da história humana, se materializou e materializa. Por seu lado, a pandemia da Covid-19, pode ser encarada enquanto uma “aparição” que nos trouxe e traz, medo e preocupação. Em comum, estes dois espectros envolvem a perda de vidas em escala assustadora.
Todavia, mais especificamente, no que se refere ao espectro da guerra, em muitos aspectos aparenta ser algo temido e odiado, mas ao mesmo tempo e contraditoriamente, aceitável, calculável, premeditado e até naturalizado. Afinal, se analisarmos o sentido de guerra, como: “luta armada entre nações ou entre partidos; conflito aramado entre povos ou etnias diferentes, buscando impor algo pela força ou para que possam fazer prevalecer seus interesses e protegê-los” (Fernandes, 1996), temos de reconhecer que o espectro “pandemônico da guerra”, faz parte de nossa existência. Utilizo até livremente o termo pandemônico, visando fazer alusão ao termo “pandemônio” no seguinte sentido: “Conluio de indivíduos para fazer mal ou armar desordens; tumulto; balbúrdia; inferneira” (Fernandes, 1996). Obviamente, não esquecendo do seu resultado mortal: a destruição de vidas.
Torçamos para que o espectro da ameaça de guerra efetiva, presente em nosso momento pandêmico, desfaça-se de forma semelhante, a uma nuvem de fumaça. Já tem sido suficiente, os efeitos da pandemia, nestes últimos anos e a permanência de seu espectro, teimando em nos assombrar e principalmente, em mais vidas ceifar.
FERNANDES, Francisco. Dicionário Brasileiro Globo. São Paulo; Globo, 1996.
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com