Nietzsche e a pandemia
2020 foi um ano complexo e difícil em matéria de educação. A quarentena, que se iniciou em março, estendeu-se por um longo período, o que comprometeu várias atividades pedagógicas. Registrei tudo isso em meu diário docente (“Diário de um Docente: 2019-2021” e “Diário de um Docente: 2021-2022”. Porém, a pandemia não me gerou nenhum artigo específico. Por mais que eu tentasse escrever, logo eu via a banalidade do que eu escrevia, a multidão de clichês. Então eu não pensava duas vezes: jogava o texto fora.
Foi lendo Nietzsche que o porquê da minha resistência para escrever sobre a pandemia me veio à mente. Vou citar as palavras do próprio filósofo: “A guerra nem bem acabou e já se transformou em cem mil páginas impressas, já foi oferecida como o mais novo meio de excitação aos paladares cansados dos viciados em história” (NIETZSCHE, 2003, p. 41).
A partir da citação anterior significa que pouco me importei com a crise pandêmica ou que sou demasiado frio e neutro? De maneira nenhuma, até porque em meus diários trouxe pormenores do coronavírus. Porém, eu sentia a minha escrita contaminada por clichês, e, se for para eu falar sobre o que todo mundo escreve, eu tenho pouco prazer nisso. Prefiro ler os artigos escritos pelo meu amigo Rogério Seixas, que tão bem escreveu a respeito. Talvez em um futuro, não sei se próximo ou não, eu escreva sobre 2020. Mas, por enquanto, tenho sérias resistências para falar sobre algo que me aparece cheio de clichês. Até este texto é curto.