Minha passagem pelo CTI
Recentemente, tive uma passagem pelo local que se denomina de modo intenso como CTI (Centro de Tratamento Intensivo). Posso garantir que não foi por livre-arbítrio, mas por necessidade de continuar a viver-existir. Fui carregado, pelo que me recordo, com muito medo, desespero e angustia, mas também por muito amor por mim, pela minha esposa. Foram sete dias entre exames, medicamentos e procedimentos, visando tratar e cuidar de minha melhora, buscando recuperar o que chamam de saúde. Os esforços foram grandes e os sustos também ocorreram, mas aqui estou! Relatando a minha passagem pelo CTI!
Se me sinto melhor...Sim! Em certos aspectos! Pois posso afirmar que neste tipo de situação, muita coisa passa na mente e no coração principalmente. Surge o confronto entre: “Puxa! Porque não fiz aquilo” com “Porque eu fiz!” E logo vem a promessa: “Ah! Se eu sair dessa, vou fazer isso ou aquilo! Ou Ah! Não farei mais o que fiz”. Refletindo sobre um possível futuro e visando mudanças: “Se eu sair daqui! Vou mudar meu modo de ser”! Perante tal situação, dentro do CTI, questões angustiantes nos assaltam e promessas repentinas, não nos faltam.
Ressalto que fui bem tratado e busquei não dar muito trabalho, mas estava já exausto de ficar deitado e tanto tempo inerte. Só senti o quanto perdemos tempo com coisas que não valem tempo a perder e me senti pequeno, perante a possibilidade da morte. Tive tempo para um exercício de reflexão e questionamento sobre posturas, ideias, projetos e objetivos, que buscarei revisá-los e questioná-los. Se levará de fato a mudanças e novas atitudes para o bem e o melhor, só dependerá de mim, que passou um período pela CTI. Contudo, posso destacar que não me sinto mais o mesmo, quando me despedi alegremente da CTI e a vida continuo a cumprimentar.
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com