A morte traz sentimentos e sensações irreparáveis a quem fica destruindo o nosso ser e por um tempo sendo capaz de levar a esperança de que a vida ainda vale a pena. Todos estamos sujeitos a morrer, mas nenhum de nós é capaz de crer realmente até que ela se aproxima de nós levando uma pessoa amada. Que dizer então de uma mãe que perde seu filho na morte?  

Quando se trata do luto materno, a mãe pode se sentir muitas vezes indigna, como se fosse um pecado continuar vivendo após a morte de um filho, surgindo por vezes a sensação de não ter conseguido dar sua vida pela do filho, como tanto mencionara que faria se necessário quando ele ainda estava vivo.  

Em uma de suas músicas, intitulada “Pedaço de Mim”, Chico Buarque descreve a profunda dor de uma saudade por um filho morto, quando declama “Oh pedaço de mim, Oh metade arrancada de mim (...) A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu (...) Que a saudade é o pior castigo”. 

Contudo o luto e a dor de se perder um filho se dá também quando ocorre o aborto fetal, “a morte de um feto é a morte de um sonho”. A construção do vínculo materno, não se dá apenas quando a mãe pode enxergar e segurar seu filho nos braços, isso acontece muito antes do nascimento, é quando essa mãe por um simples exame que apenas atesta por hora sua gravidez descobre que carrega dentro de si um ser vivo, justamente por isso é tão difícil para os de fora entender a dor que essa mãe sente por alguém que para eles nem mesmo chegou a existir, sendo assim pode-se dizer que essa é a dor mais solitária do mundo, porque ninguém pode compreender para poder compartilhar com a mãe essa tristeza. 

Por mais que doa quando nossos pais, irmãos e cônjuges se vão, não há perda maior que a de um filho, alguém que se formou a partir de você, de seu corpo, que esteve tão intimamente ligado a você, simplesmente não há. Porque quando se perde os pais, se perde também seu passado, mas quando se perde um filho, perdes teu futuro.

Sarah Rebecca Eliziário Bonetti