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Jacó, aquele que lutou com Deus


Por: Fernando Razente
Data: 24/06/2025
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O nome Jacó significa “aquele que segura o calcanhar” ou “usurpador”, conforme o relato de Gênesis 25.26. Jacó era o filho mais novo de Isaque e Rebeca, e seu irmão gêmeo era Esaú. Desde o ventre, os dois já disputavam entre si, o que prefigurava o conflito posterior entre eles (cf. Gn 25.22-23). Ao nascer, Jacó segurava o calcanhar de Esaú, indicando sua futura rivalidade.

Jacó conquistou o direito de primogenitura de Esaú em troca de um prato de lentilhas (cf. Gn 25.29-34) e mais tarde enganou seu pai Isaque para receber a bênção destinada ao primogênito (cf. Gn 27). Temendo a ira de Esaú, fugiu para a casa de seu tio Labão, em Harã, de onde seu avô, Abraão, tinha sido chamado por Deus.

No caminho, Jacó teve um sonho em Betel, onde viu uma escada que ligava a terra ao céu e os anjos de Deus subindo e descendo por ela (cf. Gn 28.10-17). Deus ali lhe prometeu que estaria com ele e lhe daria uma grande descendência, renovando as promessas feitas a Abraão.

Na casa de Labão, Jacó se apaixonou por Raquel e trabalhou sete anos por ela. No entanto, foi enganado e recebeu Lia – a irmã mais velha de Raquel – como esposa. Uma semana depois, recebeu Raquel, mas trabalhou mais sete anos para finalmente ter direitos sobre ela (cf. Gn 29.15-30).

Jacó teve 13 filhos, fruto de seus relacionamentos com Lia, Raquel e suas servas Zilpa e Bila. Doze dos 13 filhos formaram as doze tribos de Israel: 1. Rúben; 2. Simeão; 3. Levi; 4. Judá; 5. Dã; 6. Naftali; 7. Gade; 8. Aser; 9. Issacar; 10. Zebulom; 11. José; 12. Benjamim (cf. Gênesis 29–30; 35.16-20).

Ainda em sua jornada, Jacó precisou retornar à terra de seus pais e, temeroso do reencontro com Esaú, preparou sua família e buscou a Deus. Durante a noite, lutou com um homem, identificado como um anjo ou o próprio Deus, e, após resistir, recebeu a bênção e teve seu nome mudado para Israel, que significa “aquele que luta com Deus” (cf. Gn 32.22-30). Este episódio marca sua transformação espiritual.

Jacó reencontrou Esaú de maneira pacífica, com demonstrações de humildade (cf. Gn 33). Quando estava em Siquém, sua filha Diná foi violentada pelo príncipe Siquém, filho de Hamor. Em resposta, seus filhos mais velhos Simeão e Levi mataram todos os homens da cidade, causando dor e vergonha ao patriarca (cf. Gn 34).

A esposa de Jacó, Raquel, morreu ao dar à luz Benjamim (cf. Gn 35.16-20) o último dos filhos de Jacó. Mais tarde, o patriarca se estabeleceu no Egito, onde José seu filho, a quem julgava morto, havia se tornado governador do Egito (cf. Gn 46–47).  Jacó abençoou os filhos de José, Efraim e Manassés (Gn 48) e depois todos os seus filhos (cf. Gn 49), morrendo no Egito com 147 anos (cf. Gn 47.28; 49.33).

Na teologia presbiteriana, a vida de Jacó aponta para verdades profundas da graça de Deus. Apesar de seu nome e histórico marcado por enganos e manipulações, Jacó era um eleito desde antes de sair do ventre, e no tempo certo, foi chamado irresistivelmente e transformado (cf. Rm 9.10-13). A eleição de Jacó descrita em Romanos 9 é um paradigma da ação salvífica de Deus, nos ensinando que a salvação divina não depende da vontade humana, mas da misericórdia de Deus.

Assim como Jacó teve sua identidade transformada por meio de um encontro com Deus, o cristão é regenerado e adotado espiritualmente como filho de Deus por meio de seu encontro com Cristo pela fé, que nos fere e nos humilha, mas nos renova e nos dá um novo nome e status diante do Senhor. Jacó, portanto, é um tipo de todos os eleitos que são moldados pela graça e não por mérito próprio (Ef 2.8-9).

A escada vista por Jacó em Betel é interpretada cristologicamente como símbolo do próprio Cristo, o único mediador entre o céu e a terra (cf. Jo 1.51). Nele se cumprem as promessas feitas a Jacó e a todos os patriarcas. Jacó morreu no Egito, mas foi sepultado em Canaã, aguardando a promessa de Deus uma esperança que se cumpre plenamente em Cristo, o herdeiro final da promessa (cf. Hb 11.21-22; Gl 3.16).

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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