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Durante a abertura da Cúpula do Clima da ONU, em Nova York, essas foram às duras palavras da jovem ativista que está enfrentando e silenciando líderes globais sobre crise climática, a sueca de 16 anos Greta Thunberg:

“Isso tudo está errado, eu não deveria estar aqui, eu deveria estar na escola do outro lado do oceano. Como vocês ousam? Vocês roubaram os meus sonhos e minha infância com palavras vazias”.

A filosofia está presente em todas as áreas da nossa vida, mas você deve esta se perguntando, mas afinal, o que tem a ver a filosofia com a polêmica questão relacionada à crise climática?

Durante muito tempo na Grécia os filósofos pré-socráticos diziam que o mundo é feito de água, outros, de fogo, outros, dos quatros elementos água, fogo, ar e terra. E esse foi um período em que a filosofia esteve preocupada em investigar a natureza com objetivo de descobrir a origem das coisas. 

Com Platão tudo isso mudou, o interesse de conhecer a natureza das coisas mudou para o interesse de conhecer o próprio conhecimento, ou seja, de que maneira adquiramos o conhecimento das coisas? 

Platão respondeu que o verdadeiro conhecimento não vem das percepções que os nossos sentidos nos oferecem, por exemplo: quando olhamos para o sol e colocamos uma das mãos na frente do sol, a percepção que temos é que a mão é maior que o sol. 

Platão então concluiu que os sentidos nos enganam. O verdadeiro conhecimento viria da observação daquilo que ele chamou de “mundo das ideias”. Há, então, dois mundos segundo Platão: o mundo dos sentidos, este que vemos e que tocamos mas que não nos oferece o conhecimento verdadeiro, e o mundo das ideias, mundo de realidades imutáveis e inteligíveis. 

O mais famoso dos discípulos de Platão, Aristóteles, abordou o problema do conhecimento de um modo diferente. Aristóteles concordou com Platão que os sentidos podem nos enganar, mas discordou da solução dada pelo seu mestre. 

Para Aristóteles os sentidos até podem nos enganar num primeiro momento, mas é por meio da observação de um determinado objeto que eu vou conseguir obter o conhecimento acerca do mesmo. Exemplifico: para conhecer a forma e as propriedades de uma laranja, preciso observa-la o máximo possível. 

Ao contrário de Platão que acreditava que o verdadeiro conhecimento vinha de uma realidade que não é a essa que vemos, Aristóteles dizia que por meio da observação das coisas que nos cercam é que vamos adquirir conhecimento acerca dessas coisas. 

E o que tudo isso te a ver com o meio ambiente?

Ora, tudo. O fato é que durante os primeiros séculos da Era Cristã o pensamento de Platão reinou. Sendo assim não tinha o porquê explorar este mundo transitório das realidades materiais. Não tinha sentido se preocupar demais com a natureza que nos rodeia. 

Isso fez com que durante mais de mil anos os avanços tecnológicos fossem tão lentos que a questão da destruição do meio ambiente fosse ausente. 

As coisas começaram a mudar a partir dos séculos 12 e 13, uma série de motivos são responsáveis por essas mudanças, mas o principal deles foi à introdução dos textos de Aristóteles no pensamento Ocidental. 

O que Aristóteles levou para a Europa Ocidental foi uma maneira completamente nova de ver o mundo. Se o conhecimento vem da observação do objeto e não de um mundo transcendental, agora a atenção do homem estava nesse mundo e nas coisas que nos rodeia. 

Não demorou a começar explorar a natureza a fim de transforma-la. Observando a natureza assim como Aristóteles sugeriu, o homem descobriu que era possível transformar aquilo em riqueza e com isso veio o avanço tecnológico. 

Não vou propor uma resposta para as polêmicas que a fala da jovem Greta têm causado e nem mesmo discorrer acerca do impacto que a exploração da natureza exerce sobre o meio ambiente. 

A ideia é apenas mostrar como o pensamento de dois filósofos que viveram há mais de vinte séculos influenciou o pensamento da humanidade e expor a contemporaneidade dessas ideias. 

Alison Henrique Moretti


Anuncie com Jornal Noroeste
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