A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


ENSINO ONLINE EM PERÍODOS DE CRISE


Por: Assessoria de Imprensa
Data: 02/06/2020
  • Compartilhar:

*Guilherme Roque Zidiotti

O Brasil se aproxima do 70° dia de quarentena. A suspensão das aulas também. Do ensino básico ao superior, os impactos da Covid-19 trazem consequências educacionais que definitivamente expõem a realidade da educação brasileira. Tornou-se comum a presença de vídeos em redes sociais de adultos, jovens e crianças reclamando, muitas vezes de forma cômica, outras não, de como estão sendo suas experiências com os novos métodos de ensino. A realidade, no entanto, não se mostra nenhum pouco agradável. Desde o início da pandemia no Brasil, escolas de todas as esferas adotaram alguma forma de educação remota, seja com plataformas virtuais, sites, aulas pela televisão aberta, uso de redes sociais e muitos outros.

Desde o primeiro anúncio da paralisação das aulas, muitas pessoas acreditaram que tudo não passaria de algo momentâneo, de poucos dias. As escolas pouco se resguardaram, os professores e os alunos não esperavam muito deste tempo sem aulas. Muitos estudantes que moram fora sequer voltaram às suas cidades natais. A orientação inicial foi de que nesse período de quinze ou mais dias sem aulas, as atividades pedagógicas e administrativas fossem mantidas de forma remota, a fim de garantir a funcionalidade do ano letivo, da carga horária, do emprego dos professores, de demais funcionários e outros fins. A princípio, a utilização do ensino virtual seria a melhor escolha para prosseguir com os objetivos.

Com o passar dos dias, muitos comentários surgiram a respeito das aulas, em todo o Brasil, trazendo à tona as problemáticas iniciais. Muitas escolas apresentaram dificuldade em se adaptar ao ensino digital, a mudança repentina do cotidiano fez com que professores acostumados com a lousa passassem a ser experts em gravação e edição de vídeo aulas, entendedores de softwares e plataformas online, os alunos se depararam com uma imensa quantidade de conteúdos, atividades, um ambiente de ensino totalmente diferente do seu habitual, sem contar as demais pessoas também envolvidas com o ensino. Certamente, a grande maioria dessas pessoas enfrentaram (e enfrentam) grandes problemas. Mas, se fossemos avaliar tudo isso somente com relação à adaptação das pessoas seria um tanto fácil, pois com um pouco de tempo todas adquiriam experiência. 

Com relação às minhas experiências, confesso que como professor em formação, sou inteiramente a favor do ensino presencial. Nesta rotina de estudos online, tenho acesso a um computador, celular e à internet. Encontrei dificuldades somente para me adaptar no início, assim como muitos outros colegas de turma. Como estudo em uma universidade pública mais recente, tanto a estruturação quanto a formação dos professores ajudaram para que nossas atividades fossem administradas da forma mais correta possível. Não sou contrário ao uso da tecnologia, acredito no uso das ferramentas de educação a distância para manter o contato com os colegas de turma, com os professores ou para a realização de algumas atividades enquanto propostas do ensino presencial e não como medida definitiva para suprir as aulas neste período. 

As aulas virtuais são uma realidade atualmente, tanto que existem universidades especializadas em cursos de graduação e pós-graduação, mas que são preparadas (quase que exclusivamente) para a forma de ensino não presencial. Neste tipo de cenário, não há como comparar a socialização, a presença humana, as boas risadas e os ensinamentos ao vivo entre os colegas e professores ou a própria estrutura da sala de aula com outros métodos de estudo. Todos os fatores e condições de uma sala de aula presencial são essenciais para o aprendizado e só são percebidos quando retirados do cotidiano.

Mas, será que todos os estudantes do Brasil compartilham da mesma realidade que a minha? Muitas vezes esquecemos que a nossa realidade não é exatamente a mesma do outro. A questão aqui, além de trazer meu relato, é colocar em reflexão a questão de que o acesso às condições de estudos virtuais como internet, computadores, estruturas de conforto e outros itens, infelizmente não são a realidade de muitas pessoas. Existem milhões de alunos que enfrentam dificuldades econômicas com a família, que passam fome, que não estão imersos em uma realidade virtual de ensino. A grande crise que a educação brasileira enfrenta nestes dias de fato expõe a realidade da desigualdade socioeconômica entre os estudantes e entre as pessoas.


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.